Um médico ginecologista de 67 anos foi condenado a oito anos de prisão em regime fechado por estupro de vulnerável após violentar sexualmente uma paciente de 22 anos durante consulta no Hospital Municipal de Cobilândia, em Vila Velha, na Grande Vitória, em abril de 2022. A decisão foi em primeira instância e cabe recurso. A defesa do médico Ricardo Ramos Pereira não se pronunciou sobre o caso.
O g1 teve acesso à decisão, expedida no dia 2 de outubro deste ano. Nos autos, o médico negou as acusações.
De acordo com a decisão, a jovem sofreu um aborto espontâneo e havia realizado um procedimento de curetagem, que consiste em uma raspagem no útero. Ela procurou o hospital após sentir dores e foi atendida por Pereira.
A jovem contou que durante o atendimento achou o comportamento do médico estranho, e que ele fazia perguntas invasivas a deixando desconfortável.
Ela então se levantou da maca e foi até o banheiro do consultório para se vestir, mas o médico entrou no banheiro e a violentou sexualmente. Após o estupro, o ginecologista ainda desmereceu a vítima.
“[A vítima] ficou em choque, parecendo que sua alma tinha saído do seu corpo. O acusado disse-lhe que não daria em nada, por ele ter anos de profissão, entregando lhe a receita e saindo ela do consultório, ligando, em seguida, para seu namorado relatando o ocorrido”, disse a decisão.
A jovem foi até a polícia com o namorado e registrou um boletim de ocorrência. A decisão citou que a vítima ficou traumatizada e não consegue mais se consultar com ginecologistas.
“Esclarece que nunca em sua vida havia sofrido tamanho constrangimento e que não consegue mais ir em nenhum ginecologista, nem homem, nem mulher”, pontuou a decisão.
A decisão reforçou a gravidade do caso pelo médico exercer o crime durante sua atividade profissional e nas dependências de uma maternidade em desfavor da vítima em estado de vulnerabilidade.
Uma perícia realizada no banheiro do consultório encontrou esperma do ginecologista, o que reforçou a denúncia.
O caso foi denunciado pelo Ministério Público do Espírito Santo, por meio da 6ª Promotoria de Justiça de Vila Velha.
O g1 entrou em contato com a defesa do médico, que disse se manifestaria em breve, mas não enviou nenhum retorno até a última atualização deste texto.
A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Vila Velha informou que o médico teve seu contrato de trabalho temporário rescindido e com isso nenhum processo administrativo foi instaurado já que o mesmo foi desligado da prefeitura.
Em consulta feita pelo g1 na data de publicação desta reportagem, Ricardo Ramos Pereira estava com registro ativo no Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo e tinha vínculos inativos nos conselhos do Rio de Janeiro e da Bahia, sendo este último mais antigo deles, datado de 1980.
O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) disse que não pode se pronunciar porque o processo ainda está em andamento.