Sete de setembro

Até o sete de setembro?

07/09/2022 - 14h51

Quando eu era criança, meu pai me levava ao desfile militar, eu não me lembro dos soldados marchando, só lembro das bandeirinhas de papel, dos chapéus de três pontas e das espadas de papel, todos em verde e amarelo.

Era uma festa cívica, como diziam. O tempo passou e me lembro de estar marchando em pleno ano do golpe militar que implantou a ditadura, 1964, desfilei todo garboso, achei que estava fazendo o máximo pela minha pátria.

Novamente os anos passaram e me vejo como universitário, um contestador, “conhecedor das verdades absolutas,” como todo jovem que adquire conhecimentos da história do nosso país. Tudo que me contavam, até então, era dentro de um romantismo vivido por uma classe social e política, deixada pelos invasores-colonizadores portugueses, e que nos ensinaram a chamar de descobridores. Descobridores foram os autores de livros sobre a nossa história.

Com o tempo passando, me vejo lendo esses livros e descobrindo que nada do que me foi contado foi daquele jeito. Como? O famoso grito do Ipiranga não foi como retrata a obra de Pedro Américo, D.Pedro I montado num cavalo lindo, empunhando uma espada e parecendo gritar o famoso Independência ou Morte?

Não foi, não há o menor consenso entre historiadores sobre essa cena retratada por Pedro Américo em sua obra. O que forma um consenso entre eles é a versão caricata de um D.Pedro I, montado numa mula, vindo do outro lado do riacho, pois estava com uma grande infecção intestinal e foi aliviar-se.

E o grito, pelo menos existiu esse grito heroico? Também não foi assim? Existiu um grito que os pesquisadores da nossa história não sabem o que ele gritou. Eu depois de ver muita coisa e no momento de mais um sete de setembro, vendo que agora esse dia entrou para o marketing eleitoral, peça de campanha de um psicopata a presidência da república, gostaria de sugerir uma versão do grito que combinasse com a versão da mula e da dor de barriga.

Seria: D.Pedro I desembainhando a espada e empunhando-a gritou “Ou morro, ou mato”. Dizem os historiadores que a metade dos soldados pularam pra dentro do mato e a outra metade subiu um morro próximo.
Já que os tempos passaram e foram esculhambando até o dia da independência.

Por Érico Cavalcanti


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