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Dilma joga pra torcida ao pedir clemência por brasileiro condenado por tráfico na Indonésia

18/01/2015 - 18h31
Coluna Pensando com Coragem

Olá, amigo. Estamos de volta em mais uma semana. Quero, antes de mais nada, lhe desejar uma semana cheia de paz, que  Deus, o supremo criador do universo, lhe guie e lhe dê uma semana cheia de paz.

Semana passada o mundo inteiro tomou conhecimento da execução, após condenação de pena de morte por tráfico internacional de drogas, do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, morto no sábado, 17 de janeiro, na Indonésia.

O brasileiro foi fuzilado juntamente com outras cinco pessoas, sendo uma da Indonésia, um da Holanda, dois nigerianos e um vietnamita – todos por tráfico de drogas – fuzilados depois da meia-noite local em duas penitenciárias no centro da ilha de Java.

O que mais chamou atenção neste caso foi o pedido de clemência pelo brasileiro feito pela presidente Dilma Rousseff, que além de ligar pessoalmente para o colega presidente da Indonésia, Joko Widodo, tentou apelar ao papa Francisco, para que o brasileiro não fosse executado.

Este gesto de Dilma pode ser enxergado de diversas formas. Primeiro, a questão da defesa à vida, algo precioso que Deus deu e somente Ele tem poder para tirar. O segundo seria a defesa de um brasileiro que foi condenado a pena máxima da Indonésia e agora foi executado.

Mas, o gesto de Dilma também pode ser visto como uma tentativa de interferência nas leis da Indonésia. O brasileiro não foi condenado injustamente, mas, após tentar entrar com drogas naquele país, mesmo sabendo que das leis rígidas e que caso fosse preso poderia receber tal pena.

O pedido de Dilma foi uma tentativa de usar o famoso jeitinho brasileiro, onde as leis existem para serem burladas, como foi o caso dos condenados do mensalão, que apesar de roubarem fortunas do nosso país, acabaram sendo tratados como se heróis fossem e não ficaram na prisão como deveriam.

Se no Brasil as leis existem para serem burladas, na Indonésia as leis existem para serem cumpridas, e isso faz bem para soberania daquele país. Cada país tem suas leis e na Indonésia tráfico de drogas é crime passível de pena de morte por fuzilamento.

O brasileiro tentou burlar as leis de lá ao entrar com uma grande quantidade de drogas, que, caso tivesse conseguido, poderia ter levado diversos cidadãos da Indonésia a morrerem em virtude do consumo da substância ilícita.

Isso que acontece no Brasil, por não termos leis rígidas de combate ao tráfico de drogas, sobretudo o tráfico internacional, muitos jovens tem morrido em razão tanto do uso como da comercialização de entorpecentes.

E são jovens, adolescentes, adultos, com idade entre os 12 e 35 anos, que teriam um futuro bem maior pela frente do que o brasileiro Marco Archer, que tinha 53 anos. Com essa idade no Brasil, dificilmente, estaria vivo se estivesse no tráfico de drogas, porque, normalmente, nas mortes que possuem ligação com o tráfico de drogas as vítimas têm entre 12 e 35 anos; em raros casos, estão fora dessa faixa etária.

Dilma também tem consciência que todos os dias muitos brasileiros têm sido vítimas das drogas aqui dentro do Brasil.

Eu pergunto: o que a presidente tem feito para evitar a morte destes brasileiros aqui dentro do nosso país?

Eu te respondo: nada, absolutamente nada.

Em 2018, quando haverá novamente eleição para presidente e governador, quem viver verá os candidatos fazendo promessa de melhorar a questão da segurança pública e o combate ao tráfico de drogas.

Mas, como era um fato internacional, Dilma ressorveu intervir, não para mostrar interesse pelo brasileiro, mas para jogar pra torcida. Dilma sabe melhor que ninguém que os brasileiros são cidadãos cheios de amor e que compadeceriam do cidadão condenado e daria muitos aplausos para senhora presidente.

Se ela tinha que intervir, eu pergunto: será que o Brasil enviou advogados para defender Marco Archer durante o processo que o condenou a morte?

Duvido que isso tenha acontecido.

Se Dilma quer tanto preservar a vida dos brasileiros, por que não criar leis duras no combate ao tráfico de drogas?

Será que Dilma tem noção de quantas vidas foram salvas com a condenação de Marco Archer?

Garanto que não.

Creio que foram muitas vidas. Marco tentou entrar na Indonésia com cerca de 15 quilos de drogas, o que poderia levar mais de 100 pessoas a morte, uns por comprar e não pagar e outros pelo próprio consumo, pois, o uso em excesso pode levar a overdose e, quase sempre, à morte.

Será que Dilma tem noção de quantos jovens e adolescentes já morreram só este ano no Brasil vítimas do tráfico de drogas?

Por que ao invés de fazer pedido de clemência internacional, Dilma não faz um pedido aos traficantes brasileiros para pararem de matar nossos jovens?

Eu digo: ao fazer isso, ela poderá perder o apoio dos narcotraficantes que sustentam inúmeros políticos neste país.

Nenhum político no Brasil tem interesse em intervir na matança de jovens e adolescentes em razão do tráfico de drogas.

Todos os dias continuaremos vendo nossos jovens sendo fuzilados sem que ninguém faça nada, mas, como se tratava de um traficante internacional, Dilma tentou interferir nas leis de outro país. Traficante este que já deve ter ganhado muito dinheiro com o crime, além de ter levado milhões de brasileiros e outras pessoas espalhadas no mundo à morte.

Não desejo a morte de ninguém, defendo a vida em todas as circunstâncias, porém, defendo que a lei precisa ser cumprida, quem desobedece à lei assume o risco que a desobediência pode trazer.

O Brasil precisa aproveitar o momento e abrir uma ampla discussão sobre o Código Penal, quem sabe assim, nossos jovens param de morrer.

Boa semana.

Jotta Mendes é radialista e repórter


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