Os gritos que silenciaram Felipe Lisboa foram ouvidos em todo extremo sul
Amigo, estou de volta, não como queria, mas como as armadilhas dessa vida nos proporcionaram.
Não há como não está sensibilizado, neste momento, com a dor de Valdeixo Lisboa dos Santos, o “Liliu”, e sua família. A qual na sexta-feira, 22 de julho, foram vitimas da maior atrocidade que o extremo sul já viu, quando o pequeno Felipe Gomes Lisboa, de apenas 8 anos, foi espancado a pauladas junto com seu pai.
Não há como saber o que passou na cabeça do pequeno Felipe Lisboa, no entanto, não há como não ouvir o seu grito, mesmo ele tendo sido silenciado de forma covarde, cruel e monstruosa.
A flauta de Felipe nunca mais será ouvida, mas a sua trajetória, mesmo que curta, jamais será esquecida. A angústia que ele passou deixou todo o extremo sul com o coração dilacerado.
Dilacerado pela dor de saber que um filho querido, que tudo que ele queria era seguir os passos de seu pai, teve o seu sonho interrompido; justamente ao lado do seu pai. O qual ele tanto amou e que até seu último suspiro; fez até o que não pode para salvar sua vida.
Será difícil para Liliu esquecer a fatídica tarde de sexta-feira, 22 de julho. Um dia que ele apenas fez o que seu filho queria; levá-lo para visitar sua pequena propriedade, onde o Felipe queria ver um cavalo que seu pai lhe deu.
Malditas férias que oportunizou pai e filho a fazerem um passeio, em plena tarde de sexta-feira, mas que transformaram o passeio em tragédia.
Neste momento, Liliu ainda sofre a dor dos hematomas causados pelas pauladas que os assassinos lhe deram. Mas a dor que ele jamais vai esquecer não é a dor das pauladas; é a dor de ver um filho com um futuro tão brilhante pela frente ter a vida ceifada, de forma tão prematura e cruel.
A dor hoje não é só de Liliu, é uma dor que explode no peito de todo o povo do extremo sul. Cada canto do extremo sul está neste momento ouvindo os gritos de socorro que o pequeno Felipe gritava; enquanto era espancado por seus assassinos.
Os direitos humanos não vão calar a voz do sangue de Felipe, mas com certeza vai oportunizar aos dois delinquentes juvenis a oportunidade de fazer novas vítimas, assim como fizeram com o idoso de Rancho Alegre, há pouco mais de três meses.
Aqueles dois delinquentes não foram apenas para roubar a moto que era pilotada por Liliu, mais para matar pai e filho, quis Deus, mesmo contra a vontade daqueles dois delinquentes, que Liliu sobrevivesse, não para contar a história, pois tenho certeza que ele nunca terá condições de contar uma história como essa, mais para chorar com todo o extremo sul.
Choro que os direitos humanos não vão enxugar, mas muito provavelmente vão fazer outros pais derramarem muitas lágrimas provocadas por estes e outros delinquentes juvenis. Os quais já crescem com a mente deturpada para fazer o mal.
Se os direitos humanos tivessem agido para proteger a família do idoso que foi vítima em Rancho Alegre, com certeza hoje não estaríamos chorando por Felipe.
Portanto o choro por Felipe é o choro da impunidade, é o choro de um país que tem um código penal arcaico e retrógrado, que protege os criminosos transformando-os em vítimas e as vítimas em grandes vilões.
Muitos pais ficarão com receio de passear com seus filhos, depois deste episódio, mas outros delinquentes juvenis estarão por ai à solta para fazer novas vítimas.
Nada que fizermos trará o Felipe de volta, mas o nosso clamor por justiça precisa ser ouvido pelos nossos deputados, senadores, governadores e até pelo presidente da república.
Quando o tenente matou o cachorro, o governador se pronunciou pedindo a exoneração do mesmo. Será que agora o mesmo governador vai se pronunciar pedindo punição mais severa para os adolescentes?
Jotta Mendes é radialista e repórter