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Uma roça de bananas, ou, o império da corrupção?

14/12/2014 - 19h08
Coluna Pensando com Coragem

Amigo, estamos de volta em mais uma semana, sempre na confiança em Deus que será de paz, abençoada e coberta pela graça d’Ele.

Esta semana foi decisiva para as Câmaras de Vereadores em diversas cidades do extremo sul, quase todas tiveram que escolher a nova mesa diretora para o biênio 2015/2016, algumas já tinham antecipado a escolha.

Em algumas, houve muita disputa pela presidência da Câmara, que é o terceiro cargo mais importante no município, pois, na ausência do prefeito e do vice, ele pode assumir a chefia, mas, o que está em jogo não é nem essa remota possibilidade, já que não temos notícia de que em alguma cidade do extremo sul o presidente da Câmara tenha assumido, mesmo que interinamente, o posto de prefeito.

O que está em jogo é que em algumas Câmaras os recursos administrados chegam a ser maiores que os disponíveis em muitas cidades, além do poder de barganha do presidente, que usa o cargo para negociar projetos que sejam de interesse do prefeito, tirando vantagens dessa negociação.

As duas cidades do extremo sul onde houve mais polêmica na eleição foram Teixeira de Freitas e Itamaraju, esta última, inclusive, teve uma disputa muito acirrada e o caso foi parar na Justiça, ainda não há consenso em dizer quem tem razão lá.

Já Teixeira de Freitas, não houve disputa, houve polêmica.

Tomires Barbosa Monteiro, o “Miro”, aquele que já foi expulso do PT porque se recusou a pagar o dízimo do partido quando era vereador, voltou a ocupar uma cadeira no Legislativo, desta vez pelo PTB, embora os dois partidos estivessem na mesma coligação.

Agora, vira presidente levando de presente os 5 votos dos vereadores do PT, além de ter os líderes do partido trabalhando por sua eleição, como se dissessem: “Serve para ser presidente, mas, não serve para fazer parte do PT”. Miro levou ao todo 13 dos 19 votos, ou seja, o dobro mais um que seu opositor, o vereador Ariston, que entrou para atual legislatura já quando as portas estavam fechando, ficando com a última vaga, além da pior votação dos 19 vereadores, cerca de 690 votos.

Ariston disputou apenas para dizer “um dia disputei a presidência da Câmara de Teixeira de Freitas”, porque quando se iniciou a sessão toda cidade sabia que Miro era o novo presidente. Ariston, no entanto, preferiu ir pra disputa, já sabendo que seria derrotado, já que além da situação ter articulado melhor, Ariston por si só possui uma enorme rejeição entre os próprios colegas e seu nome não seria bem digerido por muitos vereadores.

Ao tomar conhecimento da derrota, Ariston partiu para o ataque, e, como se diz na gíria “jogou muita merda no ventilador”. Ariston acusou os colegas de terem se vendido ao Poder Executivo para fazer de Miro o novo presidente.

Ariston deixou bem claro que não foi ele que perdeu a eleição, mas, que as vantagens oferecidas por Marcílio Goulart, chefe de gabinete do município, que fizeram de Miro o novo presidente da Câmara.

Segundo Ariston, houve corrupção na captação de votos para eleger Miro, chegou a dizer que houve vereador que trocou alvará de mototaxistas por uma namorada, tipo “se você namorar comigo, lhe dou um alvará de mototáxi”.

O vereador também acusou os vereadores Adriano Souza e Juvenal das Laranjas de terem lhe pedido mais de cem mil reais para votar nele como presidente da Câmara, além de deixar claro que outros colegas, sem citar nomes, teriam comercializado seus votos com Marcílio Goulart.

Em seu discurso como candidato à presidência, Ariston usou uma fala do ex-vereador Tião Mendes para ilustrar a instalação da corrupção dentro da Casa Legislativa: “A corrupção reina nesta Casa”, com isso, a casa, que deveria ser do povo, se transforma no império da corrupção. Pela fala do edil, se percebe que houve muita negociata pela presidência, envolvendo cargos, vantagens e até dinheiro vivo, como o próprio edil deixou claro.

As denúncias que partiram não só de Ariston, mas também do vereador Agnaldo da Saúde, deixou claro um sistema de corrupção instalado dentro da Casa, que deveria ser de leis, mas que, pelas denúncias, se transforma numa casa para burlar as leis.

Todas essas denúncias precisam ser apuradas, haja vista que toda Câmara de Vereadores ficou marcada e colocada sob o manto da suspeição; o vereador chegou a dizer que quando passa pelas ruas, o povo o chama de ladrão pelo simples fato de ser vereador de Teixeira de Freitas.

Caso todas as denúncias apresentadas não sejam apuradas, todos os vereadores que compõem o Legislativo local ficarão manchados pela corrupção, fazendo com que Miro, que já foi vereador, secretário de Educação, secretário de Meio Ambiente e Turismo, chegue a presidência sob suspeita de corrupção.

A própria história de Miro, que foi expulso do PT, apenas porque se negou pagar o dízimo do partido, precisa ser passada a limpo, deixar de pagar o dízimo ele deixou, mas nunca ninguém tomou conhecimento de qualquer ilicitude envolvendo o nobre edil, que precisa agora afastar o manto da suspeição de sua bela história.

Em novembro de 2013, Juvenal das Laranjas disse a seguinte frase: “Aqui tem 19 bananas”, agora, Ariston diz “A corrupção reina nesta casa”.

Sem querer fazer qualquer alusão a novela “Império”, da Globo, eu pergunto: seria a Câmara de Vereadores de Teixeira de Freitas uma roça de bananas, ou, o império da corrupção?

Se for o império, quem seria o comendador? Será que existe algum Cláudio na Câmara?

Pelo visto, acho que o comendador estaria no outro poder.

Se for uma roça de bananas, acho que tem banana estragada contaminando as demais, ou, estão todas estragadas e só agora se percebe que elas não são próprias para o consumo.

Apesar de ser uma fruta rica em vitaminas, a banana tem um preço muito aquém do seu poder nutritivo, levando por este lado, acho que tem vereador que não vale a casca da banana, quanto mais a banana inteira.

Como as denúncias foram apresentadas na véspera do recesso de final de ano, todas elas serão esquecidas quando o novo ano chegar, enquanto isso, vamos ter que nos contentar em perceber que as bananas estão corrompidas e que, talvez, a roça precise ser queimada para que a contaminação não pegue na próxima roça de bananas.

Boa semana e até a próxima

Jotta Mendes é radialista e repórter


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