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Polícia investiga golpe envolvendo compra e venda de rim na Bahia

09/03/2018 - 14h48

Está a fim de ganhar US$ 500 mil? Convertendo, dá algo em torno de R$ 1,6 milhão. Além do dinheiro, há uma viagem para outro país sem precisar se preocupar por passagens ou hospedagem. Mas a proposta não é à toa – e a viagem não é de férias. O objetivo é salvar a vida de alguém que pena na fila do transplante. E aqueles US$ 500 mil é o que se paga por um órgão. Seu rim, mais especificamente. Você tem dois, né? Não deve ter problema. E aí, topa?

Traduzida em bom português, essa é a proposta feita na última segunda-feira (5) num grupo do Facebook sobre transplantes na Bahia. O autor do texto é um rapaz chamado Craig Jonhson, supostamente da Nigéria, interessado em comprar um rim. Ele fez a proposta para os cerca de 40 mil membros da página “Transplantes Bahia”. Somente no estado, há 838 pessoas esperando por um rim e, no ano passado, 1.131 morreram enquanto aguardavam pelo órgão. Uma pessoa chegou a se interessar e se colocou à disposição para vender o órgão.

Virou caso de polícia. As imagens com a proposta de Craig Jonhson foram levadas ontem ao Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meios Eletrônicos (GME), da Polícia Civil da Bahia, que vai investigar. É que a página onde a proposta de compra do ruim foi feita pertence à Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). A coordenação de comunicação digital da pasta desativou os comentários e excluiu a postagem, depois de dois dias.

De acordo com o delegado João Cavadas, que coordenada a GME, a linha de investigação é de que se trata de uma tentativa de estelionato, e não de tráfico internacional de órgãos.

“Na maioria das vezes não existe a comercialização do órgão propriamente dito. O que existe é um golpe, um estelionato. O autor da oferta pede um valor antecipado para que o fato seja consumado. Isso funciona com veículo, com passagem aérea, ofertas para comprar carro com 50% de desconto”, cita Cavadas.

“O objetivo maior é ludibriar a pessoa, para que ela faça um pequeno depósito e, assim, levar o dinheiro”, explicou.

E é exatamente isso que a proposta inclui: um pagamento antecipado de R$ 400 para um cadastro na Fundação Nacional do Rim (NKF). Esse é o primeiro registro de tentativa de estelionato com venda internacional de órgão, de acordo com o delegado, feito na Bahia. Após receber a denúncia da Sesab, a delegacia solicitou dados cadastrais de Craig Jonhson. Os próximos passos são quebrar o sigilo judicialmente e identificá-lo através do IP.

Cavadas ressaltou que há a possibilidade de Craig não ser da Nigéria – e nem ter essa identidade. “Essas pessoas se escondem através de provedores hospedados na Ásia, para dificultar a identificação”, disse. A orientação para a população é que “não fiquem assustados, porque (o tráfico de órgãos) não procede”. “Não cliquem, não façam cadastros, não mandem e-mails. Isso não existe e, além de ilegal, será vítima de estelionato”, explicou.


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