Polícial

Polícia Civil prende cacique e familiares acusados de espancar mulher até a morte em aldeia indígena

16/07/2024 - 19h29Por: Edvaldo Alves/Liberdadenews

Prado: Na noite de domingo, 14 de julho, um crime brutal chocou a comunidade indígena da Aldeia Corumbauzinho, no município de Prado, e teve como desdobramento a prisão de quatro pessoas na tarde desta segunda-feira (15). O indígena, Lucimar Rocha da Silva, de 40 anos, morreu em um incêndio em sua casa na noite de domingo e segundo as investigações, ele mesmo teria iniciado o fogo após uma discussão com sua companheira, Miscilene Dajuda Conceição, de 44 anos, por causa da divisão do dinheiro das vendas de artesanato.

Na ocasião, Miscilene conseguiu sair da casa a tempo, mas Lucimar, alcoolizado, não conseguiu sair e morreu carbonizado. Em represália, as investigações apontam que um irmão de Lucimar, morador da Aldeia Águas Belas, com o apoio do cacique da aldeia, do pai do cacique e do irmão do cacique, espancaram Miscilene até a morte. Testemunhas oculares relataram que Miscilene implorou por sua vida, mas foi atirada de volta para dentro da casa em chamas e espancada novamente enquanto tentava escapar.

O cacique e seu irmão ameaçavam as testemunhas para que não interferissem, dizendo que “era coisa de família”. Os quatro acusados foram presos pela Polícia Civil do Prado, com apoio da CATI/Sul da 8ª COORPIN. Eles foram identificados como, Reinaldo Rocha da Silva, o “Rener”, 45 anos; Ivail da Conceição Braz, 38 anos; Eriedson Braz da Conceição, 74 anos e Matarir da Conceição Braz, 34 anos.

Investigações e próximos passos:

O irmão de Lucimar alegou não lembrar do que aconteceu durante o interrogatório. Já os demais envolvidos negaram participação no crime. Os quatro acusados foram autuados em flagrante e aguardam audiência de custódia.

O delegado Willian está à frente do inquérito e busca reunir mais provas para encaminhar os acusados à justiça.

Declarações:

Em entrevista ao Liberdade News, o delegado coordenador, Dr. Moisés Damasceno disse tratar-se de um caso muito grave, de um homicídio bárbaro na comunidade do Corumbauzinho, em que quatro acusados foram identificados, sendo três deles da aldeia Águas Belas. “Foi um crime bárbaro, quiseram fazer justiça com as próprias mãos, e ainda de forma injusta, pois as investigações e testemunhas apontam que a mulher não foi a responsável por atear fogo na residência”, disse o delegado Moisés Damasceno.

“Os acusados são familiares da vítima e agiram de forma violenta e cruel. O inquérito está em andamento sob responsabilidade do delegado Willian para reunir mais provas e encaminhar os acusados à justiça. É realmente uma situação triste e chocante”, finalizou.

Em entrevista, a advogada Maylane Nascimento informou que os acusados são de outra aldeia (Águas Belas) e foram à Curumbauzinho após um incêndio em uma casa onde um parente deles morava, e que ao chegar, presenciaram a família da vítima do incêndio acusando a esposa de ter iniciado o fogo. Sendo assim, uma multidão se revoltou contra a mulher e a matou. “Os acusados tentaram intervir, mas foram impedidos pela multidão,” explicou a advogada.

“Eles foram presos posteriormente pelo delegado, que os acusou de cúmplice no homicídio. Os acusados estão detidos e aguardam audiência de custódia. A defesa ainda não teve acesso aos autos do processo. Meus clientes não participaram desse crime e peço que a população aguarde o andamento do processo. A gente vai provar a inocência dos acusados, e quem estiver envolvido que seja apurado e aqueles que não estiverem serão liberados”, finalizou.


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