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Morte do jornalista Gel Lopes completa um mês sem solução por parte da polícia

28/03/2014 - 11h17
Gel Lopes

Redação, com informações do site Repórter Coragem e blog Foco no Poder

O brutal assassinato do jornalista Jeolino Lopes Xavier, conhecido com Gel Lopes, proprietário do site Porta N3, de Teixeira de Freitas, completou um mês nesta quinta-feira, 27 de março, sem que houvesse uma pista sequer de suspeito do crime. Não apenas a falta de solução do caso, mas principalmente o silêncio das autoridades policiais da cidade é motivo de críticas de lideranças políticas, jornalistas e também de parte da população teixeirense.Gel Lopes foi executado de forma cruel (4)

Muitos questionam como é que a Polícia, mesmo de posse de depoimento de testemunhas e de imagens de cinco câmeras de videomonitoramento instaladas na Praça da Bíblia, onde a vítima passou as últimas horas antes de ser morta, não tenha sequer uma pista do autor ou autores do homicídio.

Logo após o assassinato, autoridades policiais do município disseram que a Secretaria de Segurança Pública do Estado enviaria uma equipe para ajudar nas investigações. A medida ajudaria a dividir as responsabilidades da investigação, já que a Delegacia de Teixeira de Freitas está atribulada com o grande volume de trabalho que já tem normalmente. No entanto, Salvador não enviou nenhum policial para ajudar no caso.Enterro de Gel Lopes

No caso de Gel Lopes, o temor de que o homicídio caia no esquecimento é ainda mais justificada pelo fato de que a principal linha de investigação é de que tenha sido crime político, devido ao suposto dossiê sobre a atuação de uma máfia formada por empresários de outros municípios para vencer licitações em Teixeira de Freitas.Gel Lopes2

Parte da imprensa e até mesmo da sociedade questiona se existiria isenção suficiente da Polícia local, cujos delegados são nomeados pelo governo do Estado, para investigar um crime de cunho político. Muitos temem que os responsáveis pela apuração possam sofrer eventuais pressões para não revelar o verdadeiro autor do crime.Enterro de Gel Lopes4

No caso de Teixeira de Freitas, apuração é chefiada pelo delegado Marcus Vinicius, coordenador da 8ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin), que está no município há mais de 5 anos e foi nomeado pelo governador Jaques Wagner, do PT, mesmo partido do prefeito teixeirense João Bosco. Antes de ser transferido para Teixeira de Freitas, ele atuou por vários anos em Alcobaça, também no Extremo Sul. Além disso, um dos investigadores da Polícia foi candidato a vereador.Enterro de Gel Lopes3

Por isso, em visita a Teixeira de Freitas na semana passada, a ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, ressaltou a necessidade de que a apuração desse crime seja feita por autoridades de segurança de outra esfera que não a municipal. “Se nós não sairmos deste novelo local, não vamos resolver. Para que possamos resolver isso, precisaríamos sair daqui para pedir providências às autoridades de cúpula que são encarregadas dos órgãos de controle – Ministério Público, através do procurador chefe, e Polícia, através do secretário de Segurança Pública, não descartando ainda a própria Justiça, através do corregedor das cidades do interior. Todos esses órgãos de controle têm de ser chamados e colocados como responsáveis por uma investigação mais aguerrida, para que possamos paralisar esse não fazer das autoridades locais”, afirmou.

Dúvidas não esclarecidas

Gel Lopes foi morto no dia 27 de fevereiro, uma sexta-feira véspera de feriado de Carnaval. Segundo jornalistas que investigam crimes em Teixeira de Freitas e região, ainda durante o feriado de Carnaval, em conversa com o delegado que preside a investigação do caso, eles foram informados que o caso já estaria praticamente elucidado e estaria relacionado com o suposto dossiê que Gel teria feito sobre empresas de Camaçari que têm envolvimento com a Prefeitura de Teixeira de Freitas.

Na segunda-feira de Carnaval, por volta das 18h, o prefeito João Bosco teria ido até a delegacia conversar com o delegado. Segundo a assessoria da prefeitura, que na ocasião não divulgou sobre essa ida do prefeito à Delegacia, João Bosco foi pedir celeridade na apuração do assassinato de Gel Lopes. Mas não levou as imagens da câmeras de videomonitoramento que poderiam a auxiliar na elucidação, já que a central de monitoramento é subordinada à prefeitura. Essas imagens só foram entregues à Polícia oito dias depois do crime, após cobrança contundente feita pelo ex-deputado federal e presidente do Instituto Brasileiro de Defesa os Direitos Humanos, Uldurico Pinto.

Estranhamente, na Quarta-feira de Cinzas a cúpula policial da cidade desmentiu a informação de existência de suposto dossiê e de que o crime já estivesse quase resolvido. Desde então as autoridades policiais se calaram e nada mais foi dito à sociedade sobre o andamento do caso.

Recompensa

Para evitar que o caso Gel Lopes caia na vala comum dos crimes não elucidados, o ex-deputado federal e atual presidente do Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos Humanos, Uldurico Pinto, surpreendeu, durante entrevista ao “Programa do Bocão, na quarta-feira, 26, ao fazer uma proposta que costumava ser comum antigamente, quando não havia polícia para esclarecer os crimes: ele está oferecendo uma recompensa de R$ 30 mil, do seu próprio bolso, à pessoa que apresentar fitas, pen drive ou DVD contendo imagens e informações que possam ajudar a Polícia a esclarecer a morte do jornalista.

Uldurico está convicto que a resposta para chegar aos criminosos está nas imagens gravadas pelas câmeras de videomonitoramento instaladas não apenas na Praça da Bíblia, mas também as demais câmeras espalhadas pela cidade.

Segundo testemunhas, Gel Lopes foi morto por um homem que desceu de um carro de cor clara, possivelmente um Toyota Corolla, onde havia outras três pessoas. Segundo a perícia, os tiros que mataram o jornalista foram disparados por um pistola 9 milímetros.


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