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‘Não tentaram salvar meu filho’, diz noivo de grávida que morreu horas após sentir dor e receber alta

14/11/2017 - 09h41

Bruna Stephania Pires, de 28 anos, estava de 9 meses quando sentiu fortes dores abdominais

O noivo da gestante que morreu com o bebê ainda no útero, horas após receber alta com fortes dores abdominais na Santa Casa de Roque (SP), afirma que houve “negligência e descaso” da equipe médica.

Em nota, a unidade informou que a jovem foi vítima de AAA (aneurisma da aorta abdominal) e que o caso terá uma apuração rigorosa. (Veja o comunicado completo abaixo)

De acordo com o companheiro da vítima, Caio Cesar Migliaccio, 27 anos, a noiva Bruna Stephania Pires, de 28 anos, passou por “exame de toque” e uma “lavagem no intestino” antes de ser liberada na madrugada de sábado (11), e voltar para casa com os mesmos sintomas após ser medicada.

“Ainda no hospital, ela pedia para eu fazer massagem na barriga, perto da costela, onde estava com muita dor, enquanto tomava soro. Depois, o médico chegou e disse que o problema já tinha sido resolvido por causa da lavagem intestinal. Realmente a Bruna disse que tinha aliviado um pouco e foi liberada”, diz.

O noivo de Bruna Stephania Pires a levou para casa e, logo pela manhã, o rapaz se deparou com ela pedindo ajuda e espumando pela boca.

“A dor a acordou. Ela já estava com hemorragia e comecei a realizar os primeiros socorros enquanto o resgate não chegava. Em nenhum momento falaram de fazer o parto. Não tentaram salvar meu filho”, conta.

Sobre o parto da criança,  a Santa Casa de São Roque para explicar sobre o procedimento, mas não teve resposta.

Bruna e o bebê, ainda no útero, não resistiram e morreram no sábado. O enterro da jovem foi realizado no fim da tarde de domingo (12), no Cemitério Municipal de Alumínio.

Gestação tranquila

Segundo Caio, a companheira era saudável e não teve problemas durante toda a gestação. O casal morava junto há dois anos e estava com a casa pronta para receber o bebê, que se chamaria Caio Cesar Migliaccio Filho.

Conforme informação do Instituto Médico Legal (IML) à família, o bebê pesava cerca de 4 kg. “Foi negligência e descaso do médico.

Ela foi medicada e liberada sem um diagnóstico concreto, sem exames que poderiam identificar o que realmente estava acontecendo. Meu filho morreu perfeito”, diz o pai.

A Santa Casa afirmou que casos de aneurisma da aorta abdominal são raros no perfil dela, muitas vezes assintomáticos e fatais em 90% das vezes em que há rompimento da parede abdominal.

“Todo o ocorrido merece e terá uma apuração rigorosa e pautada por especialistas da área para podermos ter uma conclusão justa e perfeita e então apontar, se houver, quem são os culpados, não se pode esquecer que existem órgãos sérios, profissionais e capacitados para essa investigação”, diz a nota.

O hospital ainda afirmou que vem sendo vítima de um “linchamento moral”. “O que não se pode aceitar, nestes tempos de ânimos acirrados e que sistematicamente tem acontecido com a Santa Casa, é a realização de um linchamento moral nas redes sociais, a qual ultimamente vem sendo vítima de difamação em redes sociais e outros canais, mas as pessoas se esquecem que amanhã são elas que poderão necessitar da Santa Casa.”

A Santa Casa termina a nota manifestando um “profundo pesar pelo ocorrido”. O hospital não falou sobre o primeiro atendimento pelo qual Bruna passou e sobre a alta, mesmo com dores abdominais.


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