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‘Dermatite atópica não tem cura, mas pode ser controlada em casa’, diz dermatologista

23/12/2018 - 19h11

Primeiro aparecem manchas na pele acompanhadas de coceiras. Em seguida, vermelhidão, inchaços e ferimentos que podem até sangrar. Ainda que a doença não seja contagiosa, a vida de quem tem dermatite atópica é cercada por preconceitos. Mesmo com tantos incômodos, o dermatologista Samuel Mandelbaum garante que é possível diminuir o desconforto da eczema, como também é chamada, com alguns cuidados diários:

— Hidratação o tempo todo. Esse é o segredo para controlar a dermatite, já que a doença ainda não tem cura. O ideal é escolher cremes livres de ureia, porque fazem arder os ferimentos, ou água termal.Também é importante que os banhos sejam rápidos e de água morna, e a secagem seja feita com cuidado. É recomendado procurar um especialista e pedir um medicamento que alivie a sensação de coceira, e nunca aplicar produtos por conta própria — orienta o médico.

O dermatologista explica que a eczema é hereditária e se manifesta em pessoas com problemas respiratórios, com diferenças de acordo com a faixa etária:

 — A eczema se dá por fatores genéticos e ambientais que fazem a pele responder a estímulos externos além do normal. É comum em pessoas com asma, rinite ou bronquite. Bebês com cerca de seis meses de vida apresentam manchas nas bochechas e na cabeça. Quando crescem mais um pouco, as alterações começam a aparecer nas dobrinhas. Na fase adulta, a alergia surge do lado contrário, como joelhos e cotovelos — esclarece.
Mandelbaum conta que o diagnóstico costuma ser imediato e feito por um dermatologista, imunologista ou alergista, e que o acompanhamento clínico é fundamental para que o paciente saiba o que fazer em relação aos sintomas.
— Um especialista pode identificar a doença imediatamente, mas são feitos exames em caso de dúvida. A eczema se manifesta de forma diferente em cada pessoa, e pode ser mais fácil controlar os sintomas em uns do que em outros — comenta.
O clima pode agravar os sintomas. Segundo o dermatologista, a meteorologia é uma das preocupações de quem sofre com a eczema, já que alterações de temperatura podem afetar o bem-estar do paciente. Problemas emocionais também oferecem risco:
— O processo inflamatório que prejudica a respiração é o mesmo que afeta a pele. Por isso, é importante estar atento ao clima. Frio ou calor, em geral, não aumentam a irritação da pele, mas as mudanças bruscas do clima fazem mal à respiração e à dermatite da mesma forma. Além disso, emoções ruins baixam a imunidade, deixando o corpo mais desprotegido. Tratando as alergias, é possível diminuir os sintomas da eczema — adverte o especialista.
Fatores externos podem desencadear as chamadas “crises” da doença, quando os sintomas ficam mais evidentes. Roupas de certos materiais e o uso excessivo de sabonetes são vilões do tratamento:
— Os pacientes devem evitar vestir-se com peças de lã ou tecidos semelhantes, que soltam fios. Não há problema em usar jeans, desde que não fique justo no corpo para não irritar a pele ainda mais. Roupas de algodão são as mais apropriadas para quem sofre com a doença. Qualquer material que tenha atrito com a pele é prejudicial ao tratamento, por isso não é recomendado usar sabonetes em todo o banho.
Por mais que a doença seja crônica, Mandelbaum explica que se consultar regularmente com um especialista pode facilitar o tratamento:
— Muitos fatores podem desencadear as crises, incluindo estresse ou infecções. Ir frequentemente a um médico ajuda o paciente a entender melhor o que faz os sintomas se manifestarem, e isso varia de acordo com cada paciente. Depois que a doença estiver estabilizada, o intervalo das consultas pode diminuir, até uma vez por ano. Quando a família é bem orientada, já sabe quais procedimentos adotar e pode tratar as crises em casa — alerta o dermatologista.

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