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‘Modificado’ Cérebro das mães reage de maneira diferente ao choro do bebê

22/11/2017 - 14h37

Em comparação com mulheres ainda sem filhos, no órgão das mães, as áreas relacionadas ao movimento e à fala são acionadas quando elas escutam o filho chorar, mostra estudo

Você também tem a impressão de que o ouvido ficou mais aguçado depois que virou mãe? A ciência explica. De acordo com uma pesquisa publicada pela Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, realizada com cerca de 600 mulheres de 11 países diferentes, entre eles o Brasil, o cérebro sofre algumas adaptações, de fato, após a maternidade. Por conta disso, quando ouvem seus filhos chorar, as áreas cerebrais associadas à intenção de se movimentar e de falar são ativadas imediatamente nas mães. O que não aconteceu, nos experimentos, com aquelas que não tinham filhos.

Tudo isso é resultado de um preparo do nosso organismo para a maternidade. E é claro que não ocorre da noite para o dia: são nove meses de inúmeras novidades e aprendizados. Como explica o neurocientista Gilberto Xavier, responsável pelo laboratório de Neurociência e Comportamento da USP, trata-se de uma combinação de fatores biológicos e ambientais. “Ao engravidar, a mulher passa por uma série de alterações hormonais que geram diferentes conexões cerebrais, incluindo a produção de novos neurônios”, explica. Além disso, segundo o especialista, a interação entre a mãe e o filho no dia a dia (que estimula a visão, o olfato, o tato da mulher) provocam novas mudanças no cérebro da mesma.

Na verdade, conforme reforça o especialista, essas transformações cerebrais vêm sendo estudadas há pelo menos 15 anos. As últimas descobertas, como foi comprovado mais uma vez nesse estudo, é que os hormônios da gravidez alteram algumas funções no cérebro, que faz novas conexões. Já foi observado em outras pesquisas, aliás, que novos neurônios nascem no cérebro feminino nessa fase.

E as mães adotivas?

Esse estudo, em especial, se limitou às mães biológicas. No entanto, sabemos que a interação entre mãe e bebê no dia a dia também provoca muitas transformações no cérebro da mulher. Ao cuidar dele, seja ela a mãe biológica ou adotiva, todos os cinco sentidos da mãe são estimulados e, é claro, essas novas experiências geram mudanças também. Uma delas, por exemplo, é o aumento do hormônio ocitocina (que muitos chamam do hormônio do amor), uma substância cujos níveis se elevam no nosso organismo quando estamos apaixonados. No caso da maternidade, ele é um dos responsáveis pelo fortalecimento do vínculo com o filho. Concluindo, ser mãe é uma grande transformação para toda e qualquer mulher.


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