Mãe queima a filha de 17 anos por se casar sem permissão
Uma mãe queimou sua filha viva, há cerca de um mês na quarta-feira (08/06), por ela ter se casado sem sua permissão no Afeganistão, no segundo caso dessa natureza em duas semanas no país, informou uma fonte policial.
Zeenat Bibi (17 anos), foi envolvida com querosene e queimada por sua mãe, Perveen Bibi, em sua casa da cidade oriental de Lahore uma semana depois que a mesma se casou sem a permissão da família, disse à Agência Efe o porta-voz policial da área, Matloob Hussain.
O porta-voz explicou que a família pediu à vítima que retornasse à casa após fugir com seu marido para realizar uma cerimônia matrimonial e que foi então quando foi morta.
Hassan Khan, marido da vítima, indicou à polícia que viu como vários familiares a agarravam enquanto a mãe jogava combustível e lhe ateava fogo.
“Ela não queria retornar para sua família porque temia que a matassem. Mas eu dei permissão depois que um de seus tios garantiu sua segurança. Deixei que fosse”, disse Khan à televisão paquistanesa “Geo”.
O marido da vítima tentou explicar a fuga, que, segundo ele, foi impedida após a família da noiva ter mentido para o casal, chamando-os de volta para uma festa.
“Depois do casamento vivemos juntos por quatro dias, e a família dela entrou em contato conosco. Prometeram que organizariam uma festa de casamento em uma semana e que depois poderíamos viver juntos”, explicou.
Há uma semana, uma professora de 19 anos foi torturada e queimada viva por um grupo de homens após rejeitar uma proposta matrimonial do filho do dono da escola onde ensinava na cidade de Murree, próxima à capital.
A jovem faleceu por causa dos ferimentos, dois dias depois da agressão, disse à Agência Efe o porta-voz policial de Murree Mubashir Hussain Abbasi.
Os chamados “crimes de honra” são muito frequentes no Sul da Ásia e costumam envolver homens de uma família que consideram uma afronta que transgride a conservadora moral familiar das sociedades locais.
Em 2015, 923 mulheres foram vítimas desse tipo de crime no país, segundo um relatório da HRCP (Comissão de Direitos Humanos do Paquistão), que adverte que esse número esconde uma realidade ainda maior que fica fora dos registros.
A comprometida cineasta Sharmeen Obaid Chinoy ganhou neste ano seu segundo Oscar pelo documentário em curta-metragem “A Girl in the River: The Price of Forgiveness“, que conta a história de uma sobrevivente de um desses “crimes de honra“.
O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, prometeu tomar medidas legislativas contra este tipo de crime após ver o documentário.