Destaque

Produzido há 8 mil anos, vinho mais antigo do mundo é descoberto

14/11/2017 - 10h18

Arqueólogos anunciaram nesta terça-feira a descoberta da mais antiga evidência de produção vinícola do mundo. No sítio de Gadachrili Gora, na República da Geórgia, foram encontrados resíduos de vinho em fragmentos de jarros de cerâmica. Por meio de análise química, os cientistas dataram a origem da produção da bebida em cerca de 6.000 a.C., mil anos antes da data até então aceita.

O sítio arqueológico de Gadachrili Gora fica a aproximadamente 50 quilômetros da capital Tbilisi. As escavações revelaram diversos fragmentos de cerâmica, que foram analisados pelos pesquisadores. Com novo métodos de extração química, eles confirmaram a presença de ácido tartárico, composto marcador da uva e do vinho, além de outros três ácidos orgânicos associados: málico, succínico e cítrico. Os resíduos foram encontrados em oito jarros grandes, o que indica a produção em escala da bebida.

— Nós acreditamos que este é o mais antigo exemplo de domesticação de videiras euro-asiáticas selvagens apenas para a produção de vinho — comentou Stephen Batiuk, pesquisador da Universidade de Toronto e coautor do estudo publicado na revista “Proceeding of the National Academy of Sciences“. — A versão domesticada da fruta tem mais de 10 mil variedades de mesa e de vinho. A Geórgia é lar de mais de 500 variedades apenas para a produção de vinho, sugerindo que as uvas foram domesticadas e cruzadas na região por muito tempo.

O local das escavações abrigou dois vilarejos que datam do período Neolítico, que começou por volta de 15.200 a.C em regiões do Oriente Médio e se encerrou entre 4.500 a.C. e 2.000 a.C. em outras partes do mundo. O período é caracterizado por um conjunto de ativistas que inclui o início da agricultura, a domesticação dos animais e o desenvolvimento de técnicas como a cerâmica e a tecelagem.

— A cerâmica, que era ideal para o processar, servir e armazenar bebidas fermentadas, foi inventada neste período junto com muitos outros avanços na arte, tecnologia e cozinha — explicou Batiuk. — Em essência, o que estamos examinando é como o pacote neolítico de atividade agrícola, produção de ferramentas e artesanato desenvolvido anteriormente mais ao sul, onde estão Iraque, Síria e Turquia, foi adaptado ao ser introduzido em regiões diferentes com climas e plantas diversas.

Combinando dados arqueológicos, químicos, botânicos, climáticos e de datação por carbono, os pesquisadores demonstraram que a Vitis vinifera, usada até hoje na produção de vinhos, era abundante naquela região. Ela crescia sob condições ambientais ideias no durante o Neolítico, similares às das atuais regiões vinícolas da Itália e França.

— Nossa pesquisa sugere que uma das primeiras adaptações da forma de vida neolítica ao avançar para o Cáucaso foi a vinicultura — disse Batiuk. — A domesticação da uva aparentemente levou ao surgimento da cultura do vinho na região.

Segundo o pesquisador, são comuns antigas populações que tinham no vinho uma bebida central em praticamente todos os aspectos da vida, das práticas medicinais aos rituais de celebração.

— Como medicamento, lubrificante social, substância de alteração do estado da mente e commodity de alto valor, o vinho se tornou foco de cultos religiosos, fármacos, cozinhas, economias e das sociedades por todo o Oriente Próximo antigo — disse Batiuk.

Fonte: OGlobo


Deixe seu comentário