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Estaria Teixeira de Freitas numa guerra civil?

09/02/2015 - 08h48
Coluna Pensando com Coragem

Querido amigo, estamos de volta em mais uma semana. Essa que foi a primeira semana de fevereiro, talvez entre para a história como a semana mais violenta da história de Teixeira de Freitas. Entre o domingo, primeiro de fevereiro, e a quinta-feira, cinco do corrido mês, foram nada menos que oito assassinatos.

Destes, dois foram empresários: um representante comercial e  um pedreiro. Um senhor de 45 anos foi morto dentro da garagem de sua casa. Outro jovem que foi assassinado diante de um possível desentendimento de transito.  E ainda mais  dois jovens que tiveram suas vidas ceifadas de forma covarde e cruel.

Os cidadãos de bem, dessa cidade, não pode se calar diante de tamanha violência! O que está acontecendo em Teixeira de Freitas parece mais uma guerra civil.  Onde a frase “Salve-se quem puder” pode muito bem ser usada. Afinal, os elementos do mal não têm escolhido horário nem local para fazer suas vítimas. A cada dia que passa a ousadia na execução dos crimes é maior, aterrorizando ainda mais a população.

Quando executaram a primeira vítima no domingo primeiro de fevereiro, os elementos do mal o executaram logo nas primeiras horas do dia. Já na tarde da segunda-feira, dia dois, um jovem foi alvejado a tiros no Liberdade. Apesar de ser alvejado na boca com cerca de quatro disparos, o jovem foi socorrido ao HMTF e resistiu pelo menos até o presente momento.

Os tiros contra o jovem era apenas o prenúncio do que estaria por vir na noite de segunda-feira. No início da noite, o empresário Cristiano conversava com o representante comercial;  Edvaldo Moura Ribeiro, na porta de seu estabelecimento, o Mercadinho JC no referido bairro, quando foram interceptados por elementos armados. Os mesmos chegaram ao local caminhando e desferiram cerca de nove disparos de pistola 380 nas vítimas. O Cristiano veio a óbito no local, já Edvaldo foi socorrido ao HMTF, mas, acabou morrendo cerca de duas horas depois.  isso fez com que Teixeira registrasse três óbitos nos dois primeiros dias do mês de fevereiro.

Já na terça-feira, dia três, o crime aconteceu pouco depois do mesmo horário do dia anterior, porém no mesmo bairro. Na quarta-feira, dia quatro, a primeira vítima do dia foi o jovem Andro Silva Guimarães, executado após um possível desentendimento de transito, por volta das 7h30.  Já por volta do meio dia, quando fechava o seu estabelecimento, o Mercadinho JE, o empresário João Alves Gonçalves Filho foi surpreendido pelos assassinos e assassinado na porta de seu estabelecimento.  Na tarde do mesmo dia, Kelvin Rocha Moreira de 23 anos, ferido durante motim no CPTF veio a óbito no HMTF .

Na manha de quinta-feira, dia cinco, logo cedo às 6h30, a vítima foi Joaquim Alves Santos, de 45 anos. O qual foi chamado à porta de sua residência, quando saiu para atender foi executado na garagem de sua casa. Essa seria a 8ª vítima do tenebroso inicio de fevereiro.

Para tentar conter a violência às forças de segurança anunciaram à vinda do batalhão de choque de Salvador. Diversas intervenções foram feitas, o que deixou a cidade tranquila, sem registrar nenhum homicídio pelo menos entre a manha de quinta-feira e a noite de sábado, quando redigia  esta coluna. Mas antes de terminar esta matéria fui surpreendido com a triste noticia de um duplo assassinato que aconteceu na noite de sábado do  dia sete do corrido mês. O qual dois jovens foram cruelmente sequestrados e assassinados.

Essa sequencia de mortes nos leva a pergunta, “Estaria Teixeira de Freitas numa guerra civil?”.

Se somados juntos, janeiro e fevereiro registraram 18 mortes até agora. Ainda estamos na segunda semana de fevereiro, o que pode aumentar e muito os números deste mês, mas quem sabe pare por ai.

Se estivermos numa guerra civil, como devemos reagir?

Partimos para guerrear? Ou é hora de estender a bandeira branca?

Seja qual for a decisão precisamos fazer isso urgente.

No sábado, dia sete deste mês pela manha, familiares das vítimas apoiado por algumas entidades e personalidades, fizeram um manifesto pedindo paz pelas ruas da cidade. Apesar do pequeno número  de pessoas, o movimento foi considerado muito proveitoso, pois conseguiu atingir seus objetivos.

Acho, porém, que isso não seja o bastante, precisamos fazer mais!

Trazer o batalhão de choque, talvez resolva, mas isso é apenas uma medida paliativa. Quando a cidade, aparentemente, estiver sobre controle, o batalhão de choque vai embora. E eu pergunto, o que vai acontecer depois que o batalhão de choque for embora?

Estará a cidade preparada para uma nova avalanche de mortes violentas?

Precisamos de uma medida definitiva. Um paliativo não vai proteger os cidadãos de bem de nossa cidade. Quando as forças de seguranças voltarem a ser o que tem sido nos últimos dias, será que os matadores não matarão pelos dias que ficaram sem matar?

O pior de uma guerra civil é que você não sabe de onde vem o inimigo, ou até mesmo quem é o inimigo.

Mas, enquanto a população sofre com a chamada violência urbana; os juízes, promotores, delegados, comandantes PMs, políticos, andam armados, ou cercados de seguranças. E parecem que, aparentemente, não tem interesse em resolver o problema.

A solução imediata do problema talvez fosse colocar mais policiais nas ruas; aumentando o efetivo, melhorando o armamento, dando melhores condições de trabalho. Mas isso também não seria uma solução definitiva. Precisamos pensar no futuro, e isso talvez seja melhor rever o código penal, investir em educação, em esporte, fazer com que nossos governantes também se interessem pelo assunto.

Enquanto o assunto estiver preocupando apenas a sociedade, vamos continuar sofrendo. Os nossos políticos, principalmente, precisam fazer alguma coisa.

Será necessário que algo aconteça com um político para que algo seja feito?

É o que parece.

Enquanto isso não acontece, vamos continuar lutando e torcendo para não morrer.

Salve-se quem puder.

Boa semana.

Jotta Mendes é radialista e repórter


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