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O jeito PT de roubar. Se quiser identificar um ladrão, chame- o de companheiro

22/09/2014 - 18h28

Amigos, estamos de volta para mais uma semana.

Coluna Pensando com Coragem

A pouco mais de 10 dias para as eleições 2014, surge um novo escândalo envolvendo o PT, desta vez, o partido diversificou, depois do mensalão I que resultou na prisão de diversos líderes petistas, entre eles José Genuíno, José Dirceu, Delúbio Soares e outros, recentemente surgiu o mensalão II, revelado por Paulo Roberto Costa, em delação premiada.

Agora, a diversificação é um escândalo nos moldes petistas em âmbito estadual. Em entrevista à revista “Veja”, a lobista Dalva Sele, que é presidente do Instituto Brasil, uma ONG montada justamente pelos petistas da Bahia que já estava sendo investigada desde 2010 pelo Ministério Público em razão de supostas irregularidades na aplicação dos recursos.

Na entrevista, Dalva Sele revela que o objetivo da referida ONG na Bahia era criar convênios com administrações petistas, os quais eram celebrados com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que tinha como chefe o ex-ministro Afonso Florense, que era o responsável pela liberação dos recursos que supostamente seriam usados na construção de casas populares do Programa “Minha Casa, Minha Vida”.

Segundo a denúncia de Dalva Sele, a cada 1.000 casas para as quais eram liberados os recursos, apenas 100 eram construídas, o montante do dinheiro das 900 que deixavam de ser construídas era repassado aos petistas, uma espécie de caixa 2 para as campanhas eleitorais. Destes repasses, a denunciante aponta que o senador Walter Pinheiro, um dos poucos nomes tidos como sérios dentro do PT, teria recebido R$ 260 mil. Além dele, o deputado federal e ex-candidato a prefeito de Salvador Nelson Pelegrino foi outro citado no esquema; Rui Costa, candidato do PT ao governo do Estado era outro beneficiado pelo esquema.

A denúncia também deixa claro que os convênios só eram celebrados onde as administrações eram petistas, ou seja, para o convênio existir, o prefeito precisava ser petista, como garantia que ele não ia fiscalizar a aplicação dos recursos, tudo deveria ficar entre os correligionários do mesmo partido.

Digamos que era um esquema de corrupção montado entre “companheiros”, forma como os petistas costumam chamar as pessoas que fazem parte do partido, ou seja, ser chamado de companheiro era a senha para entrar no esquema.

O mais intrigante da denúncia é que o PT fala tanto que defende o pobre, se orgulha tanto de ter montado o “Minha Casa, Minha Vida”, e usa justamente o programa para desviar recursos dos pobres que seriam ajudados com a construção das casas. Apenas 10% dos recursos chegavam aos supostos beneficiados, ou seja, a cada 1.000 casas, apenas 100 eram construídas, o restante dos recursos era rateado entre os participantes do esquema.

Desde 2004, quando o Instituto Brasil foi fundado, segundo Dalva Sele, cerca de 50 milhões de reais foram desviados – claro que o montante deve ser muito maior.

Agora, o que mais me chama atenção e me fez mudar o rumo de minha coluna desta semana é que em setembro de 2013 o Jornal Alerta fez uma matéria onde denunciou que um suposto esquema de corrupção liderado justamente pela denunciante Dalva Sele seria montado em Teixeira de Freitas.

De acordo com o Jornal Alerta, “O Projeto Pares seria uma farsa montada por uma lobista, identificada como Dalva Sele Paiva, através do seu filho Mateus Paiva Souza”.

O projeto Partilhando Responsabilidades (PARES) do Instituto Professor José Ferreira da Costa IJFC, que tem a frente o filho de Dalva Sele Paiva, Mateus Paiva Souza, prevê a integração de moradores com a comunidade escolar, instruindo pais de alunos em curso de qualificação de mão de obra e aproveitando-os nas reformas e requalificações das unidades de ensino da rede municipal, bem como em manutenção dos espaços físicos, interferindo diretamente nas relações interpessoais.

Esse suposto esquema seguiria o exemplo do que ocorreu em outros municípios da Bahia, onde era utilizado o “Projeto Pares” para camuflar um esquema de corrupção, fato denunciado pelo deputado estadual João Carlos Bacelar (PTN). Em Teixeira de Freitas o projeto custaria 8 milhões de reais aos cofres públicos.

O “Alerta” afirma também que o negócio é tão lucrativo que o próprio secretário de Educação do município, na época Ari Silva Santos (conforme Ata), presidiu a Chamada Pública.

Já a lobista Dalva Sele Paiva, que participou ativamente da Festa da Cidade de 2013, teria preparado o “terreno” colocando o filho Mateus Paiva Souza a frente do Instituto IJFC.

Essa ligação denunciada pelo Jornal Alerta na época leva a crer que este esquema, supostamente, existiu também em Teixeira de Freitas, onde quem estava a frente da Secretaria de Habitação era a então vereadora Erlita Freitas, que hoje é candidata a deputada estadual e vem gastando em sua campanha recursos muito além de suas possibilidades.

Pouco depois de assumir a Secretaria de Habitação, Erlita teria entregado casas populares que foram construídas no Residencial Castelinho. Ninguém fiscalizou como foram aplicados os recursos, afinal, o prefeito é petista, a então secretária é petista; e ninguém toca no assunto.

Será que a denúncia da revista “Veja” poderá ter existido em Teixeira de Freitas?

Qual foi o montante liberado para construção do Residencial Castelinho?

Quem assumiu a Secretaria de Habitação após a saída de Erlita para ser candidata foi seu suplente no cargo de vereador Ailton da Saúde, que é agente comunitário de saúde, também filiado ao PT.

Desse jeito, não aceito que ninguém me chame de companheiro. Toda vez que alguém me chamar de companheiro vou pensar que me chamou de ladrão.

Jotta Mendes é radialista e repórter


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