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MPF proibiu vacina contra HPV em todo o país? Não é verdade!

03/10/2017 - 08h29

Com mais de 200 mil compartilhamentos em 10 dias, uma mensagem que circula no Facebook afirma que o MPF proibiu a vacina HPV em todo o país. Não é verdade.

A falsa notícia, que também repercute no WhatsApp, apresenta uma contradição já no título, porque não cabe ao MPF tal proibição. O órgão pode, no máximo, pedir à Justiça que proíba.

Isso, de fato, foi feito. A mensagem falsa, portanto, usa como base parte de uma notícia verdadeira, publicada em 2015, quando o MPF em Uberlândia (MG) pediu a suspensão da vacina. O pedido, no entanto, foi negado pela Justiça Federal em 27 de abril deste ano. O Ministério da Saúde diz que a vacina continua disponível para toda a população-alvo.

Veja o que diz a falsa mensagem:

Alerta aos pais: MPF proíbe a vacina contra o HPV, que pode deixar seus filhos debilitados por toda a vida ou até mesmo levá-los à morte por conter metais pesados, vírus transgênicos e conservantes, além de destruir a capacidade natural do indivíduo. NÃO VACINE SEU FILHO CONTRA O HPV porque por trás disso, esconde-se uma máfia que só visa lucrar com isso.

No pedido feito pelo MPF em 2015, o autor da ação, o procurador da República Cléber Eustáquio Neves, fundamentou o pedido dizendo que não foram realizados estudos que comprovem a eficácia ou apontem os efeitos colaterais da vacina, incluída no calendário anual de imunizações da população brasileira.

A juíza rebateu o argumento em sua decisão. “Diante da fragilidade das alegações relativas a eventuais efeitos colaterais e levando-se em conta as milhares de doses já aplicadas na população brasileira desde 2011, observo que os poucos relatos apresentados, sem prova científica de que a vacina teria causado efeitos colaterais, não são suficientes para amparar a pretensão ministerial de suspender a aplicação da vacina contra HPV em todo o território nacional”, afirmou Anna Cristina Rocha Gonçalves.

Veja o que diz o Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde informa, em nota, que são equivocados, sem nenhuma comprovação científica e, até mesmo, nocivos à saúde da população os boatos divulgados pelas redes sociais sobre a vacina de HPV ofertada no Sistema Único de Saúde (SUS). A nota diz que “não há suspensão do uso da vacina e que a população-alvo, definida pelo Ministério da Saúde, pode se dirigir às 36 mil salas de vacina para serem vacinadas”.

O órgão ressalta que a vacina disponibilizada é a mesma utilizada em mais de 130 países, com mais de 200 milhões de doses distribuídas, fazendo parte de mais de 80 programas nacionais de imunizações, e que sua segurança e eficácia contra os tipos mais incidentes de HPV ligados ao câncer estão estabelecidas e amplamente reconhecidas.

Segundo o Ministério da Saúde, “em 20 anos de investigação e estudo, o Comitê Consultivo Global da Organização Mundial da Saúde para Segurança da Vacina (GACVS/OMS) não encontrou qualquer problema de eficácia e segurança com as vacinas HPV, tendo emitido vários relatórios a este respeito”. “A maioria dos eventos adversos encontrados são apenas reações locais, sem registro de óbitos associados. “

A nota diz que a OMS, inclusive, conclamou em maio desse ano, no último Position Paper (OMS, 2017), os países a implantarem essa vacina em seus programas de imunizações.

No Brasil, de acordo com o ministério, a Sociedade Brasileira de Imunizações, a Sociedade Brasileira de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Infectologia e Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia e a Sociedade Brasileira de Reumatologia recomendam a vacinação e corroboram com a eficácia e segurança da vacina.

O Ministério da Saúde informa ainda que qualquer medicamento/vacina comercializado no país passa por um rigoroso processo de análise de qualidade, eficácia e segurança junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E diz que a Anvisa só libera o registro para algum medicamento e/ou vacina mediante testes qualificados que garantam a segurança e eficácia do produto.

Fonte: G1


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