Bahia

108 anos de prisão: pescador que matou criança de 2 anos e outras três pessoas queimadas é condenado

25/02/2016 - 11h43

Jeová Jesus da Cruz

A juíza Lívia de Oliveira Figueiredo, titular da comarca de Alcobaça, promoveu nesta última terça-feira (23), no plenário da Câmara Municipal de Vereadores, a sessão de julgamento do pescador Jeová Jesus da Cruz, 31 anos, denunciado e pronunciado por crime de homicídio qualificado pela autoria da morte de 4 pessoas de uma mesma família, inclusive de uma criança de 2 anos.

O crime aconteceu em setembro de 2010 e, o réu confesso Jeová atribuiu a matança da mãe e suas três filhas para se vingar da adolescente de 14 anos que se negou a reatar um namoro que manteve com ele.

O promotor de justiça João Madeiro Neto, que atuou na acusação, defendeu pena máxima para o homicida e o conselho de sentença seguiu a tese do Ministério Público e o veredicto da juíza Lívia Figueiredo foi de uma condenação de 108 anos de reclusão.

O crime

O crime aconteceu por volta das 23h de domingo do dia 19 de setembro de 2010 e as vítimas foram Rogervana Miranda de Almeida, 32 anos e suas filhas, Carolina Miranda da Silva, 14 anos, Brenda Miranda da Silva, de 10 anos e Maria Júlia Miranda da Silva, de apenas 2 anos de idade.

A mãe e as três filhas morreram queimadas dentro da própria casa onde residiam.

Todas estavam dormindo, quando foram surpreendidas pelo fogo, numa pequena casa situada na rua Vinte de Agosto, bairro São Benedito. Na ocasião a tragédia familiar chocou a população da pacata cidade litorânea de Alcobaça.

Na manhã do dia seguinte o delegado da época, José Carlos da Silva, prendeu o suspeito de ter colocado fogo na diarista Rogervana Miranda de Almeida, e suas 3 filhas, enquanto as mesmas dormiam.

O pescador Jeová Jesus da Cruz, 25 anos na época, natural de Nova Viçosa, foi levado para carceragem da delegacia local onde inicialmente negou qualquer tipo de participação no incêndio.

Na época o jovem pescador não pôde ser ouvido direito, devido ao grande número de pessoas que se aglomeraram na porta da delegacia de Alcobaça, e, por motivos de segurança a autoridade policial optou por transferir Jeová para a sede da 8ª Coordenadoria Regional de Polícia Civil em Teixeira de Freitas, evitando até mesmo que o suspeito fosse linchado pela população indignada com o crime.

Mãe solteira de Maria Júlia Miranda de Almeida, Rogervana ainda criava como filha as sobrinhas Brenda Miranda da Silva e Caroline Miranda da Silva. Todas dormiam no mesmo quarto morreram sem aparentemente esboçar qualquer tipo de reação criando inicialmente um clima de mistério em torno do suposto incêndio.

Apenas uma quinta pessoa, a avó das jovens, Dona Estela, foi resgatada ainda com vida e sobreviveu após passar 22 dias internada no Hospital Municipal de Teixeira de Freitas.

Na prisão o acusado Jeová da época, terminou confessando com riqueza de detalhes como tramou o crime e terminou espancado dentro da prisão pelos próprios colegas de cela. Na época ele também confessou a sua participação no tráfico de drogas, o qual já registrava outras duas passagens na polícia de Alcobaça pela autoria em outros dois atentados de morte na cidade e dias antes de provocar a tragédia, havia sido esfaqueado numa confusão.

Na Polícia Civil e na instrução criminal no Poder Judiciário ele acabou confessando o que já havia apurado a Polícia Judiciária.

Foi levantado que a garota Caroline Miranda da Silva, 14 anos, teria terminado o namoro com o acusado e se negava a reatar o relacionamento porque tinha descoberto que o mesmo era casado, cuja versão ele confirmou.

Mas segundo os autos do processo, ele teria ficado inconformado e para se vingar, teria ateado fogo no imóvel, causando a morte por queimadura das quatro pessoas, inclusive da adolescente.

Por ocasião da sua confissão do incêndio criminoso que matou as jovens, inclusive uma criança de 2 anos e seu recambiamento para Teixeira de Freitas, os presos se revoltaram e começaram a espancar o acusado, inclusive fazendo uso de um cabo de vassoura, o qual foi salvo a tempo pelos policiais civis que invadiram o pavilhão e tiveram acesso à cela em que o homem era atacado, o preso foi resgatado e socorrido a tempo para o hospital.

Nesta última terça-feira (23), Jeová Jesus da Cruz, agora com 31 anos, que foi pronunciado por crimes de homicídio com inúmeras qualificadoras, inclusive motivo fútil, tortura e à traição por emboscada, utilizando recurso que dificultou a defesa das vítimas, sentou no banco dos réus por um período de 11 horas numa sessão de julgamento.


Athylla Borborema/TN


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