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Falta dinheiro para o seu negócio? Microcrédito pode ser alternativa

20/09/2017 - 09h29

Linha oferece juros mais baixos, mas tomador precisa necessariamente investir em seu negócio; empréstimos são individuais ou para grupos de microempreendedores

Com o desemprego ainda elevado, o número de pessoas criando pequenos negócios está crescendo no Brasil. Muitos microempresários precisam de dinheiro, mas têm dificuldades em obter crédito nos bancos nas linhas oferecidas a empresas. No entant

o, há opções de financiamento específicas para pequenos negócios, formais ou informais.

O microcrédito é um tipo de financiamento voltado para pequenos empreendedores, que não tem o mesmo acesso ao sistema financeiro como as grandes empresas. A linha é caracterizada por empréstimos de pequeno valor e com taxas de juros menores que os produtos bancários mais conhecidos. O juro médio é regulado por lei e não pode exceder 4% ao mês.

Para ter acesso, o empresário não precisa oferecer algo como garantia, mas o dinheiro emprestado deve, necessariamente, ser aplicado no negócio, seja como investimento ou capital de giro. É possível tomar o crédito de maneira individual ou em grupo, com pagamentos em conjunto.

Além disso, as instituições financeiras que concedem o empréstimo prestam ao cliente uma espécie de consultoria de negócios, como forma de acompanhar o empreendimento.

Modalidade é pouco conhecida

Em 2003, foram feitas alterações na legislação referente ao microcrédito que reduziram o custo para os bancos concederem empréstimos nessa modalidade, como forma de estimulá-la. Mesmo assim, ela continua pouco conhecida, comenta José Neto, vice-presidente da Associação Brasileira de Entidades Operadoras de Microcrédito e Microfinanças (ABCRED).

“Isso é uma realidade no Brasil: as pessoas, pelo desconhecimento do microcrédito, acabam indo para linhas tradicionais dos bancos, fazendo a opção pelo crédito pessoal, por exemplo, que é mais caro e não tem acompanhamento”, diz Neto.

Segundo ele, a taxa média de juros do microcrédito ao mês é de 3,5% a 4%, abaixo do juro praticado nas linhas de crédito pessoal.

Pequeno negócio

A confeiteira Reinilda Maria dos Santos e Silva, que tem 46 anos e já tomou empréstimos nas linhas de microcrédito algumas vezes, conta que conheceu a modalidade porque “uma amiga tinha ouvido falar”, em 2008, quando vendia doces na rua.

“Eu nem sabia o que era empreender. Só pensava ‘estou desempregada e preciso pagar o aluguel’”, lembra ela.

Foi quando ela tomou o primeiro empréstimo, no valor de R$ 300, e usou na compra de ingredientes para fazer mais doces para vender. Ela aproveitou ainda o dinheiro para comprar lingeries para revender, como forma de acelerar seu projeto de abrir uma loja física. “Para conseguir esse dinheiro, eu teria que trabalhar mais e procurar outro meio. Peguei o microcrédito, aumentei a produção e investi também em lingerie”, resume.

Reinilda conseguiu abrir sua loja, a Renna Maria Doces e Salgados, em 2009. O estabelecimento fia em Santo André (SP), e funciona até hoje. De lá para cá, ela recorreu ao microcrédito mais algumas vezes, sempre em grupo. Ela diz que prefere tomar o empréstimo a ficar sem capital de giro. “É mais vantajoso.”

O que oferecem os bancos

José Neto afirma que instituições financeiras menores são as mais procuradas por pequenos empreendedores que buscam o microcrédito. Foi o que fez Reinilda, que é cliente do Banco do Povo Crédito Solidário (BPCS). “Sempre que preciso, vou lá mesmo, a taxa de juro é bem mais em conta. É bem mais prático que ir em banco.”

Mas os grandes bancos também oferecem produtos de microcrédito, com taxas menores e acompanhamento do empreendedor.

O Santander, por exemplo, investiu recentemente na renovação de sua linha de microcrédito, lançada em 2002, e que em julho ganhou o nome de Prospera. Até agora, o banco acumula R$ 4 bilhões em desembolsos de microcrédito. No primeiro trimestre de 2017, as concessões cresceram quase 13%.

Tiago Abate, superintendente de microcrédito do banco, explica que os agentes procuram pessoalmente os potenciais clientes do microcrédito, e também prestam o serviço de acompanhamento do negócio. “Diferente do empréstimo comum, em que o cliente tem que procurar o banco, o microcrédito eu que vou atrás. A gente vai entrando nessas comunidades, vê uma loja de roupas, por exemplo, se apresenta e pergunta se tem interesse.”

O Itaú lançou sua linha de microcrédito em 2002, e tem operações em São Paulo e no Rio de Janeiro. O banco oferece empréstimos a partir de R$ 400 e com taxas próximas a 4% ao mês – menores que os 6,37% da média dos empréstimos pessoais.

“É direcionado a pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem a uma atividade produtiva de comércio, indústria ou serviços. O empreendimento pode ser formal ou informal e são, por exemplo, costureiras, borracheiros, vendedores de cosméticos e pequenos comerciantes”, explicou o banco em nota.

Já o produto do Banco do Brasil é o Microcrédito Produtivo Orientado, lançado em 2011 e que já emprestou R$ 6,8 bilhões. A linha, que tem taxas de juros próximas a 3% ao mês, busca atender até clientes não bancarizados, por meio de uma conta com cartão pré-pago.

“Na fase de acompanhamento, os agentes buscam a integração com o cliente, visando a continuidade das orientações e a concessão ou renovação do crédito, à medida de suas necessidades”, acrescenta João Pinto Rabelo Júnior, diretor da área de Governo do BB.

O Bradesco também possui o MicroCrédito Produtivo Orientado, voltada somente a empreendedores individuais. Segundo o banco, além do empréstimo a taxas mais baixas, o serviço inclui “direcionamentos importantes para quem está começando ou necessita de uma orientação financeira, controle de gastos e fluxo de caixa”.

Fonte: G1.Bahia


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