Russos protestam contra eleição; líder da oposição é detido
Milhares de pessoas atenderam neste sábado à convocação de grupos opositores na Rússia para sair às ruas de Moscou em protesto contra o resultado das eleições presidenciais do último dia 4, vencidas pelo atual primeiro-ministro do país, Vladimir Putin, mas consideradas fraudulentas pelos críticos. O líder do movimento oposicionista russo Frente de Esquerda, Serguei Oudaltsov, e cerca de dez manifestantes foram detidos durante o protesto constataram jornalistas da AFP.
O movimento teve início às 13h00 locais (07h00 de Brasília) na avenida Novo Arbat, em pleno centro da capital. A Prefeitura havia autorizado 50 mil pessoas e mais de 2.500 policiais foram mobilizados. Segundo diferentes fontes, a manifestação reuniu entre 10 mil e 25 mil pessoas.
Os organizadores montaram uma tribuna na rua Novo Arbat. Centenas de bandeiras e cartazes refletem a rejeição dos ativistas a reconhecer Putin como o legítimo vencedor das eleições presidenciais.
Os discursos na tribuna são feitos não apenas pelos líderes opositores, mas também por observadores eleitorais que expõem os numerosos casos de fraude durante a votação, na qual Putin obteve 63,60% dos votos já no primeiro turno.
“Com as provas na mão, demonstrarão que as eleições não foram limpas. Houve fraudes em massa”, exclamou o político opositor Vladimir Richkov, citado pelas agências de notícias russas.
Durante seu discurso no comício, ele disse que “as autoridades realizaram pequenas concessões, mas não estão dispostas a repetir as eleições parlamentares e presidenciais”.
“Elas nos jogam na cara que não temos nenhum programa ou reivindicação concreta. Isso é mentira. Temos exigências claras: reforma política, tribunais independentes, eleição geral de governadores, desaparecimento da censura e novas eleições”, acrescentou.
Richkov propôs um abaixo-assinado com 100 mil assinaturas para proteger os direitos dos presos políticos, cuja libertação é uma das principais demandas da oposição mais radical ao Kremlin.
A polícia de Moscou, que mobilizou 2,5 mil homens para garantir a segurança na área do protesto e advertiu aos organizadores contra as tentativas de alterar a ordem pública, denunciou neste sábado que alguns grupos preparam atos de provocação, como a instalação de barracas.
Na segunda-feira passada, centenas de ativistas foram detidos, entre eles vários dos líderes da oposição radical ao Kremlin, por se negarem a abandonar a praça Pushkin após um protesto pacífico.
Segundo a imprensa, a manifestação deste sábado é crucial para avaliar a capacidade de convocação da oposição, pois até o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, parabenizou Putin pela vitória eleitoral, neste mesmo sábado.
O próprio Putin – cujo mandato como presidente expira em 2018, mas com possibilidade de reeleição – admitiu a existência de algumas irregularidades no pleito. No entanto, ele considera incontestável sua vitória.
Com informações de Agências Internacionais