Investigação

Advogada relata descaso na UMMI em Teixeira, tenta filmar situação e tem celular tomado por médica; caso foi parar na delegacia

15/12/2021 - 18h31Por: Sul Bahia news

O caso ocorreu na noite desta segunda-feira, 13 de dezembro, na Unidade Municipal Materno Infantil (UMMI), em Teixeira de Freitas.

A advogada, Jocelma Silva Neres, conta que teve o celular tomado por uma médica, enquanto registrava uma situação de descaso e negligência dentro da unidade. Ainda de acordo com Jocelma, tudo começou depois que ela precisou retornar com o sobrinho de 6 anos para buscar atendimento médico.

A criança já havia sido atendida de forma precária, alega a tia, no fim da tarde de domingo, 13, quando apresentou um quadro febril e delirante. O paciente foi medicado de forma paliativa e retornou para casa, mas a febre não passou e chegou a 39 graus.

Preocupada com o estado de saúde da criança, com medo de convulsões e agravamento do problema, Jocelma retornou à UMMI juntamente com a mãe, de 58 anos, mas alega que foi tratada com descaso logo na recepção por um servidor local, não conseguindo o cadastro inicial para o atendimento, mesmo estando a criança em estado grave.

A advogada ressalta ainda, que esperava no corredor com a criança enrolada em um cobertor, quando notou que apesar de não haver ninguém aguardando atendimento à sua frente, duas médicas estavam em suas salas com portas abertas, uma delas ao telefone, momento em que começou a registrar a situação por demora e falta de atendimento.

Ainda segundo Jocelma, quando iniciou a gravação do vídeo, aparecem diversos funcionários, mas ela continuou a filmagem, momento em que uma das médicas, a Thais Cardoso, surgiu por trás e tomou seu aparelho celular. A advogada teria solicitado o aparelho de volta, mas não teve o pedido atendido.

Em meio a confusão, a criança ainda aguardava o atendimento e só foi recebida pela segunda médica minutos depois.

A Polícia Militar foi acionada, e a médica Thais, alegou aos policiais que Jocelma teria filmado sua consulta com um paciente, e que teria tomado o celular para impedir a filmagem com objetivo de proteger a privacidade do paciente.

Ainda na delegacia, o registro de ocorrência diz que a médica não viu necessidade de exame de corpo delito, uma vez que não havia lesões aparentes, e retornou ao local de trabalho para prosseguir no plantão médico.

Uma enfermeira que teria testemunhado o caso, disse que Jocelma teria adentrado em área restrita, sem autorização, acessando o consultoria da médica, filmando o atendimento médico, no entanto, a advogada nega as acusações e diz que tentou registrar as imagens do corredor, sem entrar em áreas não permitidas.

Ainda de acordo com o registro policial, Jocelma relata que houveram inúmeras exigências de cadastramento, mesmo estando a criança em estado grave. Desta forma, seguiu para o corredor do hospital para aguardar atendimento, mas em virtude da demora, passou a filmar a unidade para demonstrar que o atendimento não estava sendo efetivado, mesmo não tendo pessoas na espera do corredor, em virtude disso apareceu uma série de funcionários da unidade. Ela contou ainda, que quando teve o celular tomado pela médica, sua única ação foi tentar resistir à usurpação.

Jocelma relata ainda, que a médica teria passado por diversas vezes em sua frente, com o celular, mas não devolveu o aparelho, entregando-o muito depois aos policiais. Com celular novamente em mãos, a advogada descobriu que as imagens que havia feito foram deletadas e não estavam mais na memória do seu aparelho.

Jocelma contou a reportagem, nesta terça-feira, 14, que a conduta dos profissionais de saúde foi inaceitável. A advogada ressaltou ainda, que é uma pessoa de bem que buscava atendimento para o sobrinho, mas foi destratada e conduzida à delegacia como uma criminosa.

Ela lamentou que descasos sejam uma situação recorrente com a população em setores públicos, onde deveriam ocorrer atendimento humanizado. A advogada adiantou ainda, que vai acionar a justiça por denunciação caluniosa. A Polícia Civil vai solicitar imagens das câmeras de segurança da unidade.

Ainda nesta terça-feira, 14, a reportagem procurou a assessoria de comunicação da prefeitura, mas até o fechamento desta matéria ainda não havia recebido nenhum posicionamento oficial sobre o caso.


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