Mucuri

Mucuri suspende festa de Réveillon para priorizar serviços essenciais e servidores em ano de forte impacto financeiro

22/12/2025 - 21h21

A Prefeitura Municipal de Mucuri anunciou oficialmente que não realizará a festa de Réveillon 2025/2026, uma decisão dura, mas inevitável diante do cenário financeiro mais crítico já enfrentado pelo município. A administração explica que a suspensão da festa não se trata de falta de vontade, mas de falta de condições, num contexto de quedas sucessivas de receitas e forte abalo nas finanças públicas. Além disso, as transferências que sustentam a máquina municipal, como ICMS e ISS, tendem a despencar, agravadas pelas mudanças implementadas pela Reforma Tributária (RT), cuja transição se inicia em janeiro de 2026 e prejudicará profundamente a cidade de Mucuri que está dente os 58 municípios brasileiros mais afetados com as novas regras fiscais da RT e, encabeça a lista dos 7 municípios baianos mais prejudicados. Mucuri, que sempre arrecadou mais do que consome, figura entre os mais afetados pelo novo modelo, que privilegia arrecadação por consumo e população.

Diante disso, o prefeito Roberto Carlos Figueiredo Costa, o “Robertinho” (UB), foi categórico: “a Prefeitura não pode fingir que nada está acontecendo”. A decisão, portanto, visa preservar serviços essenciais. Neste ano, Mucuri terá menos festas, mas muito mais responsabilidade, organização e compromisso com o futuro, garantindo que a cidade permaneça de pé para enfrentar desafios ainda maiores que virão. “Daremos as boas-vindas a 2026, apenas nos confraternizando à beira da praia com um modesto show pirotécnico. Embora a falta de festa traga frustração, a medida é temporária e guiada exclusivamente pela responsabilidade administrativa. Quando o equilíbrio financeiro for restabelecido, as tradicionais festividades que movimentam a nossa cidade e a Costa das Baleias poderão ser retomadas”, disse o prefeito Robertinho.

O impacto da transição tributária, segundo o prefeito, atinge diretamente áreas como saúde, educação, limpeza urbana e manutenção da cidade, que já operam sob forte pressão financeira. Mesmo com ações responsáveis de gestão – como atualização cadastral de empresas, ampliação do uso de nota fiscal eletrônica, combate a desperdícios e reorganização interna -, a realidade se impõe de forma severa. Soma-se a essa crise a enxurrada de decisões judiciais que atingiram o município em 2025, resultando em bloqueios e pagamentos imediatos de dívidas históricas acumuladas por gestões anteriores. Apenas neste ano, os compromissos judiciais ultrapassaram R$ 40 milhões, valor equivalente a dois meses de arrecadação municipal. O peso dessas obrigações inviabiliza investimentos não prioritários e reforça a necessidade de escolhas responsáveis, mesmo que impopulares.

Desde 2021, a gestão atual já pagou R$ 178.342.325,40 em dívidas herdadas, mas ainda enfrenta um passivo consolidado de R$ 586.948.875,33, além de quase R$ 500 milhões em processos em andamento, que podem triplicar com correções e juros. Os números mostram que a crise não é apenas local, mas estrutural, sendo Mucuri o município baiano que mais perderá receitas com a extinção do ICMS e do ISS. Em nível nacional, mais da metade dos municípios brasileiros podem encerrar 2025 no vermelho, acumulando um déficit superior a R$ 33 bilhões. Esse cenário confirma que Mucuri não enfrenta um caso isolado, mas sim um dos quadros mais severos do país. Por isso, realizar uma festa de Réveillon custeada com recursos públicos seria, segundo a administração, irresponsável e incompatível com o momento.

A Prefeitura de Mucuri destaca que cada real gasto com estruturas e atrações artísticas retiraria recursos de áreas vitais, como medicamentos, transporte escolar, merenda escolar, manutenção de ruas e pagamento rigorosamente em dia dos servidores municipais. A prioridade é cuidar das pessoas e preparar o município para o impacto inevitável da Reforma Tributária, que exigirá união social, compreensão e participação da população. A administração reforça que todos podem contribuir emitindo e exigindo nota fiscal, valorizando o comércio local e fortalecendo a economia interna. Por fim, é simbólico que justamente o prefeito Robertinho – criador das Festas de Verão de Mucuri em 1995 e responsável por projetar o município no calendário turístico nacional com grandes eventos durante todas suas gestões – seja hoje o gestor obrigado a tomar a decisão inversa: cortar gastos festivos para proteger a cidade. Em quatro mandatos, o prefeito Robertinho jamais fez empréstimos ou endividou a Prefeitura Municipal, mantendo histórico de gestão fiscal exemplar, mas agora enfrenta o peso de dívidas acumuladas por administrações passadas. Cancelar o Réveillon, portanto, não é apenas um ato administrativo, mas um gesto de maturidade pública, priorizando o essencial diante do supérfluo.


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