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Morte de Cassiane completa um ano e população vai às ruas pedir celeridade no processo

24/11/2015 - 23h16
Cassiane Lima

A morte da adolescente de 15 anos, Cassiane Lima dos Santos, que chocou o extremo sul baiano, completa um ano na próxima sexta-feira.

Cassiane foi estuprada e assassinada por um vizinho, no dia 27 de novembro de 2014, dentro da própria casa no bairro Cidade de Deus em Teixeira de Freitas.

No dia em que o assassinato completa um ano, a família da adolescente junto ao Instituto Bom Samaritano e o Movimento Cassi, vão às ruas na primeira Caminha Pela Paz e Justiça, com objetivo de pedir celeridade ao processo na Justiça.

A primeira audiência relativa o Processo de Júri do caso, aconteceu no dia 16 de março deste ano. Ismael de Jesus Morais, de 27 anos, acusado de matar a adolescente, juntamente com as testemunhas do caso foram ouvidos pelo juiz Argenildo Fernandes dos Santos.

O desaparecimento e a descoberta do crime

Cassiane desapareceu no dia 27 de novembro e o corpo foi encontrado no dia 2 do mês seguinte. O corpo foi localizado depois que policiais da 8ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior, em parceria com a Delegacia de Tóxico e Entorpecentes e a Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher, prenderam o autor do crime, Ismael de Jesus Morais de 27 anos, vizinho da vítima.

Ismael, que já tem passagem por roubo, furto e desmanche de veículos e que já respondia a estupro de vulnerável pela Comarca de Prado desde 2007, foi preso em frente ao trabalho, sob força de um mandado de prisão temporária.

No dia do desaparecimento, a mãe da adolescente, Cida Santos, saiu para trabalhar e deixou a filha sozinha em casa, já que suas duas irmãs mais novas haviam ido para a escola. O sumiço foi percebido ainda pela manhã, depois que uma amiga ligou insistentemente para a adolescente, que não atendeu o celular.

Cassiane Lima2

Cassiane havia ficado em casa, dormindo, e não foi encontrada. Em sua cama havia vestígios de urina e o celular também foi deixado no quarto.

O primeiro comunicado na Polícia foi feito através da Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher, onde atuam as delegadas Kátia Guimarães e Andressa Carvalho. Elas solicitaram uma perícia na casa de Cassiane, localizada no bairro Cidade de Deus, em Teixeira de Freitas.

O trabalho pericial executado pelo perito criminal Manoel Garrido da 8ª Coordenadoria Regional de Polícia Técnica coletou parte do colchão e do forro da cama, onde havia vestígios de urina. O material foi encaminhado para Salvador, para verificar a existência de material genético.

Com a comunicação do caso à 8ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior, comandada pelo delegado Marcus Vinicius, com apoio do delegado Marco Antônio Neves, da Delegacia de Tóxico e Entorpecentes, o trabalho investigativo foi intensificado.

O delegado Marco Vinicius explicou na época que a princípio, a Polícia trabalhou com a possibilidade de fuga para um namoro, já que no celular da adolescente havia mensagens de um número internacional, onde estaria se formando uma espécie de namoro, mas a linha de investigação acabou sendo enfraquecida dias depois.

Em outra linha de investigação, a Polícia trabalhava com base em ameaças feitas à família da adolescente, encontradas no celular da mãe, entregue nos dias 8 e 12 de novembro.

Ismael confessou o assassinato da adolescente

Ismael assassino de Cassiane Lima

Somente no dia 30 de novembro, após uma nova visita à casa, a Polícia observou uma fresta no muro do quintal que dava acesso à casa de Ismael, o vizinho, que já tinha histórico criminal bastante extenso. O fato dos vizinhos também não terem ouvido qualquer barulho pela manhã do dia 27, intrigava a Polícia e levantava a suspeita sobre alguém próximo da família.

Após investigações, os policias descobriram que Ismael já havia invadido a casa de Cassiane durante a madrugada, e chegou a tocar no pé da adolescente, mas com medo, ela não chegou a vê-lo. Uma tia da vítima também já havia flagrado o assassino no interior do imóvel.

O Serviço de Inteligência também descobriu que no dia do crime Ismael chegou atrasado na cervejaria onde trabalha, às 7h43, e não conseguiu apresentar para a polícia nenhum álibi para explicar onde esteve entre as 6h30 e o horário de entrada no serviço no dia 27 de novembro.

Dois dias depois, um morador do bairro que fazia um trabalho de mecânica no carro de Ismael encontrou um fio de cabelo de 13 centímetros de comprimento na cor castanha, no fundo do porta malas do Uno do acusado.

Diante das evidências, a Polícia Civil pediu a prisão temporária de Ismael. O mandado foi cumprido nas primeiras horas da manhã do dia 1º de dezembro, e em depoimento de forma fria e tranquila ele negou as acusações.

Ismael negou o crime até ficar frente a frente com o pai de Cassiane, Revenildo Almeida Santos, que implorou pelo direito de sepultar sua filha. Após a súplica da família, Ismael mudou o depoimento e confessou o crime.

De acordo com delegado Marcus Vinicius, Ismael invadiu a casa e após uma suposta tentativa de se relacionar sexualmente com a vítima, acabou esganando a adolescente com as mãos, depois disso usou um pedaço de arame para cometer esganadura. O assassino nega o abuso sexual, inclusive se manteve firme nas negativas no dia da audiência, mas a Polícia acredita que ele tenha se relacionado com a adolescente antes ou após a morte.

Ocultação do corpo

Policia fala sobre morte de Cassiane Lima14

Com a adolescente morta, Ismael levou o corpo para uma plantação de eucalipto às margens da BR 101 em Itaitinga, interior de Alcobaça e voltou para o trabalho, o que explica o seu atraso.

No final do expediente, já no início da noite, o assassino voltou ao local e enterrou o corpo em uma cova rasa. A localização foi dada por ele e o desenterramento foi feito pela Polícia Técnica.

Ismael assassino de Cassiane Lima2

Segundo o perito criminal Manoel Garrido, o corpo estava apenas com a parte de cima do baby-doll e, apesar de ter sido enterrado há cinco dias, o estado do corpo ainda permitiu a coleta da secreção vaginal. O material também foi encaminhado para Salvador para exame de laboratório e pesquisa de espermatozóides.

Silêncio

Ismael foi apresentado à imprensa no final da tarde do dia 5 de dezembro, e ficou em silêncio diante das perguntas feitas pelos repórteres. Sem demonstrar arrependimento, ele deixou a sala de entrevistas sem dizer uma única palavra.

Depoimento na audiência

Quando questionado sobre o motivo do crime, Ismael disse que três dias antes de matar a adolescente, ele estava no quintal de sua casa, e que a moça teria passado por ele dizendo que “ladrão tem que ser preso”, o que fez entender que seria uma indireta para ele.

De acordo com o acusado, uma pessoa não identificada lhe contou também que Cassiane teria ligado para a Polícia para fazer uma denúncia de que ele estaria com um carro roubado, e de fato os militares estiveram em sua casa, e apreendeu um Fiat Uno, vermelho. Ismael ainda acrescentou que não sabia se o carro era roubado ou não, o dono teria apenas deixado o Uno para ele consertar a caixa de marcha. O assassino disse que isso fez com que ele aumentasse a desconfiança sobre a vítima. Na sua versão, Ismael confirma o homicídio, mas nega ter estuprado a adolescente.

A expectativa da família é que Ismael seja logo condenado, a justiça deve determinar que ele vá a júri popular. O assassino pode pegar de 12 a 30 anos de prisão, podendo a pena ser aumentada ser for considerado homicídio qualificado com concurso material em ocultação de cadáver.

A Caminhada Pela Paz e Justiça da próxima sexta-feira, sairá da Praça da Prefeitura por volta das 14 horas com destino ao Novo Fórum.

Fonte Sulbahianews


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