São João, Copa do Mundo e a festa da quadrilha de ‘seu’ João

Queridos leitores, quero antes de qualquer coisa pedir desculpas pela ausência da coluna na semana que passou. Temos vivido dias muitos corridos e a falta de tempo nos deixou sem condições de organizar as ideias em texto. Até que assunto tínhamos, mas, nos faltou tempo para escrever.

Porém, de volta à nossa coluna, vamos ao assunto que propormos essa semana.

Estamos em junho, mês de festa, de forró, de arrasta-pé, quentão, milho verde, amendoim cozido, pamonha e outras comidas típicas do festejo junino.

Mas, o mês de junho este ano está sendo marcado pela Copa do Mundo, que desta vez é no Brasil. Por falar nisso, a Seleção venceu o primeiro jogo, sofreu, mas, venceu a fraca Croácia, fazendo o segundo gol quando era pressionada.

Se o Brasil for campeão, qual o legado que a Copa do Mundo no Brasil vai deixar?

Elefantes brancos em alguns lugares, gente morrendo por falta de saúde em outros, gente sofrendo por falta de educação, jovens sendo destruídos pelas drogas, mas o que importa é torcer pela Seleção. Ao final da copa os jogadores irão cada um para seus lugares com o bolso lotado de dinheiro e o povo brasileiro continuará padecendo nas filas dos hospitais, jovens continuarão sendo abatidos a tiros, como se fazem com galinha, com frango, com bois, assim tem sido feito com nossos jovens, que são tratados com menos dignidade que as galinhas, frangos, aves e bois, que pelo menos têm um lugar apropriado para serem abatidos, já nossos jovens têm sido mortos no meio das ruas.

A história do crime é sempre a mesma, os jovens morrem com o corpo crivado de balas no meio da rua, deixando seus parentes e amigos tristes e envergonhados diante da situação. Afinal, quem gostaria de ver um parente seu tombado no meio da rua, pior do que se faz com um animal?

Acho que ninguém gostaria de ver nem os seus parentes, nem pessoas que ele não têm nada a ver, entretanto, a cena ficou tão comum, que cena de crime hoje mais parece um local para distribuição de cesta básica. É tanta gente, que quem vai ao local para trabalhar encontra dificuldade, os curiosos querem ser os donos da cena do crime, querem chegar mais perto do corpo, como se aquilo ali lhe trouxesse algum conforto.

Portanto, não sou contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, o que sou contra é se gastar tanto dinheiro com coisas supérfluas e não se investir no básico.

Aí você me pergunta se vou torcer pela seleção.

Eu respondo, como brasileiro que sou, vou torcer sim, mas, tenho consciência de que o resultado da copa pode ser fraudado, como foi na França em 1998, quando o mundo inteiro achava o Brasil superior a seleção francesa e em campo o Brasil tomou uma sonora goleada, com os jogadores nitidamente vendidos.

O Brasil pode ganhar a copa, mas quem sairá perdendo é o povo brasileiro.

Porém, a festa junina é época também de dançar quadrilha, tem muita gente que acha que é época de formar quadrilha, aí inventam asfalto e fazem assalto aos cofres públicos, a semelhança entre a palavra asfalto e assalto é tão comum que o político fala eu vou assaltar a cidade toda, o povo entende que ele vai asfaltar.

Depois os recursos da cidade somem e o povo reclama, mas o político disse que iria assaltar 100% da cidade, não é mentira se ele fizer isso de fato.

Gente, a quadrilha de São João é pra dançar e não pra roubar, o momento é de diversão, não de ‘roubação’.

Cuidado com a quadrilha de ‘Seu’ João!

Ela pode dar muito trabalho. Trabalho à Polícia Federal, ao Ministério Público, ao Judiciário e deixar muita gente com raiva devido à falta de saúde, educação, infraestrutura, segurança, esportes, lazer e outras coisas. Mas, é assim que age a quadrilha de ‘Seu’ João.

É assim a festa na quadrilha dele:

A quadrilha de ‘Seu João’ gosta de festa, dispensa licitação e mete a mão no milhão.

Não é milho assado ou cozido, é dinheiro no bolso tirado do povo sofrido.

Cuidado, meu povo, a quadrilha de ‘Seu João’ não dá sossego não.

Na festa de São João, o povo ensaia para dançar; na quadrilha de ‘Seu’ João, eles aproveitam para roubar. Na festa de São João, o povo dança com par, na quadrilha de ‘Seu’ João, eles roubam sem parar; na festa de São João, tem barraquinhas para arrecadar, na quadrilha de ‘Seu’ João, tem turminhas para roubar.

Se dançar fora do ritmo é porque não ensaiou, é melhor sai da dança para não passar vergonha. Já na quadrilha de ‘Seu’ João, pode roubar sem vergonha.

Quem não gosta de dançar, não entra na quadrilha, já na quadrilha de ‘Seu’ João, quem não aprende a roubar é expulso.

Que música pode tocar na quadrilha de São João? Tem que ser alegre;  pra fazer a diversão, na quadrilha de ‘Seu’ João, eles roubam de montão. O perigo na festa é a hora dos fogos, já na quadrilha de ‘Seu’ João são aqueles que não roubam.

Já começam a perguntar se não vai rolar a dança; claro que vai, pois o povo é quem dança.

Dançar como colunista, estou querendo saber. Mas, dança mesmo é sem ritmo pra poder aprender, aí dança na saúde, no esporte, educação, nos impostos e vira tudo gozação, dança até na avenida com a falta de estrutura, rebolam sem querer com a falta de postura.

Aí se vai ao postinho, dança!

Se vai ao hospital, dança!

Se vai à rua, dança!

Se vai à escola, dança!

Se sai de bicicleta, dança!

Se sai de carro, dança!

Tudo que faz, dança!

Na verdade, o povo, só dança!

Já na quadrilha de ‘Seu’ João é proibido dançar.

Montam licitação para poder roubar. Quem dança é o contribuinte, achando que é tudo transparente! Transparente é quem rouba, quem não o faz é indecente!

Escolher o menor preço é coisa de fachada. Quem ganha é quem melhor arrumar uma peixada!

Peixada é roubada para dividir com o homem, que é chefe, mas, não sabe quem manda!

Se o São João é uma festa, a quadrilha de ‘Seu’ João é uma armação, roubam pobres, roubam ricos, sem nenhuma discrição.

Finalizo minha coluna dizendo: cuidado com a quadrilha de ‘Seu’ João!

Boa semana!

Jotta Mendes é radialista e repórter