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Seria o Diazepam a solução para acabar com os protestos?

13/04/2014 - 23h25
Coluna Pensando com Coragem

Ainda se comenta nos quatro cantos do Extremo Sul da Bahia a declaração do prefeito João Bosco dada durante entrevista na TV Sul Bahia no sábado, 5 de abril, na qual afirmava que quem estivesse ansioso ele resolveria o problema com Diazepam. Fala repudiada por todos que tomaram conhecimento.

A declaração já seria infeliz se tivesse sido dada por um cidadão comum que fosse prefeito da cidade, ficou pior ainda sendo dada por um médico que ocupa o cargo.

Ao prescrever Diazepam, João Bosco sabia muito bem o que estava fazendo, afinal, por ser médico, ele é conhecedor das indicações e contraindicações do medicamento, também sabe o mal que um remédio tarja preta pode causar em quem o toma sem necessidade.

Durante a entrevista, Bosco chega rir de forma irônica quando fala em curar a ansiedade do povo com Diazepam, como se estivesse rindo de quem está preocupado com a atual situação da cidade.

Ao analisar de forma fria a declaração, poderemos observar o seguinte: no período de campanha João Bosco prometeu asfaltar 80% de Teixeira de Freitas, estamos no 16º mês de seu governo e até agora ele não asfaltou nada.

Teixeira de Freitas possui, aproximadamente, 67 bairros, todos em condições precárias no quesito infraestrutura, que incluí falta de asfaltamento, esgotamento sanitário, recolhimento adequado do lixo e outras necessidades básicas.

Existem bairros, como é o caso do Estância Biquíni, que não conta sequer com água encanada, as ruas em época de chuva se tornam verdadeiras lagoas abandonadas, haja vista que, durante o período de estiagem não foi feito o devido patrolamento.

Ao dizer que asfaltaria 80% da cidade, o prefeito despertou uma grande expectativa no povo, que passou a sonhar com dias melhores para a região.

Mas, o tempo passou e nada foi feito, ocasionando uma grande frustração, com isso, o povo encontrou uma alternativa: protestar para ser ouvido.

Desde o final do mês de março que foram feitos inúmeros protestos – da avenida Padre Anchieta, que foi o primeiro, onde a população, cansada com o descaso da atual gestão, que não procura resolver o serviço de drenagem pluvial daquele córrego que passa na baixada da avenida, que toda vez que chove causa prejuízos para a população, o povo foi à rua mostrar sua força.

No dia 31 de março, o protesto foi na avenida das Nações, outro local que sofre com a falta de drenagem pluvial das águas do córrego que corta a via, o que afeta todos os moradores do Monte Castelo.

No dia seguinte, 1º de abril, a ladeira de acesso ao Ulisses Guimarães amanheceu tomada por protestos dos moradores. Quando viram que não seriam ouvidos fechando apenas a ladeira do bairro, resolveram tomar a BA-290, saída de Teixeira de Freitas para Medeiros Neto. Nesta hora a administração, que aparentava fazer pouco caso dos protestos, resolveu reagir e fazer as presas um documento, diga-se de passagem, sem validade alguma, redigido no 1º de abril, “Dia da Mentira”, com divergências entre as declarações dos dois secretários que o assinaram.

Já no dia 2 de abril o protesto foi dos mototaxistas, que receberam uma ordem de despejo do “bi-secretário” Henrique da Ceplac, assim, teriam que desocupar o ponto existente em frente ao HMTF, onde supostamente seria usado para aumentar o estacionamento do hospital; a reação da classe foi imediata, fecharam a BA-290, na sequência a ordem foi revogada.

Depois disso tudo veio a declaração do prefeito João Bosco de quem tivesse ansioso ele resolveria o problema com Diazepam, remédio usado para deixar a pessoa mais tranquila, em resumo botar a pessoa pra dormir.

Na segunda-feira, 7 de abril, mais um protesto, desta vez na ladeira do Colina Verde, melhor, nas duas ladeiras, primeiro, fecharam o acesso ao bairro pela rua Dom Pedro II, em seguida, a via asfaltada.

Em todos os protestos o povo pede apenas uma coisa, queremos ser ouvidos pela administração, queremos garantias de que o serviço será feito, ou seja, um povo frustrado, quer ser ouvido, para ter certeza que alguma coisa será feita.

Mas, para o prefeito, o povo precisa tomar Diazepam.

O que parece que o prefeito não entendeu é que se passaram 15 meses do seu governo, estamos no 16º mês, até agora nada foi feito, porém, os cofres da prefeitura receberam mais de 300 milhões de reais. Onde está esse dinheiro?

Isso deixa o povo frustrado. Saber que passou mais de 300 milhões pelos cofres da prefeitura e até agora nada foi feito, isso deixa o povo ansioso. Ansioso por ver sua rua patrolada, asfaltada, iluminada; se isso não ocorre, o nível de estresse sobe mesmo. É até uma reação natural.

E o nível de estresse só aumenta quando se percebe que alguém está pelando o cofre da cidade, que esse dinheiro está indo embora e que nada tem sido feito.

Mas, o prefeito anda de SW4, que ganhou de presente, não me pergunte de quem, porque aí vou acabar respondendo outro processo; basta buscar no sistema e ver em nome de quem o carro está.

Ah! você precisa saber que o carro foi emplacado em Dias d’Ávila, ou seja, o carro usado pelo prefeito deixa seus impostos fora da cidade.

Eu poderia ficar listando aqui inúmeros motivos para deixar o povo de Teixeira ansioso por dias melhores, no entanto, acho que os elencados acima são suficientes para justificar a frustração do povo.

O prefeito precisa entender isso e reagir.

Se não reagir, ele terá que fazer uma farta distribuição de Diazepam.

Porém, o povo poderá fazer uma troca com o prefeito – receber Diazepam e lhe entregar “Cimancol”, um remédio para despertar prefeito preguiçoso, para que ele se manque e comece a trabalhar.

“Cimancol”… Acho, inclusive, que seria o remédio ideal para o prefeito descer do palanque.

João Bosco, ou você desce do palanque, ou, o povo vai lhe mandar embora pra casa.

A paciência está se esgotando.

Está chegando a hora de o povo ir pra rua em massa.

E agora, João, vai tomar “Cimancol”?

Se não quiser tomar, o povo vai pedir para tu se mandar da prefeitura; aguarde e verá.

Jotta Mendes é radialista e repórter


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