João Bosco condenado. “Eu já sabia!”
João Bosco condenado. “Eu já sabia!”
Hoje quero começar minha coluna semanal parafraseando o advogado Valdeir, que é meu leitor assíduo, gente que eu considero muito, tem meu respeito e minha admiração, podemos até ter divergências, mas, lhe tenho apreço.
A frase que quero parafrasear dele foi dita durante o processo de apuração dos votos nas eleições 2012, quando a apuração chegou a determinado ponto, em que a vitória de João Bosco já era irreversível, Valdeir saiu do fórum todo contente e, antes de sair, ele passou perto de onde eu estava acompanhando a apuração e disse “vou procurar uma tinta branca daquelas de engraxar sapato e vou escrever no fundo do meu carro ‘João Bosco ganhou as eleições. Eu já sabia!’”.
Quero pedir desculpas a Valdeir e fazer um trocadilho com a frase – “João Bosco foi condenado, eu já sabia”. Valdeir foi um dos companheiros deixados pelo caminho por Bosco e companhia, talvez, se ele tivesse na administração, como homem sério que é, teria tentado evitar os escândalos que levaram o prefeito à sua primeira condenação.
Pois é Valdeir, um dia a casa cai, que Bosco fez uma proeza danada ao ganhar as eleições, disso ninguém tem dúvida, agora não é porque ganhou as eleições que tem permissão para tantos desmandos, os quais foram ficando visíveis, deixando evidente que João Bosco não demoraria em ter sua primeira condenação.
Isso aconteceu na sexta-feira, 31 de janeiro, se inverter a ordem do dia, poderia ser 13, numa alusão ao PT e para justificar as lendas que são contadas na sexta-feira 13, suposto dia de azar. Desta vez, a sexta-feira 31 foi o dia de azar para João Bosco e Fernando de Luca Melo, secretário de Esportes.
Na sexta, 31 de janeiro, essa foi a decisão do juiz Ronei Jorge Cunha Moreira: acatando um pedido do Ministério Público Estadual no bojo da Ação Civil Pública tombada sob o nº. 0300337-21.2014.805.0256, o juiz de direito responsável pela 2ª Vara Cível da Comarca de Teixeira de Freitas determinou liminarmente o bloqueio de bens móveis, imóveis e valores depositados em contas bancárias pertencentes ao prefeito João Bosco Bittencourt (PT), secretário municipal de Esportes Fernando Luca de Melo e da Empresa J. F. Locação de Toldos Ltda.
Essa decisão do juiz deixou Bosco e Fernandão em maus lençóis.
Dizem as más línguas que sem saber da decisão do meritíssimo juiz titular da segunda vara cível de Teixeira de Freitas, Fernandão teria ido ao banco sacar R$ 50, acho que para pagar a cerveja do fim de semana, e, ao chegar ao banco, colocou o cartão e cumpriu todos os trâmites, porém, o caixa eletrônico lhe informou que a transação não pode ser efetuada, conta bloqueada pela justiça.
Fernandão teria saído desesperado da agência bancária rumo à Procuradoria-Geral do Município. Chegando lá, teria abordado um dos advogados procuradores do município: “Mas, o que aconteceu?, eu fui sacar R$ 50 e o banco disse que minha conta está bloqueada”, no que o advogado lhe respondeu, “a justiça bloqueou Fernandão”, deixando o mesmo desesperado.
Quem viu a cena conta que foi o mais hilário possível. Fernandão, que puxa um pouco da perna, teria ficado tão nervoso que nem o elevador do prédio onde fica a procuradoria quis esperar, subiu pelas escadas mesmo, chegando lá cansado, mancando e com a peruca caindo.
Após a resposta do advogado, só restou uma alternativa a Fernandão – se acalmar, esperar o elevador e tentar arrumar dinheiro emprestado com alguém.
A Bosco, isso não deve ser nada, afinal, a maior parte dos recursos dele está no laranjal plantado nos fundos de sua residência, existe tanta laranja a serviço do homem que não é brincadeira. Já Fernandão, não cultivou laranja, passou o final de semana duro.
Bom, essa foi só a primeira das ações protocoladas pelo MP em que o juiz se manifestou. Ainda existem outras duas aguardando o julgamento do mérito, já que na época o juiz substituto Marcus Aurélius Sampaio indeferiu o pedido de liminar, mas ainda existe outra em que não foi analisada o pedido de liminar.
Ao tomar a decisão de bloquear bens e valores de João Bosco, Fernando de Luca Melo e da empresa J. F. Locação de Toldos Ltda, o juiz Ronei Jorge Cunha Moreira deixou claro que a liminar foi concedida em partes, já que o MP pedia além do bloqueio de bens e valores o afastamento do prefeito e do secretário, deixando a segunda parte para ser analisada após a defesa dos réus.
Bom, Valdeir, essa decisão do juiz pode até ser surpresa para você, mas, eu já sabia, nenhum juiz no mundo vai aceitar tantos desmandos que vêm ocorrendo, ainda mais depois de uma atuação enérgica do Ministério Público, que até agora protocolou quatro ações de improbidade administrativa contra a administração João Bosco, isso só referente ao primeiro ano de mandato. Se for nesse pique será, no mínimo, 16 ações no final dos quatro anos. Se a cada quatro, o juiz conceder uma, o prefeito deve ser afastado por, no mínimo, quatro vezes durante os quatro anos.
Agora é esperar para ver.
João Bosco condenado… “Eu juro que já sabia”.
Jotta Mendes é radialista e repórter