Faltam 7 dias para a Copa do Fim do Mundo da Fifa!
[A. Zarfeg]
O futebol e o carnaval constituem o ponto alto da brasilidade, esse sentimento que nos faz um povo especial e único ao sul do Equador. Aliás, somos universais até nas coisas mais “sui generis”, como a corrupção retumbante e a cordialidade sob medida.
O futebol é a paixão número um dos brasileiros. Trata-se de uma vocação atávica, diária e irracional. Os brasileiros, ao que parece, já nascemos predestinados às polêmicas futebolísticas. Por isso somos uma bola desesperada mirando alguma trave perdida no horizonte. Mas, com relativa facilidade, a gente consegue acertar o alvo. Pois aprendemos como ninguém a manejar a pelota, tornando-nos campeões nessa categoria. Além do mais, temos Neymar Júnior, que vai comandar a conquista do hexacampeonato e, agora e sempre, contamos com a genialidade do rei Pelé.
Outra grande paixão dos brasileiros é o carnaval, festa pagã que inventamos para cantar a carne e o espírito festeiro. Sambando ao som da bateria ou do trio elétrico, transcendemos o lugar-comum numa demonstração barroca do melhor da nossa cultura popular, com a bênção de Momo e Baco. Dessa maneira, a nossa fantasia carnavalesca apresenta-se imbatível, aliada aos quesitos originalidade, sensualidade e cinismo deslavado.
(A propósito, quem escreveu que a avacalhação sexual foi a única contribuição brasileira para a história da humanidade, não cometeu nenhum disparate. Pelo contrário. Na obra de Gilberto Freyre há argumentos sociológicos e históricos de sobra para abonar tal afirmação.)
O Brasil é o país do futebol e do carnaval, ponto. Estamos anos-luz de ser o país da ciência, da filosofia ou mesmo da literatura. Tampouco vislumbramos uma nesga que seja de consciência política que possa ser traduzida em ganhos para a nossa gente, tão carente das garantias mínimas da cidadania. Gostamos mesmo é de festa, ritmo e alegria, seja na avenida ou no campo de futebol. Isso nos basta. Assim nos fizemos povo. Nação brasileira. Foi cantando o nosso sincretismo cultural que viramos Brasil; foi dançando, através dos séculos de dores e misérias, que nos fizemos fortes e sensuais. Graças a isso, os gringos se dizem cada vez mais apaixonados pelo nosso jeitinho verde-amarelo de ser.
Agora, se me dão licença, preciso continuar a contagem regressiva: faltam 7 dias para a Copa do Fim Mundo da Fifa!