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O efeito dos programas sociais nas urnas

28/10/2014 - 14h09

FOCO NO POER

Por Dilvan CoelhoFoco no poder Dilvan

O recado que as urnas mandaram

A eleição presidencial mais disputada dos 125 anos de República deixa o país dividido entre os que produzem e pagam impostos e os beneficiários de programas sociais. Esta é a mais dura realidade do recado que as urnas mandaram. O País ficou dividido entre ricos e pobres. Dilma Rousseff venceu, por apenas 3,2 % sobre o oposicionista Aécio Neves com uma diferença de 3,5 milhões de votos, equivalente a um pouco mais do eleitorado de um estado pequeno como a Paraíba. O Norte-Nordeste ficou alinhado com o governo e o Sudeste-Sul-Centro-oeste com a oposição. Ficou evidente que o País que produz e paga impostos deseja o PT longe do planalto, enquanto o Brasil cuja população se beneficia dos programas sociais, não só o bolsa família, financiados pelos impostos, não quer mudanças em Brasília, por razões muito óbvias.

O efeito dos programas sociais nas urnas

Se considerar os dependentes, apenas do Bolsa Familia congrega uma clientela de 50 milhões de pessoas, um quarto da população brasileira, muitas dessas pessoas são eleitores ou dependentes. Sem falar do programa minha casa minha vida em que a casa de quem é beneficiado é praticamente doada, pois não paga no final de 10 anos nem 10% do valor do imóvel. Há registro de mensagens recebidas por bolsistas de que Aécio acabaria com o Bolsa Familia, o mesmo ocorreu com os beneficiários do Minha Casa Minha Vida. O fato mais evidente é que quem tem acesso a esses cadastros são gente do governo. Esse terrorismo é peça de artilharia eleitoral já conhecida, mas desta vez seu emprego foi usado com mais intensidade.

Os números das urnas na realidade

Dilma teve 54,5 milhões de votos e Aécio 51,0 milhões, brancos e nulos 7,0 milhões e 30,0 milhões não compareceram às urnas. Portanto 88,0 milhões de brasileiros não votaram na presidente, isso significa que esse contingente não aprova o seu governo. Dilma não irá governar apenas com o País dividido, irá governar com a minoria. O nordeste e o norte deram a Dilma 25,0 milhões de votos e Aécio teve menos de 8,0 milhões nas duas regiões, essa diferença foi essencialmente quem deu a vitória a Dilma. Outro dado importante é que em seis estados brasileiros a votação de Dilma representou 57 % dos votos que ela teve e que chegou a 31 milhões de eleitores. Foram eles: SP 8,5 milhões, MG 6,0 BA 5,0 RJ 4,5 CE 3,5 e PE 3,5 milhões. As maiores diferenças foram em São Paulo onde Aécio teve uma vantagem de 7,0 milhões e na Bahia onde Dilma ficou na frente com 3,0 milhões.

Aonde o PT foi mais rejeitado e votado

O fato de São Paulo, o estado mais populoso e rico da Federação, ter demonstrado nas urnas que é antepetista, deve levar o governo e o partido a refletir e decifrar a conduta do eleitor paulista. O eleitorado de São Paulo votou em Aécio maciçamente, ele teve 64% dos votos ou seja 15,3 milhões de votos enquanto Dilma teve 36% 8,5 milhões. Foi dura a derrota do PT no estado que nasceu, inclusive na região do ABC paulista aonde o movimento sindical dos metalúrgicos, na década de 70 gerou LULA e outras lideranças do Partido e da CUT. O maior percentual de votos de Dilma foi nos estados mais pobres do nordeste: Maranhão 79%, Piauí 78% e Ceará 77%.

Na Bahia, Dilma venceu, mas perdeu em 5 cidades

A presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) manteve a preferência na Bahia, obtendo 70% dos votos, mas Aécio Neves (PSDB) ganhou terreno no Estado e conquistou a maioria dos votos em cinco municípios baianos: Vitória da Conquista, Luís Eduardo Magalhães, Eunápolis, Itapetinga e Buerarema. A maior vantagem de Aécio nestas cidades foi em Buerarema e chegou a 38% de diferença. Dilma conquistou as demais cidades baianas, sendo que a maior diferença foi em Nova Redenção, onde a petista recebeu 90,61% dos votos e Aécio 9,39%. Apesar de ter a preferência na maioria dos municípios baianos, Dilma venceu em 25 cidades com uma diferença de menos de dez pontos percentuais. Em Salvador, a presidente foi a opção de 67% dos eleitores e o tucano de 33%.


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