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Minas investiga veracidade dos laudos de Covid-19 em funerária com excesso de corpos

30/03/2020 - 16h13Por: Bell Kojima

O governo de Minas Gerais investiga a chegada de 41 cadáveres, em um intervalo de 48 horas, em uma funerária do bairro de Nova Gameleira, em Belo Horizonte. Segundo boletim de ocorrência da Polícia Militar (PM) obtido pelo Estado, os laudos das mortes apontam causas de insuficiência respiratória aguda, pneumonia e Covid-19, apesar de o governo mineiro não ter confirmado, até sexta-feira, 27 de março, nenhuma morte pelo novo coronavírus.

O governo de Minas admite que corpos estão sendo enterrados no Estado sem que se saiba se a morte se deu por causa da nova doença. O diagnóstico do coronavírus depende de exames laboratoriais “realizados em vida, e não de necropsia“, afirma a Secretaria de Saúde.

Após o término da contingência epidemiológica, caso a autoridade policial entenda ser necessária, a exumação do corpo a poderá ser realizada“, diz.

No dia 22 de março, a PM mineira recebeu uma denúncia anônima, em que um morador relatava a existência de corpos acumulados em uma funerária da região metropolitana de Belo Horizonte. Ao chegar ao local, a equipe do 5º Batalhão se deparou com o gerente da funerária, que narrou que, entre os dias 20 e 22 deste mês, 73 cadáveres haviam chegado com laudos da causa da morte parecidos: pneumonia ou insuficiência respiratória.

Aos militares, o gerente da funerária do bairro Nova Gameleira disse que o volume de cadáveres era “extremamente elevado para a rotina daquele estabelecimento”.

Em 30 anos de profissão nunca vi tantos corpos num curto intervalo de tempo”, afirmou.

Segundo o relatório de chegada de cadáveres da funerária, todos os corpos eram de falecidos com idade entre 49 e 90 anos de idade.

Pelo menos um dos laudos, segundo a PM, apontava a causa da morte como coronavírus. O corpo era oriundo da cidade de Betim. O governo de Minas, apesar de admitir que investiga os casos, continuou afirmando, neste sábado, 28, que nenhuma morte foi confirmada.

A Secretaria de Estado de Saúde explicou, no entanto, que a notação de Covid-19 referente a este corpo não quer dizer, necessariamente, que a causa do óbito foi por coronavírus, e sim que a morte aconteceu durante o período de pandemia.

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Justificativa

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Segundo a Secretaria de Saúde, a confusão aconteceu porque a Polícia Civil teria orientado os médicos legistas a registrarem a descrição “morte em momento de vigência da pandemia pelo Covid-19” em laudos de mortes suspeitas no Estado.

O objetivo da anotação era justificar a não realização do exame interno, no cadáver e não significa, absolutamente, que a causa da morte foi a doença“, justifica o governo, que afirma ainda que alterou a descrição de causa das mortes.

De toda forma, para evitar qualquer interpretação equivocada, alterou-se a orientação original. Não sendo possível a determinação da causa do óbito, a declaração constará, apenas, causa indeterminada e outras informações constarão no laudo de necropsia enviado à autoridade policial.

Edição: Bell Kojima


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