Polícia

Jovem mata ex-namorada depois comete suicidio

25/03/2012 - 22h50

ITABELA/VIANA-ES – Um casal de ex-namorados foi encontrado enforcado na casa onde morava na manhã da última quinta-feira (22) no bairro Universal, no Município Viana, na região metropolitana de Vitória – Espírito Santo. De acordo com a Polícia Civil, as evidências indicam que o adolescente José Messias de Oliveira Filho, 18 anos, enforcou a ex-namorada, a estudante Vanessa Domingues Gonçalves, de 15 anos, e em seguida se enforcou.

O corpo de Vanessa foi encontrado na varanda dos fundos da residência, que tem dois andares. Ela estava sentada com uma corda amarrada ao pescoço. O corpo de José Messias estava pendurado pelo pescoço por uma corda em uma árvore, a poucos metros do corpo da ex-namorada.

A família da jovem contou que o casal teria se separado há 30 dias, mas Messias não aceitava o fim do relacionamento, o que pode ter motivado o homicídio seguido de suicídio.

Quem descobriu a tragédia foi um primo de Vanessa, o guarda-vidas Leandro Oliveira Gonçalves, de 17 anos. Por volta das 10h40, ele foi até a casa onde a prima vivia com o ex-namorado e mais três pessoas. Ele passou pelo portão principal e subiu a escada que dá acesso a casa. Quando entrou na sala da residência, Leandro encontrou José Messias ainda vivo, com uma Bíblia na mão. O rapaz teria apontado a passagem do livro de Eclesiastes capítulo 3, que diz: “Há tempo de matar e há tempo de curar”. Depois, disse que todos deviam ler o texto. Em seguida, José Messias convidou Leandro para ir ao supermercado onde ele trabalhava, mas voltou à residência, dizendo que ia pegar um objeto que havia esquecido.

Como José Messias demorava, Leandro foi até lá e encontrou a prima morta na varanda. O primo da jovem foi até a rua pedir socorro aos vizinhos e, quando voltou, encontrou também José Messias, já morto.

Na hora do crime, apenas José Messias e Vanessa estavam em casa. A mãe da moça foi avisada sobre a morte da filha no trabalho, em Vila Velha, e chegou a casa por volta das 13h30. A mãe da jovem estava muito abalada.

O delegado Adroaldo Lopes, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), informou que vai fazer os procedimentos necessários e encaminhar o caso à Justiça, já que os fatos estão esclarecidos.

Em depoimento, Leandro, o primo da vítima, disse: “Quando cheguei à casa deles, parecia que José Messias não queria que eu entrasse. Tenho certeza de que nessa hora ele já tinha matado minha prima. Ele me chamou para ir ao supermercado onde ele já trabalhou como repositor. Quando estávamos descendo as escadas, ele disse que tinha esquecido uma coisa e que ia voltar lá dentro para buscar. Antes de voltar, ele me deu a Bíblia, apontou a passagem do livro de Eclesiastes, e disse que todo mundo tinha que ler. Em seguida, ele subiu e eu fiquei esperando na escada. Como ele estava demorando, resolvi subir para chamá-lo. Quando cheguei à varanda, vi minha prima morta, mas não o vi. Saí correndo para pedir socorro aos vizinhos, que me ajudaram a chamar a polícia. Quando voltei lá dentro, vi o corpo dele pendurado na árvore. Foi difícil acreditar no que eu estava vendo”.

“Crime foi planejado”, diz o primo da vitima Leonardo.

O jovem José Messias de Oliveira Júnior, 18 anos, já planejava matar Vanessa Domingues Gonçalves, 15, e se matar. A afirmação é do primo de Vanessa, Leandro Oliveira Gonçalves, 17. Há aproximadamente um mês, o rapaz escreveu uma carta em duas folhas e entregou à ex-namorada. O texto anunciava uma tragédia. “Na carta, ele dizia que ia fazer uma coisa que ia deixar todo mundo chocado. Que ia ter uma catástrofe e que três famílias iam chorar muito”.

Além da carta, outras atitudes de José Messias denunciavam que ele já tinha a intenção de matar a ex-namorada. No dia anterior ao crime, o rapaz falou com Leandro que queria adquirir uma arma.

“Quarta-feira (21) ele falou que queria comprar uma arma e há muitos dias ele vinha dizendo que ia embora para não ver o sofrimento dela. Acho que ele já estava planejando fazer isso com minha prima”.

Trecho da carta escrita por José Messias

“Eu era feliz com ela, que se chamava Vanessa Domingues Gonçalves. E que, por coincidência, eu a amo tanto quanto à minha própria vida”.

“O amor que existe em mim ou nela não acaba dessa maneira. E eu vou mostrar como é que o amor vai acabar em mim”. “Minhas coisas, quero que entreguem ao meu sobrinho”.

Vanessa Domingues e José Messias namoraram durante oito meses e estavam separados havia 30 dias. Familiares contaram que os dois se conheceram em Itabela, na Bahia, onde moravam. Há quatro meses, Vanessa foi para o Estado do Espírito Santo com a família, e José Messias foi logo depois.

Após o término do namoro, há um mês, o rapaz continuou morando na casa. “Ele não tinha para onde ir, porque a família dele é da Bahia”, contou um tio de Vanessa, o auxiliar de produção Aleonis Domingos Gonçalves, 42 anos.

Mas o tempo de José Messias ao lado de Vanessa estava para terminar, já que o rapaz havia conseguido um emprego como garçom em um hotel em Guarapari.  Ele começaria no trabalho quinta (dia do crime) e iria morar no emprego.

A mãe da estudante já havia demonstrado preocupação com o fato de Messias permanecer na casa junto com Vanessa. “Minha irmã já tinha falado que não queria que os dois ficassem sozinhos em casa”, contou o tio.

Apesar de o rapaz não ter aceitado o fim do relacionamento, o primo de Vanessa afirmou que ele não era violento com a ex-namorada. “Nunca presenciei nenhum ato de agressividade dele contra ela”, disse Leandro.

O corpo de Vanessa seria sepultado às 8h da manhã desta sexta-feira (23) em Itabela. Mas até o fim da manhã o corpo da jovem ainda não havia chegado.

O corpo de Vanessa foi trasladado para Itabela e foi sepultado neste sábado (24) no cemitério local.

Amigos do jovem José Messias de Oliveira Filho disse que ele era católico, freqüentador da igreja São José Operário em Itabela, além de ser uma pessoa muito tranqüila. “Não da nem para acreditar, é lamentável”, disse uma amiga do jovem.

Informações: Patrícia Maciel/A Gazeta


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