Denuncia

Radialistas enfrentam quatro meses sem salário e denunciam escravidão moderna

19/08/2025 - 13h22

Quatro meses sem salário. O que poderia parecer um simples atraso se tornou uma realidade de humilhação, crueldade e degradação para dezenas de radialistas em Pernambuco. A situação, que atinge funcionários de emissoras locais, expõe não apenas o descaso patronal, mas também um cenário de violação de direitos constitucionais, trabalhistas e humanos.

Trabalhar sem receber é tortura silenciosa

Negar a remuneração de quem depende do próprio esforço para sobreviver não é apenas um descumprimento da CLT: é uma forma de tortura silenciosa. Sem salário, a comida some da mesa, o aluguel atrasa, a dignidade se perde. O corpo enfraquece, a mente adoece.

Para juristas, essa realidade caracteriza condições degradantes de trabalho, previstas no artigo 149 do Código Penal como uma das formas de escravidão contemporânea.

As marcas invisíveis da exploração

Os reflexos vão além das contas atrasadas: ansiedade, depressão, insônia e desespero. Muitos profissionais passaram a depender de favores, acumulam dívidas e já não conseguem sequer arcar com o transporte ou os medicamentos de que necessitam.

O colapso das rádios

A crise se agravou após o desaparecimento do empresário baiano Rayce Teles Costa, que havia assumido a administração de emissoras e deixou para trás dívidas milionárias. Hoje, em pleno mês de agosto, funcionários da Biz FM e da Excesso FM, no Recife, seguem sem salário, mergulhados em incertezas e desrespeito.

Enquanto isso, a tradicional Liberdade FM, em Caruaru, conseguiu retomar as atividades sob a gestão de seus antigos proprietários, dando fôlego ao veículo, mas sem aliviar a situação dos demais trabalhadores da radiodifusão regional.

Responsabilização e incerteza

Especialistas em Direito do Trabalho são categóricos: casos como este podem configurar escravidão moderna, onde as correntes foram substituídas pela fome, pela dívida e pela omissão criminosa de quem deveria garantir o básico — o salário.

O paradeiro de Rayce Teles Costa segue desconhecido. Já os trabalhadores, continuam arcando com o peso de um dos episódios mais graves e tristes da radiodifusão no Nordeste, transformando a luta por dignidade em uma batalha diária pela sobrevivência.


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