Paulo Souto concede entrevista exclusiva a Jotta Mendes em Salvador
A entrevista aconteceu no final da manhã de quarta-feira, 30 de maio, quando o ex-governador e pré-candidato Paulo Souto nos recebeu em seu escritório, em Salvador, e falou conosco sobre diversos pontos importantes de sua campanha rumo ao governo do Estado, assim como destacou alguns problemas que a Bahia vem enfrentando nos últimos tempos.
Paulo Souto comentou ainda a morte do jornalista Jeolino Lopes Xavier, o “Gel Lopes”, lamentando o estado deplorável em que a Bahia se encontra no quesito segurança pública. Publicamos e entrevista na íntegra para você conferir.
Jotta Mendes: Paulo, você se sente mais uma vez preparado para governar a Bahia?
Paulo Souto: Eu diria que, claro que sim. Essa união das oposições foi pra satisfazer um sentimento da população. A população queria a oposição unida, porque já não suporta mais o governo do PT. Mas, ela não quer apenas por isso, ela quer porque sabe que nós poderemos organizar um projeto novo para a Bahia a partir de 2015.
Jotta Mendes: O senhor tem dado declarações, de enxugar despesas desnecessárias que vêm acontecendo no atual governo. O senhor já tem um planejamento de como está o gasto atual do governo do Estado e como pretende fazer para readequar isso a partir de primeiro de janeiro?
Paulo Souto: É claro que nós não podemos, nós não temos acesso completo a tudo com relação às finanças do Estado. Mas, o que nós conseguimos acessar é uma situação assustadora. O Estado está passando todo ano, já há três anos seguidos, com déficit de dois bilhões e meio, e está pretendendo cobrir tudo isso esse ano. E quer fazer um absurdo, ele quer receber os 5 anos futuros da receita do petróleo, dos Royalties, pra gastar esse ano nas eleições. Ele está sacando contra o futuro da Bahia. Por que isso? Porque as finanças estão completamente desorganizadas. Então, nós vamos ter que procurar organizar as finanças do Estado. Isso é fundamental para que a gente consiga trabalhar com certa tranquilidade nos próximos anos.
Jotta Mendes: Paulo Souto, a marca registrada do Governo Jaques Wagner tem sido greves constantes – greve de servidores, greve de professores, e duas greves da Polícia Militar. Como é que o senhor enxerga esse momento de greve no Estado da Bahia, inclusive dos funcionários da justiça, dos servidores da justiça?
Paulo Souto: Olha, isso resulta de que não se estabeleceu uma relação de confiança entre o governo e o funcionalismo, principalmente entre o governo e os professores, entre o governo e a Polícia Militas. Eles não acreditam no governo porque o governo os ilude. Eu não estou dizendo aqui que o governo necessariamente possa fazer tudo que eventualmente venha a se pedir. Mas, o que eu estou dizendo é que não se deve enganar, não se deve iludir. Essa greve da polícia aconteceu por quê? Porque tem nove meses que a polícia colocou quais eram as reivindicações dela e o governo simplesmente não resolveu. Deixou pra fazer isso quando já não existia clima de entendimento com o governo. Se ele no início do entendimento dissesse exatamente o que ele poderia fazer, como poderia fazer, fatalmente a situação não chegaria a esse ponto. Então, tem que se restabelecer primeiro a relação de confiança, porque o que ninguém gosta mesmo é de ser enganado.
Jotta Mendes: O senhor também já foi jornalista, radialista e hoje tem uma carreira política, já foi duas vezes governador da Bahia, foi senador, exerceu diversos cargos na Bahia. Mas, a carreira jornalística e de radialista nunca deixa de, obviamente, aflorar nas suas veias. E eu gostaria de neste momento direcionar a questão do Extremo Sul, porque tivemos há 63 dias um jornalista assassinado de forma covarde e cruel, no meio da rua, em via pública, e até o momento não houve nenhum posicionamento por parte da Polícia Civil, nem do governador do Estado. Como é que o senhor vê um ato desses, uma morte de um jornalista, um atentado contra a sociedade e sem nenhum esclarecimento?
Paulo Souto: Olha isso é duplamente grave e duplamente sério, porque isso além de ser um desses 34 mil assassinatos que aconteceram na Bahia, em 7 anos. Se você pegar de 2007 a 2013, foram 34 mil homicídios na Bahia. A Bahia passou do 4° Estado ou 5° menos violento do Brasil pra o 4° mais violento do Brasil. Salvador passou a ser a décima terceira cidade mais violenta do mundo. Então, essa é a situação que nós estamos. Isso é grave, porque é mais um assassinato, mais um homicídio. Mas, é também um atentado contra a liberdade de imprensa, que é um fator que toda democracia deve presar. Absolutamente imprescindível que as autoridades com maior vigor e poder possível investiguem esse crime pra que ele seja punido.
Jotta Mendes: Governador, nós gostaríamos de agradecer a sua participação e deixar o espaço para suas considerações finais ou algo mais que o senhor queira acrescentar.
Paulo Souto: Olha, o que eu quero acrescentar é o seguinte – o Extremo Sul é uma das regiões que hoje alavanca o desenvolvimento do Estado e não é possível que seja abandonada pelo governo como ela está sendo. Está acontecendo também com o Oeste da Bahia, mas o Extremo Sul você procura olhar, procura ver e não encontra absolutamente nada de essencial que o governo tenha feito, não é possível, por exemplo, que Teixeira de Freitas, que, na verdade, é um polo regional, que recebe pessoas de todos os munícios daquela região, não tenha um hospital regional qualificado, capaz, realmente, de atender não só a população de Teixeira de Freitas, mas a população de todo o Extremo Sul, para evitar a exportação de pacientes para o Espírito Santo. Eu sei que a prefeitura ano passado fez um esforço grande com o hospital municipal, mas ela não tem condição, porque o problema pra Teixeira acorre não só aos pacientes de Teixeira, mas de toda aquela região (sic). Então, essa é uma das coisas que temos que ficar bem atentos com relação à saúde em Teixeira de Freitas. Mas eu quero agradecer, dar um abraço em todos vocês, e muito brevemente nós vamos estar nessa cidade.