Destaque

México procura sem descanso por sobreviventes após terremoto

21/09/2017 - 17h44

Os trabalhos de resgate prosseguem sem descanso na capital mexicana nesta quarta-feira (20), na esperança de resgatar com vida pessoas presas sob os escombros de uma escola, que ruiu com o violento terremoto da véspera, no qual morreram ao menos 233 pessoas.

Em meio às ruínas da escola Rebsamen, onde morreram 21 crianças e cinco adultos, os socorristas conseguiram localizar com um escâner térmico uma menina e outras cinco crianças.

“Vi cinco crianças vivas, mas estão presas em uma teia de vergalhões”, disse à AFP um socorrista da Defesa Civil, que pediu para não ter o nome revelado.

“Será um trabalho delicado cortar os vergalhões sem machucar as crianças. Os aparelhos mostram que suas batidas cardíacas estão fracas”, advertiu o socorrista.

Até agora, 11 crianças e pelo menos uma professora foram retirados com vida da escola que desabou.

Enrique García, outro socorrista da Defesa Civil, já havia revelado à AFP a presença de três ruídos em pontos distintos dos escombros. “Estão presos entre duas lajes e a remoção é algo muito delicado, quase a cinzel.”

“Estamos muito, muito perto de pessoas que podem estar vivas. Estamos trabalhando com câmeras térmicas e unidades com cães”, disse à AFP por telefone Pamela Díaz, padeira de 34 anos, que desde a terça-feira trabalha no resgate.

Segundo o último boletim oficial, o terremoto de 7,1 graus deixou “102 mortos na Cidade do México, 69 no Estado de Morelos, 43 em Puebla, 13 no Estado do México, 5 em Guerrero e um em Oaxaca, totalizando 233”.

O presidente Enrique Peña Nieto visitou nesta quarta-feira a cidade de Jojutla, uma das mais atingidas pelo terremoto, no Estado de Morelos.

“Será preciso que a comunidade se envolva nos trabalhos de reconstrução. É importante que sejam parte deste esforço coletivo”, disse Peña Nieto, que decretou três dias de luto nacional.

Busca dolorosa

Nas ruas da Cidade do México, dezenas de pessoas esperam, angustiadas, notícias de seus parentes ainda desaparecidos.

No bairro Condesa, Karen Guzmán está sentada em uma banqueta, de costas para um dos prédios desabados, porque não suporta ver os trabalhos de resgate de umas 30 pessoas que poderiam estar vivas sob os escombros.

Ao seu lado, há dois postes onde foram colocadas as listas de pessoas resgatadas, atualizada de tempos em tempos, mas nelas não aparece o nome de seu irmão Juan Antonio Guzmán, 43, um contador que estava no último dos quatro andares do prédio de escritórios.

“Minha mãe está procurando por ele em hospitais, porque não confiamos nessas listas. Às vezes acho que ninguém sabe nada”, diz ela, em um vai e vem de desesperança e raiva.

“Tem que estar vivo, eu sei que vão tirá-lo”, acrescenta com um fio de voz.

Muito perto dela, Marta Laura Hernández, 39, aguarda notícias do pai de seus três filhos, de 6, 7 e 13 anos.

“Um de seus colegas já me disse que viu que ele não conseguiu sair e que ficou preso junto com outras 50 ou 60 pessoas, me contou também que o edifício desabou quase no início do sismo, foi algo repentino”, chega a dizer, antes de cair em prantos.

Enquanto os parentes vão e vêm entre vários hospitais, nas redes sociais se organizam brigadas de voluntários com bicicletas, motocicletas e a pé, que pedem donativos: máquinas para remover os grandes pedaços de cimento e remédios, de analgésicos a morfina e oxigênio.

Edifícios em ruínas

Na Cidade do México desabaram 39 edifícios, segundo o prefeito Miguel Ángel Mancera, que assegurou que salvo em uns cinco, onde se determinou que não há pessoas presas, os trabalhos de resgate permanecem.

O prefeito destacou que pelo menos 40 pessoas foram socorridas com vida de dois dos edifícios que ruíram e que umas 600 construções serão revisadas para verificar o estado de suas estruturas.

Após o sismo de terça-feira, com 7,1 graus de magnitude, foram registradas várias réplicas.

“Se não se sentem seguros, a recomendação é não ficar na residência”, advertiu Carlos Valdés, diretor do Centro Nacional de Prevenção de Desastres (Cenapred).

As aulas foram suspensas até novo aviso, enquanto empresas e escritórios públicos trabalham com pessoal essencial.

A energia elétrica foi quase toda restabelecida na Cidade do México, assim como nos estados vizinhos de Morelos e Puebla, onde também prosseguem os trabalhos de resgate.

Solidariedade internacional

Ao término da audiência geral desta quarta-feira no Vaticano, o papa Francisco manifestou sua solidariedade aos mexicanos.

“Neste momento de dor, quero manifestar minha proximidade e oração a toda querida população mexicana”, declarou Francisco, em espanhol.

A União Europeia também expressou suas condolências e ofereceu ajuda de emergência.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou suas “condolências pela perda de vidas e danos” e ofereceu o envio de equipes de busca e resgate, “que estão sendo mobilizadas no momento”, informou a Casa Branca.

Na Assembleia Geral da ONU, o chanceler mexicano, Luis Videgaray, tomou a palavra para agradecer e informar que a ajuda internacional está a caminho.

Chile e El Salvador enviaram os primeiros contingentes de socorristas.

O México fica entre cinco placas tectônicas e é um dos países com maior atividade sísmica no mundo.

Em 7 de setembro, um terremoto de magnitude 8,1, o mais forte em um século no México, deixou 96 mortos e mais de 200 feridos no sul do país, especialmente nos estados de Oaxaca e Chiapas.

Em 19 de setembro de 1985, a capital ficou parcialmente destruída por um terremoto de 8,1 graus que deixou mais de 10.000 mortos.


Deixe seu comentário