João Bosco e o engenheiro, que foi, mas, não foi, e acabou não sendo
João Bosco e o engenheiro, que foi, mas, não foi, e acabou não sendo
Essa semana, um episódio, no mínimo, inusitado, marcou a atabalhoada administração João Bosco Bittencourt: a contratação do suposto engenheiro civil Anderson Jamel Edim, exonerado um dia após ser anunciado secretário de Infraestrutura; mas saiu como se nem contratado tivesse sido.
É o famoso foi, mas, não foi, e acabou não sendo. Tudo começou depois da demissão de Valdo Gusmão, que, segundo a assessoria de comunicação, teria pedido exoneração alegando motivos pessoais. Agora, como ele pediu exoneração e o substituto foi anunciado no mesmo ato ficou a dúvida.
Fato é que pouco depois da exoneração de Valdo Gusmão ser, de fato, concretizada, a administração municipal divulgou através da assessoria “Pinoquiana” que o engenheiro civil Anderson Jamel Edim seria o substituto, alegando que a escolha teria sido por critérios técnicos e que o novo secretário entraria com a missão de fazer “a manutenção em nossa cidade, fiscalizar e gerenciar a pasta com base em princípios de eficiência e economicidade”.
A pergunta é: será que Valdo Gusmão não vinha gerenciando a pasta com base nestes princípios? Se não fez bem em ter exonerado, mas, por que não esclarece isso na sociedade? Fica igual Marcus Pinto, quando saiu Bosco fez questão de elogiar o seu trabalho, depois mandou seus apadrinhados jogarem na rua que houve malversação dos recursos na gestão de Marcus, então, por que não denunciaram?
Mas, a nomeação do engenheiro, que não é engenheiro e nem virou secretário, poderá virar o mico da gestão Bosco Bittencourt, que tem, entre outras coisas, assinado decretos sem ler, documentos em nome de outros municípios – coisas de gente mal intencionada.
Pouco depois da nomeação do suposto engenheiro civil Anderson Jamel, as caixas de e-mails dos veículos de comunicação começaram a receber denúncia de que ele não seria engenheiro civil. Em uma das denúncias recebidas na Redação do “Repórter Coragem” consta que Anderson ainda responderia a um processo por exercício ilegal da profissão em Minas Gerais.
Depois de receber as denúncias, eu, particularmente, fiz questão de checar a veracidade dos fatos, liguei no CREA-Bahia, onde o nome dele não constava na relação de engenheiros civis. Em seguida, entrei no site do CREA-Minas Gerais, onde o nome não constava na relação de profissionais disponibilizada pelo órgão. Em seguida, ligamos para “a chefe” da assessoria de comunicação municipal, a jornalista Michele Ribeiro.
No contato com Michele, pedimos que nos enviasse uma cópia do diploma do engenheiro, e explicamos o porquê da solicitação. Michele, como sempre, muito prestativa, disse que tentaria nos enviar o documento assim que conseguisse falar como o então secretário, que estaria muito atarefado no primeiro dia de serviço.
Ficamos no aguardo, mas, durante todo o dia de terça-feira, 7 de janeiro, a resposta não veio, já na noite de terça começava a circular a informação de que o secretário já teria sido exonerado, e como ainda era noite deixamos o contato para confirmação do fato para o dia seguinte.
Na manhã de quarta-feira, 8, voltamos a falar com Michele Ribeiro, que disse que em poucos instantes receberíamos as informações que pedimos. Perguntamos se procedia a informação da demissão do secretário, ela se esquivou e disse apenas que estaríamos recebendo a informação solicitada via e-mail.
Ficamos no aguardo, no entanto, apenas no início da noite que a assessoria enviou release dizendo que “Henrique Gromogol” assumiria interinamente a Infraestrutura. Pasmem! O secretário que havia pousado para fotografias com o prefeito João Bosco agora nem sequer teria sido contratado. A própria assessoria desmentiu o release anterior que eles mesmos tinham mandado, informando apenas que houve a cogitação do nome, sem que fosse concluída.
O que houve para essa repentina mudança de postura? Ficou algo meio que obscuro, pois, não era ele o secretário que assumia com a missão de fazer a manutenção em nossa cidade, fiscalizar e gerenciar a pasta com base em princípios de eficiência e economicidade?
O negócio acabou virando um samba do crioulo doido. Em sua página pessoal no Facebook, Anderson Jamel disse ter pedido exoneração em razão de que a oposição jogava sujo. Mas, se a oposição nada fez, ou melhor, Teixeira não tem oposição, pelo visto quem jogou sujo foi ele, que se apresentou como sendo o que não é, ainda preferiu sair sobre o manto da dúvida, depois faz discurso de político de quinta dizendo que tudo é culpa da oposição.
Quanto à Bosco, entendemos o porquê da pressa em anunciar o nome do substituto, contratando até engenheiro, que não se sabe se é ou não. Afinal, 222 milhões estão vindo via recursos federais, mais alguns estaduais, cerca de 300 milhões ao todo, daí a pressa por botar a mão no dinheiro.
Dizem até que a mudança foi porque Valdo Gusmão não aceitou fazer parte do esquema, ai arrumou um que seria parceiro. O que Bosco e sua trupe não imaginavam era que o engenheiro sem diploma não aguentaria ser questionado.
Agora, fica no ar uma pergunta: por que tanta pressa em dizer que o cara era engenheiro, que os critérios teriam sido técnicos, e depois dizer que a negociação nem se concretizou?
Vamos aguardar cenas das próximas atrapalhadas de João Bosco e sua equipe, na tentativa de abocanhar o dinheiro que supostamente vem para Teixeira, mas que pode parar na mão de meia dúzia e a cidade continuar pior do que está.
Jotta Mendes é radialista e repórter