Covid-19

Retomada do Brasil no pós-covid será mais lenta que em 90% dos países

17/06/2020 - 15h36Por: Bell Kojima

A recuperação do mundo após a pandemia do novo coronavírus (covid-19) será mais difícil agora do que foi em recessões anteriores – e especialmente para os brasileiros. 9 em cada 10 países devem atravessar esta crise melhor do que o Brasil, de acordo com um levantamento que cruza previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) com a edição mais recente do Boletim Focus, do Banco Central.

A expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro desabe este ano e tenha uma recuperação tímida no ano que vem, com o impacto econômico das medidas de isolamento social implementadas para conter a covid-19. No biênio 2020/2021, o PIB deve cair 1,6%.

O levantamento do pesquisador, Marcel Balassiano, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), aponta que o Brasil ficará na 171.ª posição entre 192 países. Na lista dos sul-americanos, apenas a Venezuela terá um resultado pior e deve ficar em penúltimo lugar. Enquanto isso, a China, onde a epidemia começou, poderá crescer 5,1%.

O Brasil vive uma crise de saúde e uma crise política ao mesmo tempo, isso não tem paralelo internacional. O otimismo do começo do ano com o País ficou para trás e os principais agentes preveem uma queda forte para a economia nacional este ano“, avalia Balassiano.

Ele lembra que as perspectivas do FMI e do Focus estão até otimistas, na comparação com outros agentes internacionais, como o Banco Mundial, que já espera uma queda de 3% para o País neste biênio.

O FMI deve fazer uma nova rodada de previsões no mês que vem e o desempenho esperado para o Brasil deve ser ainda pior.

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Largando atrás

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Um agravante para o baixo desempenho da economia brasileira é que o País já crescia pouco mesmo antes da pandemia. Desde 2017, o Brasil vinha crescendo na casa de 1%, após duas quedas seguidas de mais de 3%. O País estava atrás da maior parte do mundo: para se ter uma ideia, 7 em cada 10 países cresceram mais do que o Brasil no ano passado, ainda segundo o FMI.

“O Brasil veio de uma recessão forte e não conseguiu sair rápido dela. Entramos na crise atual com desemprego em dois dígitos e quase 70 milhões de vulneráveis“, diz Balassiano.

Já sob efeito da pandemia, a desocupação era de 12,6% no trimestre até abril, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE. Como muita gente não consegue sair de casa para procurar trabalho, estima-se que a taxa seja, na verdade, de 16%, segundo o Itaú Unibanco.

O economista, Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), avalia que a crise da covid deve marcar uma geração.

Órgãos como a OCDE (o clube dos países ricos) falam que será a pior crise em cem anos. A forma como a enfrentarmos será lembrada por anos.

Edição: Bell Kojima


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