Atual sistema político ‘favorece a corrupção’, avalia PT
Em nova tentativa de sair da defensiva após a prisão dos condenados do mensalão, o PT critica agora a exigência de um “presidencialismo de coalizão” pelo atual sistema político-eleitoral. Na avaliação do partido, esse modelo “favorece a corrupção e corrói o conteúdo programático da ação governamental”. Documento a ser apresentado no 5º Congresso do PT, de 12 a 14 de dezembro, em Brasília, diz que o sistema político de hoje, com financiamento privado de campanha, é uma “camisa de força” a impedir transformações mais profundas. Na esteira do julgamento do Supremo Tribunal Federal, o PT também abre ofensiva contra o Judiciário. No texto, o sistema judicial é definido como “lento, elitista, pouco transparente e permeado por interesses privados”. Escrito pelo assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, o documento preliminar do PT ainda poderá receber emendas e servirá de base para o debate sobre os rumos do partido e do governo, no megaencontro de dezembro. Com 14 páginas, o texto faz uma autocrítica do que chama de “burocratização do PT” ao longo dos quase onze anos de governo e indica o mote da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, em 2014: “Nunca menos”. “Quando saímos da noite da ditadura, soubemos dizer Nunca Mais!. Agora, depois de uma década de grandes transformações, afirmamos Nunca Menos!”, diz um dos trechos. O documento do PT já sofreu alterações de redação de julho até agora. Ao pregar o plebiscito para a reforma política, por exemplo, a primeira versão do texto falava na necessidade de “refundação” constitucional. O termo foi substituído por “mudança”. Motivo: na última reunião do Diretório Nacional, realizada no dia 18, em São Paulo, dirigentes alegaram que “refundação” foi uma palavra usada pelo então presidente do PT, Tarso Genro – hoje governador do Rio Grande do Sul -, após o escândalo do mensalão, em 2005.
Por Vera Rosa | Agência Estado