Projeto Luzes de Teixeira ilumina, mas não liberta os teixeirenses
As luzes de Natal, que geralmente intensificam o sentimento dos homens, ornamentam o centro da cidade de Teixeira de Freitas. Este ano, entretanto, o colorido deslumbrante, no mínimo, ensaia a intenção de camuflar as artérias, as aurículas e os ventrículos já comprometidos do coração teixeirense.
Apesar dos visitantes se extasiarem diante do aparente espírito natalino, o som da máquina administrativa do município pulsa eruginoso e rouquenho no seio da consciência do povo teixeirense. O manto cristalino do Natal, com suas vilas enigmáticas, não está conseguindo encobrir as engrenagens corroídas que, na gestão atual, se enferrujaram em definitivo.
O gestor, que pelo visto só perderia para Duda Mendonça, com o brilho ilusório das diversificadas luzes, tenta ofuscar a péssima infraestrutura da cidade, o asfalto deteriorado, o trânsito caótico, a violência que cresce assustadoramente e a saúde cambaleante e de muletas. A beleza das praças dos Leões, da Bíblia e do Shopping é superficial, um engodo fugaz e intermitente como o frágil pisca-pisca multicolorido que desaparecerá antes do surgimento de 2014.
Quando as luzes se apagarem e a linda cortina de neve desnudar a cidade, os acessórios do Natal serão lembrados apenas para manter acesa a fugitiva chama da esperança entre os teixeirenses, que enfrentam diariamente os problemas de uma administração que permaneceu, durante um ano, sentada no trenó, esperando a chegada do bom velhinho.
O projeto Luzes de Teixeira deixou a cidade com ares de grandiosidade – disso ninguém duvida –, tudo foi transformado em um clima de tranquilidade, onde as ilusórias luzes têm a pretensão de fazer entender que as veias e artérias estão desobstruídas, enquanto que, na verdade, o sofrido coração teixeirense permanece em coma profundo e sem vaga na UTI para socorrê-lo.
As vilas de Noel e de Nazaré seriam, sem dúvidas, um presente merecido pelos teixeirenses, não fosse a intenção de camuflar a incompetência administrativa implantada há quase um ano nos quatro cantos do município. Mas, o que nos conforta é saber que somente as crianças podem observar as Luzes de Teixeira sem retorcer a racionalidade e refletir acerca da infinita lista de problemas graves com os quais o cidadão é obrigado a conviver no seu árduo dia a dia.
Enquanto os olhos se enchem de encantamento com o Natal das Luzes, nos bastidores, a atual gestão permanece enferma, gritante por uma solução eficiente e capaz de mudar o rumo de uma história que, inicialmente, pareceu promissora, quando o cidadão teixeirense elegeu o cardiologista João Bosco como novo prefeito. As velhas articulações que dominavam e engoliam as possibilidades de um futuro próspero, infelizmente, renasceram e tentam adulterar a verdadeira realidade política de Teixeira de Freitas.
Autênticas luzes – não as da enganação – precisam penetrar no coração do povo, que é quem, na verdade, com a precisão de um cateter, deve desentupir veias e resolver os problemas das engrenagens que dão vida à cidade que um dia foi chamada de princesinha do extremo sul.
Por Edelvânio Pinheiro/Radar58