Elize Matsunaga é condenada a 20 anos de prisão pela morte do marido

Elize Matsunaga foi condenada a 19 anos, 11 meses e um dia por homicídio qualificado e ocultação e destruição de cadáver contra o marido, Marcos Matsunaga, em maio de 2012.
A defesa de Elize Matsunaga estima que ela possa ter direito à progressão de pena em, no máximo, dois anos a partir da sentença que recebeu na madrugada desta segunda-feira (5).
Segundo publicado pelo UOL, por ser ré primária, não reincidente, ter bom comportamento na prisão e realizar atividade laboral na penitenciária desde 2012, a bacharel em direito terá o direito de aderir ao regime semiaberto.
Pela lei de crimes hediondos, Elize tem direito à progressão de regime com o cumprimento de dois quintos da pena, que, neste caso, fica em torno de oito anos de prisão. Como ela está detida desde junho de 2012, restariam três anos e meio para solicitar o benefício, fora o desconto de pena pelos dias trabalhados na prisão.
“Estimamos que ela tenha um ano e meio de pena a ser remida porque trabalha na penitenciária desde que foi para lá“, explicou Luciano Santoro, o advogado de Elize.

‘É uma sensação de ganhou, mas não levou’, diz defesa de Elize
“É uma sensação de ‘ganhou, mas não levou‘”.
Foi assim que o advogado Luciano Santoro, que representa Elize Matsunaga, que matou e esquartejou o marido em 2012, reagiu à decisão do Conselho de Sentença na madrugada desta segunda-feira (5). Apesar de o júri ter derrubado duas das três qualificadoras do homicídio, Elize foi condenada a 19 anos e 11 meses de prisão em regime fechado, pena considerada alta pela defesa. Os advogados vão recorrer.
“O juiz (Adilson Paukoski, da 5ª Vara do Júri) acaba substituindo a decisão dos jurados, elevando demais a pena“, disse Santoro.
Para os advogados de Elize, a decisão foi motivada por se tratar de um caso de repercussão.
“Ele subiu seis anos da pena dela, sem que a gente entenda qualquer correspondência nos fatos“, afirmou.
Elize foi condenada a 18 anos e nove meses por homicídio qualificado, além de um ano e dois meses por destruição de ocultação de cadáver. Ré confessa, ela matou o marido, Marcos Kitano Matsunaga, executivo da Yoki, e esquartejou o corpo em sete partes. O crime aconteceu em maio de 2012.
Presa em Tremembé, no interior paulista, Elize já cumpriu quatro anos e meio de prisão. A defesa queria que ela fosse condenada por homicídio simples, que tem pena mínima de seis anos, o que a permitiria obter progressão.
Ela foi acusada por homicídio triplamente qualificado, mas os jurados só confirmaram um dos agravantes. Para o júri, Elize impossibilitou que a vítima se defendesse. No entanto, não ficou provado para os jurados que ela agiu por vingança ou por interesse financeiro. O Conselho de Sentença também não se convenceu de que Marcos foi esquartejado quando ainda estava vivo – o que caracterizaria o meio cruel.
A defesa chegou a solicitar redução de pena por Elize ter confessado o crime e ajudado nas investigações, mas não teve o pedido atendido. A justificativa foi que a versão da ré não foi aceita integralmente pelos júris.
“É possível reduzir pena, ainda que a condição seja parcial“, disse Santoro, ao discordar da decisão.
Acusação
Para o promotor José Carlos Cosenzo, a inclusão de um laudo sobre a exumação, segundo o qual Marcos morreu imediatamente após ser baleado, deixou o júri em dúvida. Anterior a ele, o exame necroscópico afirmava que a vítima estava viva no momento da degola.
“Os termos técnicos, com laudos de alta complexidade, dificultaram. Os jurados muitas vezes são leigos“, disse.
Antes do julgamento, Cosenzo chegou a declarar que consideraria uma “derrota” caso Elize fosse condenada a menos de 25 anos. Após o resultado, afirmou que “a Justiça foi aplicada“.
A opinião é compartilhada pelo advogado Luiz Flávio Durso, assistente de acusação.
“Diante da alta complexidade do trabalho da investigação e das perícias, dificultou um pouquinho a compreensão do Conselho de Sentença. Os jurados podem não captar tudo“, afirmou.
Segundo ele, no entanto, “a Justiça foi feita“.
“Se tivesse vencido a tese da defesa, de violenta emoção, com Elize praticamente saindo do tribunal em liberdade, o sentimento não seria de justiça“, finalizou.