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Os gritos que silenciaram Felipe Lisboa foram ouvidos em todo extremo sul

26/07/2016 - 21h00
Pensando com Coragem novo texto

Amigo, estou de volta, não como queria, mas como as armadilhas dessa vida nos proporcionaram.

Não há como não está sensibilizado, neste momento, com a dor de Valdeixo Lisboa dos Santos, o “Liliu”, e sua família. A qual na sexta-feira, 22 de julho, foram vitimas da maior atrocidade que o extremo sul já viu, quando o pequeno Felipe Gomes Lisboa, de apenas 8 anos, foi espancado a pauladas junto com seu pai.

Não há como saber o que passou na cabeça do pequeno Felipe Lisboa, no entanto, não há como não ouvir o seu grito, mesmo ele tendo sido silenciado de forma covarde, cruel e monstruosa.

A flauta de Felipe nunca mais será ouvida, mas a sua trajetória, mesmo que curta, jamais será esquecida. A angústia que ele passou deixou todo o extremo sul com o coração dilacerado.

Dilacerado pela dor de saber que um filho querido, que tudo que ele queria era seguir os passos de seu pai, teve o seu sonho interrompido; justamente ao lado do seu pai. O qual ele tanto amou e que até seu último suspiro; fez até o que não pode para salvar sua vida.

Será difícil para Liliu esquecer a fatídica tarde de sexta-feira, 22 de julho. Um dia que ele apenas fez o que seu filho queria; levá-lo para visitar sua pequena propriedade, onde o Felipe queria ver um cavalo que seu pai lhe deu.

Malditas férias que oportunizou pai e filho a fazerem um passeio, em plena tarde de sexta-feira, mas que transformaram o passeio em tragédia.

Neste momento, Liliu ainda sofre a dor dos hematomas causados pelas pauladas que os assassinos lhe deram. Mas a dor que ele jamais vai esquecer não é a dor das pauladas; é a dor de ver um filho com um futuro tão brilhante pela frente ter a vida ceifada, de forma tão prematura e cruel.

A dor hoje não é só de Liliu, é uma dor que explode no peito de todo o povo do extremo sul. Cada canto do extremo sul está neste momento ouvindo os gritos de socorro que o pequeno Felipe gritava; enquanto era espancado por seus assassinos.

Os direitos humanos não vão calar a voz do sangue de Felipe, mas com certeza vai oportunizar aos dois delinquentes juvenis a oportunidade de fazer novas vítimas, assim como fizeram com o idoso de Rancho Alegre, há pouco mais de três meses.

Aqueles dois delinquentes não foram apenas para roubar a moto que era pilotada por Liliu, mais para matar pai e filho, quis Deus, mesmo contra a vontade daqueles dois delinquentes, que Liliu sobrevivesse, não para contar a história, pois tenho certeza que ele nunca terá condições de contar uma história como essa, mais para chorar com todo o extremo sul.

Choro que os direitos humanos não vão enxugar, mas muito provavelmente vão fazer outros pais derramarem muitas lágrimas provocadas por estes e outros delinquentes juvenis. Os quais já crescem com a mente deturpada para fazer o mal.

Se os direitos humanos tivessem agido para proteger a família do idoso que foi vítima em Rancho Alegre, com certeza hoje não estaríamos chorando por Felipe.

Portanto o choro por Felipe é o choro da impunidade, é o choro de um país que tem um código penal arcaico e retrógrado, que protege os criminosos  transformando-os em vítimas e as vítimas em grandes vilões.

Muitos pais ficarão com receio de passear com seus filhos, depois deste episódio, mas outros delinquentes juvenis estarão por ai à solta para fazer novas vítimas.

Nada que fizermos trará o Felipe de volta, mas o nosso clamor por justiça precisa ser ouvido pelos nossos deputados, senadores, governadores e até pelo presidente da república.

Quando o tenente matou o cachorro, o governador se pronunciou pedindo a exoneração do mesmo. Será que agora o mesmo governador vai se pronunciar pedindo punição mais severa para os adolescentes?


Jotta Mendes é radialista e repórter



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