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Mouros x Cristãos encerram ás festividades de São Sebastião em Caravelas

22/01/2015 - 10h15
tn_Público presente em grande numero durante a  festividades (1)

Caravelas sede e os distritos de Rancho Alegre, Ponta de Areia e Barra mantêm viva a tradição dos Mouros x Cristãos que passa de geração para geração, este ano de 2015 ás festividades teve o acompanhamento da equipe do SBT que nos últimos dias do evento registraram tudo de pertinho pelas as ruas do centro histórico são tomadas por soldados Mouros e Cristãos, que travam uma batalha histórica.  Na ultima terça feira dia 20 de janeiro encerrou ás festividades de São Sebastião em Caravelas sede. O festeiro de Caravelas este ano foi o Genilson.tn_Mouros e Cristões em frente a Co-Catedral de Santo Antonio.

Varias personalidades caravelenses estiveram em lados opostos como:  Capitães Piaba e Zá Antônio e o Embaixador Luiz de Piaba fizeram parte do Cristões, Já os Capitães Nei, Nonato  e Embaixador Adilson fizeram parte dos Mouros  Esta é uma história milenar que sobrevive em estórias e eventos diversos no folclore brasileiro, os quais destacam Carlos Magno como herói do cristianismo. Histórias de poetas populares contadas e cantadas em prosa e verso, principalmente na literatura de cordel. Estórias também como textos-matrizes das representações dramático-coreográficas das congadas, alardos e cheganças, com seus cantos e ritmos de conjuntos instrumentais.tn_Capitão Piaba dos Cristões e soldados protegendo uma das entredas da Co-Catedral de Santo Antonio

É mais explícita ainda nas versões da cavalhada, grande teatro a cavalo no qual cavaleiros armados revivem com intensa simbologia a guerra santa das cruzadas. Com toda a sua fabulação-mitificação, a raiz deste mote Mouros/Cristãos, encontra-se na história real do ocidente, na Idade Média, e reforça o capítulo da imposição da supremacia cristã sobre o islamismo. Em Caravelas, extremo sul da Bahia, vamos encontrar o alardo chamado Mouros e Cristãos. Alardo é teatro dramático folclórico, na mesma linha da congada, que simula luta entre dois grupos. São duas facções inimigas: os “soldados mouros”, que roubam a imagem de S. Sebastião, cuja festa se comemora, levando-a sorrateiramente para o outro lado do rio que banha a cidade; e os “soldados cristãos”, guardiões da fé, responsáveis pela devolução do ícone à igreja. Os dois grupos têm espadas como arma. Legítimo teatro ao ar livre, conta com a participação da comunidade e desenvolve-se em dois dias.tn_Mouros

O ponto culminante é o episódio das embaixadas e a guerra entre os rivais quando os mouros atravessam o rio em três barcos vermelhos conduzindo o estandarte com a meia-lua e a disputada.tn_Embaixador dso Cristões Lui de Piaba e o Capitão dos Mouros Nonato travando um combate em a Co´Catedral de Stº Antonio

Os cristãos exigem a sua conversão, o que evidentemente não é aceito e inicia-se a batalha – luta de espadas pelas ruas da cidade –, enquanto o “santo” fica protegido no forte que é uma palhoça improvisada com folhas de coqueiro. No dia seguinte, em combate final, a imagem é recuperada, os mouros batizados e vendidos aos presentes para se obter dinheiro para a comemoração da vitória com bebidas alcoólicas. Temos aí duas representações cheias de rituais, signos e símbolos com os mesmos mecanismos e ideologia: o poder da fé cristã, a verdadeira, vencendo os seguidores de Maomé, os infiéis. O eterno maniqueísmo do bem contra o mal. No entanto, observa-se que a simbologia primordial do poder cristão é ofuscada, pois o que conta mesmo é o costume de repetir um ritual considerado “antigo”, lúdico, de congraçamento social, que envolve e entusiasma as comunidades.tn_Cristões

Os cavaleiros cristãos, na época da primeira cruzada, depois de terem conquistado Jerusalém no ano 1099, dividiram a região da Terra Santa em diversos reinos e, explorando a fraqueza e os desacertos entre os maometanos, conseguiram firmar-se lá por dois séculos. Situação que durou até que Saladino, um chefe curdo, conseguiu liderar o povo do Crescente para expulsá-los. A partir dele, os dias de posse da cristandade de um pedaço da terra sagrada se encerraram.


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