Policial civil entra em Câmara Municipal e mata ex-esposa com 4 tiros
Ao mesmo tempo em que Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, uma família velava mãe e duas filhas, de 15 e 18 anos, ainda devastada pelo triplo assassinato praticado por um policial civil, outra tragédia se desenrolava a poucos quilômetros dali, em circunstâncias tragicamente parecidas. Por volta das 9h de quarta-feira (16), o escrivão da Polícia Civil, Cláudio Roberto Weichert Passos, de 41, passou pela segurança da Câmara de Contagem, também na Grande BH, apresentando-se como autoridade. Minutos depois, o servidor que deveria zelar pela proteção da população invadia o gabinete do vereador Jerson Braga Maia, conhecido como Caxicó, para executar a secretária Ludmila Leandra Braga, de 27, com quem já havia tido um relacionamento amoroso e a quem vinha fazendo ameaças. É o terceiro crime com indícios de motivação ligada à questão de gênero ou violência doméstica envolvendo policiais em Minas nos últimos dois meses. E chama a atenção para estatísticas que indicam o crescimento dos assassinatos cometidos no estado contra mulheres, entre 2016 e o ano passado, enquanto os homicídios em geral recuaram no período.
Assim como o primeiro assassino, o escrivão atirou contra a própria cabeça logo após cometer o crime. Porém, diferentemente do atirador de Santa Luzia, que morreu após ser socorrido, o executor de Contagem sobreviveu e estava internado em estado grave no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, até a noite de ontem. A ambas as famílias das vítimas, restaram a dor e a revolta. “Machismo! Ele achou que era dono dela. A gente nunca espera algo desse tipo na família”, disse o pai da secretária Ludmila, Leandro Braga, de 74 anos, ainda incrédulo. Com os olhos marejados, o senhor era apoiado por amigos e familiares.
Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) mostram que não são casos isolados. Nos últimos três anos, os episódios de feminicídio e tentativa, tipo de crime praticado contra mulher por menosprezo ao gênero ou por violência doméstica, vêm aumentando no estado. Os números saltaram de 335 em 2015 para 433 em 2017, alta de 29%. Além disso, os assassinatos de mulheres cresceram nos últimos dois anos, passando de 353 em 2016 para 376 no ano passado, alta de 6,1%, enquanto os crimes de homicídio em geral recuaram em 5,5%. O comparativo também indica que a proporção de mulheres executadas vem crescendo no cálculo geral de homicídios em Minas.
Fonte: Estado de Minas