Bahia

Gêmeas siamesas nascidas em Itamaraju aguardam cirurgia

02/01/2016 - 12h05

gêmeas siamesas Júlia e Fernanda

Nascidas em Itamaraju, no interior da Bahia, as gêmeas siamesas Júlia e Fernanda (4 meses) se mudaram com os pais para Goiânia onde aguardam pela cirurgia de separação. As irmãs nasceram unidas por abdômem e tórax, e compartilham o fígado e uma membrana do coração. O procedimento está previsto para ocorrer no início deste ano, no Hospital Materno Infantil (HMI), unidade referência neste tipo de situação.

O pai das meninas, o açougueiro Valdenir Neves, deixou o trabalho na terra natal para ir à Goiânia com a esposa, mãe das garotas, há dois meses, onde acompanha o tratamento. O homem disse que tem receio de algo acontecer com as bebês.

“Tenho medo de perdê-las. Já chorei tanto por causa dessas meninas”, afirmou.

A cirurgia foi marcada para o dia 13 de janeiro e deve ser realizada pela equipe do cirurgião pediátrico Zacharias Calil, especialista em separação de siameses. Segundo o médico, é importante que a operação seja feita o quanto antes pela saúde das pacientes.

“Elas compartilham o fígado e, por causa disso, a bebê maior [Fernanda] está absorvendo os nutrientes da outra [Julia], que é menor e acaba não atingindo um peso ideal. Se isso continuar ela pode ficar desnutrida, então é bom que a cirurgia seja feita logo”, afirmou ao G1.

Segundo o cirurgião, apesar da operação estar marcada, é preciso que haja vaga na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para que as gêmeas possam ser internadas e passar pelos procedimentos antes e depois da cirurgia.

“O número de vagas é pequeno, são apenas 10 leitos. Além disso, muitos pacientes que estão na UTI no HMI são crônicos, estão lá há mais de ano. Se o governo oferecesse um sistema de home care já aliviaria muito as UTIs”, afirmou.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que não há déficit de leitos no HMI. Já a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) também informou que os leitos da UTI pediátrica do hospital atende à população de Goiânia, no entanto, existe falta de vagas no interior de Goiás, o que sobrecarrega a capital.

Semelhanças com outros casos

Apesar da dificuldade de nutrição de uma das irmãs, Calil afirmou que o caso delas é menos complicado do que os gêmeos Arthur e Heitor, que passaram pela cirurgia de separação em fevereiro de 2015. Eles eram unidos pelo tórax, abdômen e bacia e compartilhavam o fígado e a genitália. Arthur não resistiu e morreu três dias após a operação.

Conforme o médico, o caso de Julia e Fernanda é mais similar à situação enfrentada pelas irmãs Maria Clara e Maria Eduarda, que foram operadas em setembro deste ano. Elas também eram unidas pelo abdômen e compartilhavam fígado e uma membrana do coração.

Referência

O HMI é considerado referências no parto, tratamento e separação de siameses em todo o Brasil. Em 14 anos, foram feitas dez cirurgias de separação. De acordo com Calil, foram 27 casos acompanhados pela equipe do hospital nesse período.

O primeiro procedimento foi realizado nas gêmeas Raniela e Rafaela Rocha Cardoso (12 anos), que nasceram unidas pelo abdômen, passaram pela cirurgia e praticamente não ficaram com sequelas:

“Nossa história é impressionante”, afirmou Raniela ao G1 em dezembro de 2014.


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