Promotor pede reconstituição do crime para provar se policial que matou cachorro poderia ter matado vizinha
Durante a manhã de quarta-feira, 2 de setembro, houve a reconstituição do crime ocorrido no dia 13 de junho, no Condomínio Atlântico Ville, em Teixeira de Freitas, envolvendo o tenente Wilson Santos, que atirou e matou um cachorro de sua vizinha, a Dr. Bruna Holtz, enquanto ela passeava com seus cachorros, pelo fato do animal ter urinado em um gramado da vizinhança.
Essa reconstituição foi feita a pedido do promotor de Justiça de Teixeira de Freitas, Dr. Gilberto Campos, pois ele acredita que os disparos efetuados contra o cachorro poderiam ter atingido Bruna. “Os disparos foram efetuados, de forma evidente, muito próximo ao corpo da dona do animal, então o risco de se matar a mulher existe, e o que eu pedi é que isso fosse trabalhado cientificamente, para que pudéssemos ter uma evidência técnica e qual foi o risco sofrido pela senhora”, disse Gilberto.
Esse crime chocou a sociedade teixeirense e teve uma repercussão mundial, mostrando de forma negativa a Polícia Militar da Bahia.
Ainda de acordo com o promotor, durante o processo será levado em consideração o perfil do autor do crime, “evidente que a personalidade do agente é muito interessante para aquilatar o grau de responsabilidade, de culpa, de agressividade, etc., então a personalidade dele será trabalhada, não para culpá-lo ou inocentá-lo, mas para mostrar quem é a pessoa que efetivamente causou aqueles disparos”.
Atualmente, o policial foi afastado de suas funções. Ele estava trabalhando no Colégio da Polícia Militar, e respondia por processos administrativos por incidentes em questões operacionais durante o trabalho na Polícia, também de ordem comportamental. Até mesmo o governador da Bahia, Rui Costa, pediu a exoneração de Wilson, por considerar uma pessoa truculenta e que oferecia riscos à sociedade.
O perito criminal Paulo Libório, que esteve no comando da reconstituição, disse que foi feito uma medição preliminar, para entender a dinâmica da reconstituição, e agora será elaborado um croqui, no qual será verificada, cientificamente, a possibilidade dos tiros disparados atingirem a mulher.
“Houve o fato, mas não foi feito uma perícia na época, e o perito só pode trabalhar com suposições de trajetória, pois não existe a trajetória exata do disparo do atirador”, disse Libório. O trabalho está sendo elaborado com base no vídeo das câmeras de segurança.
O perito ainda deixa claro que, por enquanto, esses trabalhos preliminares mostraram somente o momento em que o policial atirou, e não inclui o momento da discussão, nem quando, após os disparos, o atirador foi atrás da mulher. “Será feito um estudo de outras partes da imagem, para saber se a motivação, junto com a posição dos envolvidos, tem alguma possibilidade da mulher sair ferida”, falou Libório.
Libório disse que não tem conhecimento de onde está a arma do policial. O perito criminal não sabe, precisamente, quantos disparos foram, mas três estojos foram apresentados, sendo que, por esse motivo, pelo menos três disparos aconteceram.
Participaram da reconstituição nessa manhã o perito Paulo Libório, o promotor Gilberto Campos e o delegado Kléber Gonçalves. Dez dias após ser entregue o croqui, será feito nova reconstituição.
Fonte Sulbahianews