Tragédia: Prédio de 24 andares desaba após incêndio no Centro de SP
Um prédio de 24 andares pegou fogo e desabou na região do Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo, na madrugada desta terça-feira (1º). O local era uma ocupação irregular, e moradores afirmam que o fogo começou por volta da 1h30 no 5º andar e se espalhou rapidamente pela estrutura.
- Ainda não há balanço oficial de vítimas, mas bombeiros não descartam a possibilidade de haver mais desaparecidos
- Incêdio afetou dois prédios vizinhos, que não têm risco de desabar
- A região está isolada, há interdições no trânsito e linhas de ônibus foram desviadas
- A queda do prédio destruiu também grande parte de uma Igreja Luterana
- Segundo a prefeitura, 248 pessoas estão sendo atendidas pela assistência social
- Prefeito estima que trabalho de retirada dos escombros deve durar uma semana
- Peritos de criminalística analisam o local para descobrir o que causou o fogo
Desabamento
No meio da manhã, a corda e o cinto usados para resgatar a vítima foram encontrados nos escombros, e cães farejadores vasculham a área.
“A experiência diz que não é fácil encontrar alguém com vida”, comentou o capitão Marcos Palumbo, porta-voz do Corpo de Bombeiros em São Paulo. Os bombeiros chegaram a dizer que havia possibilidade de outras três pessoas estarem desaparecidas, mas ainda não foi divulgado um balanço oficial.
Peritos do Instituto de Criminalística de São Paulo analisam dois botijões de gás e outros objetos encontrados nos escombros para tentar descobrir como as chamas começaram.
Palumbo disse que outras hipóteses serão apuradas, como curto-circuito. “A única certeza até agora que temos é a de houve um incêndio e só análises aprofundadas dirão o que causou”, afirmou o porta-voz dos bombeiros.
De acordo com a Secretaria Municipal de Assistência Social, 92 famílias que estavam no prédio foram atendidas, e a intenção é levá-las para um centro de acolhimento da prefeitura.
Os moradores relataram momentos de pânico ao serem surpreendidos na madrugada com o fogo se espalhando pelo prédio, e precisaram sair correndo do local. Uma moradora que preferiu não se identificar afirmou que viu umas 10 pessoas subindo as escadas em vez de descer, pois achavam que o resgate iria ocorrer pelo alto.
“Eu ouvi o barulho dos vidros caindo e pensei que era chuva. Quando nós estávamos na rua, que eu virei, o fogo já estava tomando conta, a chama já estava subindo”, disse outra moradora da ocupação.
Crivalda, que vivia no 3º andar, contou que acordou com os gritos do marido e só teve tempo de pegar o filho de 4 anos e os documentos antes de sair do prédio.
“Eu estava dormindo, acordei meu marido gritando ‘fogo, fogo, fogo’. Peguei meu filho e saí. Não consegui salvar os documentos dele, consegui salvar só os meus. Estou aqui no meio da rua, com roupa de dormir, sem nada.”
Segundo Crivalda, que estava na ocupação há um ano, os moradores separavam os lares com chapas de madeiras compensada. “Eu tinha medo, mas não tinha como morar em outro lugar”, afirmou.
O carroceiro João de Jesus Santos, de 52 anos, também morava no 3º andar e conseguiu salvar a mulher, os cinco filhos e a cachorra da família. O celular e a carroça usada para catar latinhas foram perdidos no fogo. Ele diz que há cinco anos morava na ocupação e que estava na rua quando ouviu a primeira explosão.
“Subi correndo. Minha família estava dormindo e eu disse: ‘filha, filha, filha, vamos descer! O prédio está pegando fogo'”, contou.
O edifício alto e todo revestido de vidro ficava na esquina da Avenida Rio Branco com a Rua Antônio de Godói e já abrigou uma repartição pública e a sede da Polícia Federal em SP. Segundo os bombeiros, a condição do prédio contribuiu para que as chamas se espalhassem rapidamente.
…] Tinha muito material combustível: madeira, papel, papelão, algo que fez com que essa chama se propagasse com rapidez. E a própria estrutura do prédio, sem os elevadores, formando essa chaminé, fez com que causasse o incêndio de forma generalizada na edificação”, disse o porta-voz dos bombeiros, Marcos Palumbo.
Segundo nota da Prefeitura de São Paulo, no dia 10 de março, a Secretaria de Habitação cadastrou cerca de 150 famílias, com 400 pessoas, ocupantes do prédio. Desse total, 25% são famílias estrangeiras.
Esse cadastro foi realizado para identificar a quantidade de famílias, o grau de vulnerabilidade social e a necessidade de encaminhamento à rede assistencial.