Zibra: Resultados de projeto baiano podem contribuir para busca por vacinas contra zika
Uma parceria entre Fiocruz–BA (Fundação Oswaldo Cruz Bahia), Instituto Evandro Chagas, Ministério da Saúde e universidades do Reino Unido, Canadá e Austrália tem gerado importantes frutos para o combate à epidemia de zika.
Baseado em uma iniciativa do pesquisador inglês Nicholas Loman para controle da última epidemia de ebola, o projeto Zibra (Zika in Brasil Real Time Analysis) passou por seis cidades do Nordeste realizando o mapeamento genômico do vírus em cada local.
“Quando se conhece a sequência do vírus, é possível procurar alvos para o desenvolvimento de uma determinada vacina ou para diagnóstico. Isso só é possível conhecendo o material genético do vírus. Hoje existem poucas sequências, mas o ideal é que existam muitas, porque o alvo tem que atingir o vírus em todos os locais, não só em um. Existem diferentes sequências em várias regiões, então a gente tem que fazer uma sequência consenso que possa atingir todo o país”, explicou o pesquisador da Fiocruz Bahia Luiz Alcântara, coordenador do Zibra, durante a apresentação dos primeiros resultados nesta sexta-feira (17).
As diferentes sequências do Zika encontradas estão relacionadas a mutações sofridas pelo vírus. A equipe analisou um total de 1.248 amostras cedidas pelos Lacen (Laboratórios Centrais) de João Pessoa (PB), Recife (PE), Aracaju (SE) e Feira de Santana (BA), além de amostras de Salvador.
“Os Lacens estavam impotentes, sem resultados para dar aos pacientes desde outubro e novembro. Alguns deles não tinham nenhum caso para zika confirmado. Em Maceió, por exemplo, nós ficamos um dia e meio e conseguimos dar para eles 16 positivos em 157 amostras”, contou o pesquisador.
“Antes as amostras positivas eram mínimas, porque eles enviavam para o Instituto Evandro Chagas, que é o laboratório de referência. O instituto recebe amostras do Brasil inteiro, então não tem como fazer o diagnóstico de imediato e enviar o resultado”.
Os próximos passos do Zibra, segundo Alcântara, são sequenciar todas as amostras positivas, analisar todos os dados obtidos e entregar um relatório com os resultados para as instituições que contribuíram com o projeto, incluindo o Ministério da Saúde.
A viagem foi inteiramente feita em um ônibus e uma van da Fiocruz, enquanto o sequenciador de DNA denominado MinION device foi cedido pela empresa Oxford Nanopore.