Jovem achada ‘concretada’ na parede lutava contra as drogas, afirma mãe
A mãe de Jéssica Miranda Flores (22 anos), jovem que foi encontrada morta e ‘concretada‘ em uma parede em Piracicaba (SP), disse que tinha alertado a filha sobre os riscos que corria por ser usuária de drogas. Segundo a empregada doméstica Cleusa Rosa Miranda (58 anos), a filha começou a usar entorpecentes há cerca de um ano e recentemente lutava contra o vício.
“Ela estava até indo para igreja comigo”, afirmou.
Jéssica, que sonhava em fazer faculdade de jornalismo, mesmo tentando seguir o caminho da religião para se livrar das drogas se recusava a ouvir os conselhos, segundo a mãe.
“Eu tentei interná-la, mas ela não aceitava. Eu cheguei a dizer: Jéssica, para quem mexe com drogas só existem dois ‘Cs’: cadeia ou caixão”, relatou a empregada.
Antes de receber a confirmação de que o corpo achado no concreto de uma construção era o da filha, Cleusa e a família procuraram Jéssica durante cerca de um mês por toda cidade. A última vez que a empregada viu a filha foi na noite do dia 9 de setembro, por volta das 22h. A jovem estava na calçada perto de casa e prometeu à mãe que voltaria logo.
Jéssica não voltou para casa e foi vista no Bairro Vila Cristina horas depois.
“Disseram que a viram chorando no carro de um cara que era amigo dela“, contou Cleusa.
Segundo a doméstica, depois disso a jovem também foi vista saindo de um bar e entrando no carro de um cadeirante que estava acompanhado por mais dois homens.
Corpo concretado
No dia seguinte, como Jéssica não havia aparecido, a família começou a procurar pela jovem. Em 23 de setembro, moradores do Bairro Vila Cristina chamaram a polícia, pois havia um cadáver escondido dentro da parede de uma casa em construção. Conhecidos da família informaram Cleusa que o corpo poderia ser da filha dela.
“Quando me disseram eu estava trabalhando e entrei em desespero na hora.”
Cleusa entrou em contato com uma familiar que tem amigos na polícia, e disseram que era para ela ficar tranquila, pois o corpo achado era de um homem.
“Acho que fizeram isso para me tranquilizar”, disse.
Três dias depois, no entanto, a empregada recebeu uma ligação da polícia e foi chamada para fazer o reconhecimento do corpo.
Cleusa foi até o IML (Instituto Médico Legal) de Piracicaba e reconheceu as roupas da filha, mas ainda não se podia ter a certeza que era Jéssica, antes dos exames da perícia.
“Eu ainda mantive a esperança de que aquele corpo não era dela”, lembrou.
A confirmação só veio quando informaram a família que a arcada dentária era de Jéssica.
“Infelizmente era ela. É uma tragédia”, lamentou.
Suspeitos
Segundo Cleusa, a polícia investiga dois suspeitos do crime e eles já foram ouvidos. De acordo com a empregada, um dos homens chegou a procurá-la duas vezes para negar o envolvimento na morte da filha.
“Disse para ele que ele devia dar explicações para a polícia e não para mim“, contou.
A mãe de Jéssica afirmou que reza para que o responsável pela morte da filha seja punido, mas teme pela própria segurança.
“Tenho medo, eu moro sozinha e tenho medo que a pessoa que matou minha filha faça algo contra mim.”