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“Foi um dos melhores. Vamos casar”, diz mulher sobre namorado condenado por tentar matá-la

30/01/2020 - 17h38Por: Bell Kojima

Micheli Schlosser e Lisandro Rafael Posselt

Um fato inusitado marcou o juri ocorrido nesta terça-feira, 28 de janeiro, no salão do Fórum da Comarca de Venâncio Aires. Durante a sessão a mulher, vítima de tentativa de feminicídio, abraçou e beijou o homem que lhe atingiu com cinco disparos de arma de fogo. Ao fim, o réu foi condenado a 7 anos de prisão em regime semiaberto e poderá responder em liberdade por não ter antecedentes criminais.

Em conversa com a reportagem do Grupo Independente, Micheli Schlosser ,25 anos, se disse satisfeita com a decisão do magistrado e que pretende retomar o relacionamento.

Daqui em diante vamos conversar, tentar se acertar, ter a nossa casa, casar e construir o nosso próprio negócio”, concluiu.

Segundo ela, a iniciativa de beijar o homem durante o juri já havia sido pensada e era algo que “queria muito”.

A mulher inclusive já teria solicitado para visitar o seu ex-companheiro na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires, onde ele estava preso. A aproximação entre a vítima e o acusado não foi autorizada, pois Micheli tinha medidas protetivas contra o autor do crime, Lisandro Rafael Posselt, 28. Desde então ambos não tiveram mais contato.

De acordo com o juiz presidente da sessão, João Francisco Goulart Borges, logo que entrou no plenário, Micheli pediu autorização para beijar o acusado, o que não foi permitido. No entanto, logo depois de prestar seu depoimento, a vítima foi em direção ao réu e o beijou.

Me surpreende uma mulher vítima de 5 tiros ter esse desejo, de manter uma relação, um contato, com o autor do crime. É surpreendente”, definiu o juiz.

Segundo ele, o fato do acusado ter sido mantido sobre custódia, anula a possibilidade da mulher ter agido sobre uma ameaça de Lisandro Rafael.

O crime aconteceu no início da noite do dia 11 de agosto de 2019, nas imediações da Igreja Matriz, no Centro de Venâncio Aires. Naquele dia, o então casal, que tinha um relacionamento de 1 ano e 6 meses, almoçou junto na residência de uma familiar do acusado.

No final da tarde eles voltaram a se encontrar, para tomar chimarrão e sorvete. Durante a programação, ela teria visto mensagens de uma outra mulher do celular do companheiro. A situação gerou uma revolta na vítima, que passou a provocar o indivíduo.

Eu falei que iria ficar com os amigos dele e que iria denunciar ele por estupro”, disse Micheli.

Logo após a discussão Lisandro Rafael saiu do local a bordo de uma moto. Ele retornou instantes depois, quando a vítima entrava no carro da família. Com o uso de um revólver calibre .22, o homem disparou pelo vidro traseiro do automóvel, atingindo a companheira com 5 disparos: 2 na cabeça, 2 no braço esquerdo e 1 nas costas.

Lisandro Rafael Posselt

Não houve perfuração no corpo da vítima pelos projéteis porque a munição utilizada estava carregada com uma quantidade reduzida de pólvora. Na ocasião, a jovem foi levada para atendimento no Hospital São Sebastião Mártir.

Em relato para a reportagem, após o termino da sessão do juri, Micheli disse acreditar que as ofensas foram suficientes para a ação, que ela resume como um fato isolado.

Conforme a vítima, até a data do crime, a relação era boa e o acusado nunca havia demostrado atos de agressividade.

De todos os homens que eu tive, foi um dos melhores. Não posso reclamar, ele não é uma pessoa ruim. Me tratava de forma melhor impossível, me levava para tudo que é lugar. Eu era uma rainha para ele”, afirma a vítima.

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Edição: Bell Kojima


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