Conversar sobre sexo pode salvar seu relacionamento
Por medo de encarar as dificuldades entre quatro paredes, o casal acaba criando um fantasma
Outro dia ouvi de um colega que boa parte das pessoas não se casa com os melhores parceiros sexuais que tiveram, mas com os promissores parceiros de vida.
Isso reforçaria a ideia de que sexo e amor são coisas distintas, embora as pessoas desejem que caminhem juntas. Fiquei pensando sobre isso.
Ele quis dizer que é comum as pessoas, fazendo um balanço, avaliarem que a transa fantástica da sua história não tenha sido com as(os) companheira(os).
Razões? Talvez circunstanciais mesmo, do acaso. Ou talvez alguém que valorize muito o erotismo goste de variação sexual, coisa que a monogamia do amor romântico não favoreça.
Penso que essa possa ter sido uma realidade em muitas relações e ainda vejo pessoas se unirem mais pela conveniência (material e afetiva) que o “casamento” oferece do que pela satisfação sexual.
Mas acho que isso está mudando e hoje homens e mulheres dão mais valor para a “liga sexual” no projeto a dois — o que nem sempre, diga-se, é suficiente para manter a satisfação sexual durante a convivência do casal.
Essa nova realidade garante liberdade para tratar do tema e encarar as dificuldades que aparecem. Ou pelo menos deveriam.
Quando o sexo vira um tema tabu, qualquer ajuste vai para a cucuia. Os dois sabem que está difícil ou que há alguma coisa ruim, algum problema… e simplesmente não se fala sobre o assunto.
Alguém perde o interesse no sexo, o outro se ressente, acha que não é mais amado, desejado e que está sendo traído.
Começa a buscar sinais, testar o parceiro, fica doente, carente e muitas vezes agressivo. Constrói histórias mirabolantes sobre os porquês até que começa a acreditar nelas e a reagir com o outro baseado em suas próprias convicções.
Vai ver que o inapetente estava só passando por uma fase ruim, ou com grilos em sua autoestima sexual. Mas, como não trataram do assunto, as coisas tomaram proporções monstruosas e o momento de intimidade ficou tenso, inapropriado, desconfortável. Muitos casais se afastam assim.
Frases irônicas e agressivas delas às vezes estão encobrindo raivas e insatisfações sexuais — como uma transa sem carinho que vai direto para a penetração ou pouca dedicação ao prazer da parceira. E, claro, assim também os homens atacam suas parceiras.
Certa vez, um homem revelou que estava ressentido porque a mulher havia parado de fazer sexo oral nele. Ele desenvolveu uma crença sobre isso: ela não gostava de seu pênis.
Descobrimos depois que o problema era o condicionador de cabelo que ele passava nos pelos pubianos, para ficarem mais macios (achando que seria mais agradável para ela). Bingo: o cheiro, doce demais, a nauseava. Ela havia ficado “sem graça” de dizer.
Dá para imaginar que essa falta de informação custou ao casal, além de fantasias de rejeição e autoimagem corporal comprometida, dois anos de sexo oral?
Portanto, querido, na dúvida, trate de colocar o assunto na pauta do dia.
Fonte: IdeiasVip