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Audiência pública debate os impactos socioambientais da expansão do eucalipto em Itamaraju

15/02/2020 - 17h17Por: Domingos Oliveira/Ascom

Numa iniciativa do vereador Marcão da CUT (PT), foi realizada uma audiência pública para debater os impactos socioambientais com a possível exploração em larga escala da monocultora do eucalipto em Itamaraju. O evento ocorreu no auditório da Câmara Municipal de Itamaraju, com a participação de representantes de vários segmentos sociais.

O movimento surgiu após uma decisão judicial da Vara Cível da comarca de Itamaraju, que em caráter liminar concedeu a um fazendeiro do município um mandado de segurança, autorizando-o a promover o cultivo de eucalipto para fomento em sua propriedade rural, localizada nas imediações do distrito de Campo Alegre.

A ação foi movida contra a Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, que teria negado ao fazendeiro a certidão de uso e ocupação do solo para exploração da monocultura.

O indeferimento do pedido por parte do secretário municipal, Ivan Favarato Filho, teve como fundamento a Lei Municipal 583/2001, que limita o plantio de eucalipto no território itamarajuense. De acordo com a lei, 5% da propriedade rural pode ser utilizado para tal finalidade. O secretário foi convidado ao debate, mas não compareceu.

No evento, o ex-vereador Joel Lacerda, autor da lei que limita o plantio de eucalipto em Itamaraju, criticou a decisão judicial que concedeu o mandado de segurança ao fazendeiro, destacando que houve uma ampla consulta popular no momento da aprovação da Lei. Na oportunidade, ele fez um apelo a sociedade a se unir em torno de debates que esclareçam os prejuízos ambientais e sociais causados pela monocultura.

O deputado estadual Marcelino Gallo (PT), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia e engenheiro agrônomo especialista em Desenvolvimento Rural, também defendeu a realização de debates em torno do assunto “para que todos tenham conhecimento dos malefícios causados pelo eucalipto”.

O parlamentar citou a pulverização aérea da plantação como uma das reações adversas provocadas pela monocultura.

Essa prática não é recomendada pela União Europeia, porque é nociva ao ser humano”, disse o palestrante.

Convidada também para explanar em torno da polêmica, a educadora Ivonete Gonçalves, mestre em Saúde Pública e conselheira do Centro de Estatística e Pesquisa do Desenvolvimento Sustentável (Cepedes), em Eunápolis, afirmou que o empobrecimento da terra em virtude a expansão do plantio de eucalipto está aumentando o êxodo rural.

Só no município de Eunápolis, mais de 7 mil famílias abandonaram o campo”, afirmou.

Participaram ainda da mesa as professoras Maristela Cunha, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e Eliane Ramos, da Escola Popular de Agroecologia; os sindicalistas João Climário, coordenador regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Carlos Eduardo Coimbra, diretor do Sindicato dos Bancários do Extremo Sul da Bahia; a advogada Marli Oliveira, representante da organização Terra Viva; o preletor Raimundo Costa, da Seicho-No-Iê, o pregador Erisvaldo Gomes, presidente da Associação dos Pastores Evangelicos de Itamaraju (Apei); e os vereadores Marcão da CUT (PT), Evando Rodrigues (SD) e Egnaldo Fernandes (PSDB).

Edição: Bell Kojima


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