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Velhos aliados. Os inimigos íntimos de João Bosco

10/08/2014 - 19h05
Coluna Pensando com Coragem

Queridos amigos, aqui estamos nós para mais uma semana. Antes, quero parabenizar todos os pais pela passagem do seu dia, afinal, 2º domingo de agosto é Dia dos Pais, data que deveria ser melhor comemorada pela sociedade, que valoriza como deve a mãe, mas, se esquece que para existir mãe, precisa de pai. Não há pai que não tenha mãe, mas, também, não existe mãe que não tenha pai; ambos devem ser valorizados na medida certa.

Vamos ao assunto.

Essa semana veio à tona – para ser mais preciso, na segunda-feira, 4 de agosto – uma entrevista concedida pelo ex-secretário de Planejamento da gestão João Bosco Bittencourt, Rogério Augusto, ao repórter Tyago Ramos durante o Jornal do Meio-Dia, quando abriu o verbo, mostrando coisas de João Bosco que a sociedade jamais imaginaria.

O ex-secretário disse, por exemplo, que o prefeito não gosta de ler, que não teria lido sequer o seu plano de governo, o qual defendeu e andou com ele debaixo do braço durante toda a campanha, inclusive, andou dizendo que cumpriria cada detalhe do plano caso ganhasse a eleição.

O ex-secretário também disse que João Bosco lhe mandou embora através de um e-mail, sem ao menos olhar na sua cara e agradecer por seu trabalho, isso tudo porque ele queria ouvir o povo, coisa que, segundo o ex-secretário, Bosco refutou.

O ex-secretário chegou a dizer que o PT não é para João Bosco, que o prefeito está no lugar errado, que ele não serve para o partido, que faz tudo contra o que reza a cartilha petista.

Analisando os fatos, podemos observar o seguinte.

Rogério Augusto foi a pessoa responsável pela filiação de João Bosco ao Partido dos Trabalhadores, o ajudou também a vencer a primeira prévia do partido, quando ele foi candidato a prefeito pela primeira vez, isso em 2004, sendo também o responsável pela montagem do atual plano de governo que levou João ao poder.

Rogério também foi responsável por encomendar o projeto que liberou quase 300 milhões de reais em verbas para Teixeira de Freitas a pedido de João Bosco.

Portanto, merecia, sim, uma justa despedida, se ele não servia mais como secretário, o prefeito deveria lhe chamar e explicar as razões, agradecer por seu trabalho e nomear o sucessor, até porque o gestor pode trocar secretário a hora que ele quiser, afinal, o responsável pela administração é ele.

Pela ligação de Rogério Augusto com João Bosco, acabou se criando uma relação mais que política, que é a relação de amizade, o que requer confiança, está, por sua vez, requer respeito; e parece que tudo isso foi perdido.

Ao que parece, o prefeito, ao resolver exonerar Rogério, não levou em consideração nada do que os dois haviam construído, e como João Bosco pode ser considerado o rei das redes sociais, achou que um simples e-mail, ou, WhatsApp, serviria para ficar livre daquele que fez o seu caminho até chegar ao poder e que lhe ajudou no início de sua gestão, montando um projeto que, se concretizado, pode garantir a reeleição do prefeito.

Houve em João Bosco muita ingratidão, gerada, quem sabe, por pressão de pessoas que viam em Rogério alguém que pudesse atrapalhar seus planos dentro da administração. Não é justo demitir um companheiro, como João se refere aos petistas, através de um e-mail ou torpedo, como agiu com Rogério.

Rogério tem uma história de luta dentro do Partido dos Trabalhadores, possuindo ligações extremas. Segundo ele, é amigo do ex-presidente Lula, o cacique do partido.

As declarações de Rogério dadas no programa de Tyago Ramos possuem o suficiente para determinar o afastamento do prefeito, onde houver o mínimo de bom senso por parte das autoridades. Rogério declarou, por exemplo, que o prefeito não pagou o projeto para liberação da verba de cerca de 300 milhões, que ele está tentando pagar isso com recursos do seu bolso. E, para tanto, já teria vendido um carro e um terreno, e fará uma feijoada para tentar arrecadar o resto.

Onde já se viu pagar despesa pública com dinheiro particular?

Isso é, no mínimo, um crime, como deixou claro Dr. Alberto Rocha, presidente da OAB de Teixeira de Freitas, ao participar de uma entrevista que Rogério concedia ao programa Comando Geral, de Fernando Moulin.

As declarações de Rogério precisam ser levadas a sério, é necessário que se apure tudo que se falou naquela entrevista.

Rogério Augusto é um ex-aliado de João Bosco, que agora se transformou em seu inimigo íntimo, assim como aconteceu com Uldurico Pinto e outros que foram aliados do prefeito e hoje estão em lados opostos.

Terá João Bosco habilidade suficiente para transformar os inimigos íntimos em novos aliados?

Porque, na arte de transformar velhos aliados em inimigos íntimos, João Bosco está ficando bacharel.

Boa semana e feliz Dia dos Pais.

Jotta Mendes é radialista e repórter


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