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O corpo e a sensualidade exuberantes de Dira Paes

18/01/2014 - 14h14

Atriz posa como Femme Fatale e fala sobre o corpo que conquistou o país

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Era uma segunda-feira de janeiro de 2014, mas, enquanto era maquiada no banheiro de uma das suítes do Copacabana Palace, Dira Paes se sentiu em 1984. Foi nessa época que a jovem paraense, de apenas 14 anos, encantou o diretor inglês John Boorman com seu inglês perfeito e traços indígenas e veio ao Rio para rodar a produção internacional “Floresta das Esmeraldas”.

Há 30 anos, fiquei aqui neste hotel durante quatro semanas por causa do filme, que foi o primeiro trabalho da minha carreira. Na época, tive um tratamento estelar porque era menor de idade. Foi uma coisa dos sonhos, “cinderelesca” — relembra a atriz, de 44 anos, que comemorou a data encarnando uma Femme Fatale para este ensaio.

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A história é tão conto de fadas que teve até um xeque apaixonado mandando-lhe flores, perfumes e bombons. A mãe, que acompanhava de perto as gravações, deu um jeito de espantar o aspirante a genro, mas, se ainda tomasse conta de Dira hoje, teria dificuldade de dispensar a enorme quantidade de homens enlouquecidos com o furor de Celeste, personagem da atriz na minissérie “Amores Roubados”.

As cenas de sexo com Cauã Reymond deixaram o Brasil fascinado não só com sua boa forma, mas também com o forte apelo sensual que os fãs da Solineuza (a empregada doméstica do seriado “A Diarista”, um de seus papéis mais lembrados) desconheciam.

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Acho que o público acreditou no que viu, e grande parte da culpa é do Cauã. Ele é especialmente sensual, bonito, bom ator. Acho que tivemos um encontro de morenos tropicanos, de sensualidade morena que traduz brasilidade. E a minissérie fala disso, afinal, amores roubados não são calmos, são “tesônicos” — reflete Dira, que adora um neologismo, além de falar inglês e francês fluentemente.

A curiosidade em torno das cenas e de seu corpo a surpreendeu. Afinal, quem fez a prostituta Bela, no filme “Baixio das bestas”, não esperava que sua nudez fosse uma novidade.

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As pessoas pensam muito no fato de eu ter esse corpo com 44 anos, porque a sociedade está querendo impor uma data de validade para a mulher. Sou absolutamente contra isso, imagino-me aos 60 em forma, uma mulher viva.

Autoconfiante na medida, Dira não é do tipo que nega suas qualidades e esforços na esteira e nas aulas com personal trainer.

Eu me acho naturalmente sensual, sou morena, de cabelo comprido, olhinho puxado, sorriso rasgado. E o Brasil adora um bumbum, né?, e eu tenho uma bunda bem brasileira, que está ótima — ri a paraense, casada há oito anos com o cinegrafista Pablo Baião.

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Além de Celeste apresentar ao Brasil a voluptuosidade de Dira Paes, a personagem mostrou também que ela é capaz de fugir dos papéis com forte apelo popular, como a moradora do Morro do Alemão, a empregada ou a costureira. A minissérie representou, portanto, uma vitória pessoal contra os estereótipos.

Sou morena, e morenos têm essa categoria. O Brasil vive com preconceito arraigado, mas acho que as coisas estão mudando — ela reflete, logo frisando que já tinha feito papéis de mulheres ricas, sim. — Mas como cinema brasileiro não é muito visto

De cinema nacional, Dira entende. São 30 filmes no currículo. E agora está em outra produção: ela saiu do ensaio direto para o Santos Dumont onde pegaria um voo para Brasília para filmar “Saias”, em que deixa os habituais aventais de empregada das novelas para vestir os terninhos de uma senadora corrupta.

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Apesar de o projeto ser uma comédia, o tema político costuma seduzir Dira. Presidente da ONG Humanos Direitos, ela luta contra o trabalho escravo e pela proteção dos jurados de morte em conflitos rurais, mas garante não pensar em se candidatar a nada.

— Injustiça social me pega muito. E eu não sou pessoa de ficar de braços cruzados.

Fonte: ela/O Globo


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