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O 7 de setembro, as vaias, a reação de João Bosco – o que houve na festa da Independência?

08/09/2013 - 19h26

 Pensando com Coragem

Se eu fosse o padre Apparecido, diria assim: “Vamos dizer assim, sabe, o senhor João me superou. Em nove meses de governo ele está sendo mais rejeitado do que eu em oito anos”.

Se eu fosse o ex-presidente Lula, diria “Nunca antes na história dessa cidade, um prefeito foi tão rejeitado em apenas noves meses”.

Se eu fosse o prefeito João Bosco, poderia dizer: “Meus amigos, se agosto foi um mês tão bom, já não posso dizer o mesmo de setembro, embora o mês esteja apenas no começo”.

Quem foi ao desfile cívico de 7 de setembro poderá fazer a seguinte reflexão:

O que houve que as escolas não desfilaram?

O que houve que o povo não foi para a avenida?

O que houve que até o palanque oficial, que também pode ser chamado de camarote, estava vazio?

Mas, a pergunta que não quer calar é por que João Bosco não discursou?

Justo ele, que quando pega o microfone não quer mais soltar.

Algumas coisas, no mínimo, estranhas, aconteceram no 7 de setembro de Teixeira de Freitas.

Eu cheguei à cidade de Teixeira de Freitas no início do ano de 1987, tinha apenas 11 anos de idade. No ano seguinte fui estudar, mas, naquele mesmo ano tive o privilégio de assistir ao desfile cívico de 7 de setembro e fiquei encantado, maravilhado. O desfile foi tão belo, que desejei com pureza de alma ter o privilegio de poder desfilar no próximo ano.

Naqueles tempos, desfilar na avenida no sete de setembro era como um troféu para qualquer criança, todos queriam ir para a avenida, quem não podia desfilar, se espremia como podia nas marquises dos prédios da Marechal Castelo Branco para observar o desfile, ninguém se desgrudava, todos ficavam colados na avenida até que acabasse.

Tinha oportunidade que quando o desfile terminava as pessoas acompanhavam a última escola, querendo continuar vendo a beleza do desfile cívico.

Naquela época, quem desfilava eram as escolas, sendo elas públicas, particulares, do município ou do Estado, todas iam para a avenida, numa verdadeira demonstração do que deve ser o ato cívico do sete de setembro.

Com o tempo, as escolas foram sendo substituídas pelas máquinas, os alunos foram ficando em casa, e o sete de setembro foi perdendo a graça.

Mais nunca houve na história do desfile em Teixeira de Freitas um mais sem graça do que o de 2013, quando as escolas não foram para avenida, os professores foram, mas, vestidos de preto, para protestar.

Das escolas municipais, apenas a escola em tempo integral Bom Pastor foi para a avenida.

O que houve com as demais?

Ninguém sabe o porquê, mas as escolas municipais não apareceram. Das estaduais, apenas duas desfilaram; dentre as particulares, apenas duas também.

A avenida ficou vazia, sem graça, sem gente, sem desfile, sem animação.

Uma vez fui entrevistar uma professora, que era diretora de uma escola, que tinha fechado para reforma e ia reinaugurar, cheguei na escola, ela me recebeu de braços abertos, me mostrou a estrutura da instituição, me levando a cada departamento, depois era hora de ligar o gravador e falar sobre a inauguração da escola, naquele tempo era apenas rádio, então tudo aquilo que ela me mostrou deveria ser descrito pela própria na entrevista, para que as pessoas do outro lado pudessem imaginar a beleza da escola.

Depois de fazer a entrevista, como a referida professora já tinha sido minha diretora em outra escola, eu perguntei “e aí, professora, feliz com a nova escola?”. Ela olhou nos meus olhos e disse: “Estou me sentindo vazia”; eu perguntei por que.

Ela me disse: “Que adianta uma escola bonita como essa, se não tem um aluno aqui dentro? Vou ficar feliz quando eu ver isso aqui repleto de alunos, gritando, aprontando, mais quero ver os alunos”.

Lembrando-se dessa história eu gostaria de elogiar a organização do sete de setembro, realmente o desfile foi um dos mais organizados dos últimos tempos, mas, que adianta tanta organização, se não tiver quem desfila na avenida?

Sobrou organização, mas faltou gente na avenida, faltou as crianças, que deveriam ter levado brilho para a avenida; faltou o público, que deveria ter ido festejar os 191 anos de independência do Brasil.

Faltou muita coisa, mas, sobraram vaias na avenida.

Vaias para um prefeito que fez muitos acordos para se eleger e agora não consegue administrar. Vaias para o homem que conseguiu virar prefeito, mas, como diria Dilvan Coelho, “ficou apenas, com a caneta sem tinta na mão”. Vaias para um prefeito que prometeu, mas que não fez o rateio do dinheiro do FUNDEB. Vaias para um prefeito que celebra contratos milionários, mesmo dizendo que a cidade não tem recursos. Vaias para um prefeito que promete, mas, não cumpre.

Os motivos para vaias são inúmeros, afinal, quem decepciona o povo merece ser vaiado, quem não cumpre o que promete e volta a prometer o que não cumpriu, merece ser vaiado.

Nunca em nove meses de uma administração se ouviu falar em tantos escândalos, nunca em nove meses de uma administração se viu a sociedade se reunir para cobrar postura do gestor.

Por isso é que na quarta-feira, 4 de setembro, pela primeira vez na história dessa cidade, houve uma reunião na sede da OAB, onde a Ordem, junto com as entidades de classe, pediu que fossem tomadas providências administrativas em nossa cidade.

Será que João não está vendo tudo isso?

Bo, vendo ele está, porém, está fingindo que não é com ele, para depois dizer que não sabia de nada.

O que esperar de agora para frente?

É esperar que o povo volte às ruas para reivindicar mudanças de postura do gestor; que o povo volte as ruas para pedir novos rumos para administração.

Se não houver solução, o povo pode voltar às ruas e como os professores pedir “Fora, João”.

Um forte abraço e até a próxima.

Jotta Mendes é radialista e repórter


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